22 de Novembro de 2024

Mais de 1 bilhão de pessoas vivem com obesidade no planeta


Com mais de 1 bilhão de pessoas vivendo com obesidade, a condição já é a deficiência nutricional mais comum no mundo, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS) em um estudo global publicado na revista The Lancet. Enquanto as taxas de baixo peso estão em queda desde os anos 1990, o excesso de gordura corporal dobrou entre adultos, aumentando quatro vezes em crianças e adolescentes em três décadas.

O estudo foi conduzido pela rede internacional de cientistas NCD-RisC, em colaboração com a OMS. Os pesquisadores avaliaram medidas de peso e altura de mais de 220 milhões de pessoas acima de 5 anos, representando 190 países. Com os dados, eles calcularam o índice de massa corporal (IMC) e compararam o cenário de 1990 ao de 2022.

Em adultos, a obesidade é classificada como IMC maior ou igual a 30kg/m2. Já os abaixo do peso são aqueles com a medida inferior a 18,5kg/m2. Entre crianças e adolescentes, o índice é variável, pois depende da idade e do sexo, considerando o aumento significativo de altura e peso nessas fases.

A análise dos dados globais estima que, entre as crianças e adolescentes, a taxa de obesidade em 2022 era quatro vezes superior à de 1990. Entre os adultos, mais do que duplicou nas mulheres e quase triplicou nos homens. No total, 159 milhões de meninos e meninas, de 5 a 19 anos, e 879 milhões de pessoas, acima de 20 anos, viviam com obesidade no ano pesquisado.

Entre 1990 e 2022, a proporção de crianças e adolescentes do mundo afetados pelo baixo peso caiu cerca de um quinto nas meninas e mais de um terço nos meninos. No mesmo período, a proporção de adultos com IMC inferior a 18,5kg/m2 caiu para mais da metade.

Em nações insulares do Pacífico, países do Oriente Médio e do Norte da África, os pesquisadores encontraram taxas elevadas de baixo peso e obesidade, consideradas as formas mais prejudiciais à saúde de desnutrição. O estudo destaca a necessidade de mudanças nas políticas destinadas a combater tanto o excesso quanto o baixo peso, especialmente nas partes mais pobres do mundo.

"É muito preocupante que a epidemia de obesidade que, era evidente entre adultos em grande parte do mundo em 1990, se reflita, agora, em crianças e adolescentes em idade escolar", comenta Majid Ezzati, pesquisador do Imperial College London, na Inglaterra, e autor sênior do estudo. "Ao mesmo tempo, centenas de milhões de pessoas ainda são afetadas pela subnutrição, especialmente em algumas das partes mais pobres do globo. Para combater com sucesso ambas as formas de desnutrição, é vital melhorar significativamente a disponibilidade e o preço acessível de alimentos saudáveis e nutritivos."

"Esse novo estudo destaca a importância de prevenir e controlar a obesidade desde o início da vida até a idade adulta, por meio de dieta, atividade física e cuidados adequados, conforme necessário", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. "Regressar ao caminho certo para cumprir as metas globais de redução da obesidade exigirá o trabalho dos governos e das comunidades, apoiado por políticas baseadas em evidências da OMS e das agências nacionais de saúde pública. É importante ressaltar que requer a cooperação do setor privado, que deve ser responsável pelos impactos dos seus produtos na saúde."

Segundo Guha Pradeepa, coautor do estudo e pesquisador da Madras Diabetes Research Foundation, grandes problemas globais podem agravar ambas as formas de desnutrição. "O impacto de questões como as alterações climáticas, as perturbações causadas pela pandemia da covid e as guerras podem impactar, ao aumentar a pobreza e o custo dos alimentos ricos em nutrientes. As repercussões disso são a alimentação insuficiente em alguns países e famílias e a mudança para alimentos menos saudáveis noutros. Para criar um mundo mais saudável, precisamos de políticas abrangentes para enfrentar esses desafios."

Os países com a maior prevalência de obesidade em 2022 foram as nações insulares de Tonga, Samoa Americana e Nauru. Niue e Ilhas Cook, também na Oceania, registraram os maiores casos de IMC acima de 30kg/m2 entre crianças e adolescentes. O estudo destaca que, na Polinésia e Micronésia, mais de 60% da população acima de 20 anos está obesa. Por outro lado, Eritreia, Timor-Leste e Etiópia lideram o ranking do baixo peso.

João Lindolfo Borges, médico endocrinologista, professor universitário e pesquisador 

A obesidade tem se tornado um problema de saúde pública crescente tanto no Brasil quanto no mundo. As mudanças nos padrões alimentares, com uma dieta mais ocidentalizada, aliadas à redução da atividade física, têm contribuído significativamente para o aumento da obesidade em diversas regiões do planeta. No Brasil, estudos mostram uma prevalência crescente em diferentes faixas etárias e condições socioeconômicas, com números alarmantes especialmente entre crianças e adolescentes.

A disponibilidade de alimentos ultraprocessados, juntamente com a redução da prática de atividade física, tem sido apontada como um dos principais fatores responsáveis pelo aumento da obesidade. Além disso, a vida sedentária e o aumento da ingestão de gordura na alimentação são destacados como elementos-chave no crescimento do número de casos em todo o mundo.

A obesidade infantil é particularmente preocupante, sendo considerada um dos maiores desafios de saúde pública, com sua prevalência aumentando significativamente ao longo dos anos. Estudos indicam que o problema está associado ao desenvolvimento precoce de doenças crônicas, ressaltando a importância de abordá-lo desde a infância.

É importante reconhecer que a obesidade não é apenas uma questão estética, mas sim uma condição de saúde séria. Além disso, pode levar a complicações psicossociais, como baixa autoestima e depressão. Portanto, ignorar ou minimizar a gravidade da obesidade é um equívoco que pode ter consequências devastadoras para a saúde da população.

No entanto, apesar da crescente prevalência da obesidade no Brasil, as campanhas de conscientização sobre este problema são escassas e muitas vezes ineficazes. Existem várias razões para essa lacuna. A primeira é a falta de prioridade política. A obesidade, muitas vezes, não recebe a mesma atenção que outras questões de saúde pública, como doenças infecciosas ou acidentes de trânsito. Como resultado, há uma falta de recursos e investimentos direcionados para campanhas de prevenção e tratamento.

A indústria de alimentos altamente processados muitas vezes tem um papel significativo na perpetuação da obesidade, pela promoção de alimentos pouco saudáveis e altamente calóricos. Essas empresas têm poder econômico e político para influenciar políticas públicas e resistir a regulamentações que limitem a comercialização de produtos não saudáveis.

Muitas vezes, a obesidade é vista como resultado de falta de disciplina ou força de vontade, o que contribui para o estigma associado a essa condição. Isso pode levar a uma relutância em abordar o problema de maneira eficaz, tanto por parte dos governantes quanto da população em geral. Por fim, muitas pessoas não compreendem completamente os riscos à saúde associados à obesidade, ou não têm acesso a informações sobre como adotar hábitos de vida saudáveis.

É crucial implementar políticas públicas que promovam ambientes alimentares e de atividade física saudáveis, incluindo a regulação da publicidade de alimentos não saudáveis, o incentivo à produção e consumo de alimentos frescos e nutritivos, e a promoção de espaços públicos seguros e acessíveis para a prática de atividade física. Somente com esforços coordenados e abrangentes será possível reverter a epidemia de obesidade e garantir um futuro mais saudável para todos os brasileiros.

 

 

 

Fonte: correiobraziliense

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