23 de Novembro de 2024

Entenda como entrada da Suécia na Otan é um revés para a Rússia


Está pavimentado o caminho para o ingresso da Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O último obstáculo caiu, ontem, depois que o Parlamento da Hungria ratificou a entrada da Suécia à Otan, por uma maioria contundente de 188 votos a favor e seis contra. "Hoje é um dia histórico", reagiu na rede social X o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, "A adesão da Suécia nos tornará mais fortes e seguros", celebrou, na mesma plataforma, Jens Stoltenberg, o secretário-geral da Otan, que passará a ter 32 países-membros.

Foram dois anos até a Suécia conseguir um assento na Aliança Atlântica. A candidatura para integrar a aliança foi formalizada em maio de 2022, dois meses após a invasão da Ucrânia. A solicitação se deu ao mesmo tempo que o da Finlândia, que em abril de 2023 se tornou o 31º país membro da organização.

Os suecos, porém, enfrentaram diversas barreiras, que incluíram a difícil negociação para obter a aprovação da Turquia, num processo concluído em janeiro. Além disso, o país precisou convencer o primeiro-ministro húngaro, o nacionalista Viktor Orban, uma vez que o protocolo de adesão da organização exige a aprovação unânime de seus integrantes. "A Suécia está pronta para assumir as suas responsabilidades de segurança euro-atlântica", asseverou, ontem, Ulf Kristersson.

A solicitação da Suécia para ingressar na Otan rompeu com uma política de não alinhamento sustentada por décadas e que estava baseada na rejeição da maioria da população. A invasão russa na Ucrânia marcou uma transformação drástica na atitude dos partidos políticos suecos e na opinião pública. Em maio de 2022, a maioria do Parlamento votou a favor da adesão à Otan.

As Forças Armadas suecas dispõem de 50 mil soldados, dos quais cerca da metade é de reservistas. O primeiro-ministro declarou em janeiro, porém, que o país está disposto a fornecer tropas às forças da Otan na Letônia.

Na esfera geopolítica, após a entrada da Finlândia, a adesão da Suécia significa para Moscou que o Mar Báltico está, agora, rodeado por países integrantes da aliança militar.

No início da sessão do Parlamento húngaro, Orban elogiou a visita a Budapeste do premiê sueco, na última sexta-feira, que contribuiu, segundo ele, para a construção de "uma relação justa e respeitosa entre os dois países" para além das "divergências de opiniões". "A entrada da Suécia na Otan reforçará a segurança da Hungria", declarou.

Orban sempre afirmou que era favorável à adesão da Suécia à Otan, mas adiou a votação diversas vezes, pois exigia que o país nórdico "respeitasse" o seu governo. A visita de Kristersson selou o destino das negociações. Durante a viagem, o governo húngaro anunciou a compra de quatro caças suecos.

Na avaliação de alguns analistas, o adiamento na aprovação por parte da Hungria foi uma estratégia para negociar com a União Europeia (UE) o desbloqueio de bilhões de euros em fundos que estão congelados. Para outros, porém, o motivo seria a proximidade de Orban com os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

Concedido o aval dos parlamentares húngaros, a lei irá para a Presidência nos próximos dias para ser promulgada. O passo seguinte, pelo regulamento da Otan, consistirá na apresentação do convite à Suécia para adesão ao Tratado de Washington e, assim, tornar-se oficialmente o 32º membro do acordo militar. Na rede X, o chefe de Governo alemão, Olaf Scholz, disse que o ingresso sueco fortalecerá a "segurança da Europa e do mundo".

O Parlamento húngaro elegeu, ontem, o novo presidente do país, depois que Katalin Kovak renunciou em virtude de um escândalo provocado pelo indulto a um condenado por pedofilia. Tamas Sulyok, um jurista de 67 anos que dirigia o Tribunal Constitucional desde 2016, substituirá a primeira mulher a ocupar o cargo. Sulyok prestou juramento ao término da votação que ratificou o ingresso da Suécia na Otan. Ele assumirá em 5 de março. Novak, próxima politicamente ao primeiro-ministro Viktor Orban, reconheceu ter cometido "um erro" quando anistiou, durante a visita do papa a Budapeste, o sub-diretor de um abrigo de menores no ano passado.

Fonte: correiobraziliense

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