23 de Novembro de 2024

Anfíbio brasileiro 'amamenta' filhote; entenda


Pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, descobriram um comportamento jamais observado antes em uma espécie de anfíbio nativo do Brasil. Embora o animal, que parece uma minhoca, seja ovíparo, a mãe também alimenta seus filhotes com uma substância rica em lipídios, semelhante ao leite. A surpreendente característica do chamado Siphonops annulatus foi descrita na revista Science.

Os autores do artigo destacam que, entre os vertebrados, a gema embrionária é muitas vezes a única oferta das mães às crias. Porém, algumas espécies desenvolveram comportamentos de cuidado parental envolvendo a produção e fornecimento de alimentos especializados, como o leite rico em lipídios em mamíferos.

Alimentar os filhotes com leite foi visto por muito tempo como uma característica exclusiva dos mamíferos. No entanto, várias espécies não mamíferas, incluindo aranhas, também são capazes de produzir alimentos para seus descendentes. No artigo publicado na Science, os pesquisadores do Butantan descrevem esse comportamento em um anfíbio.

Sons

Para o estudo, os pesquisadores coletaram 16 fêmeas e os recém-nascidos delas, em fazendas de cacau da Bahia, e os levaram para o laboratório, em São Paulo, onde foram gravados por mais de 240 horas. Nesse período, os animais foram alimentados 36 vezes com um nutriente rico em lipídeos e carboidratos, secretado pela cloaca.

Aparentemente, a oferta ocorre em resposta ao toque físico e sinais sonoros da prole. "As pererecas são conhecidas por seus cantos. Algumas salamandras também podem produzir sons", disse Pedro Mailho-Fontana, pesquisador do Butantan e primeiro autor do estudo. Não se sabia, porém, que filhotes do Siphonops annulatus também emitiam os sons. "Talvez os filhotes estejam implorando por comida da mãe." Esse tipo de comunicação entre pais e filhos jamais havia sido documentado na espécie estudada.

Os filhotes foram amamentados por cerca de dois meses após a eclosão. Em uma análise do artigo, Marvalee Wake, bióloga da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos,  que não participou do estudo, afirma que o trabalho "abre novas áreas de investigação para a biologia dos anfíbios". Segundo a cientista, o estudo "também fornece uma abordagem ampliada para compreender melhor os principais aspectos da biologia evolutiva". (PO)

Fonte: correiobraziliense

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