20 de Maio de 2024

OMM alerta os níveis de emissão dos gases de efeito estufa subiram em 2023


O planeta "está à beira do abismo", afirma António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A declaração é baseada nas conclusões do relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O documento revela que todos os recordes de indicadores climáticos foram quebrados em 2023, como níveis de gases de efeito estufa, temperaturas da superfície e dos oceanos e aumento do nível do mar. Além disso, a Antártica perdeu cobertura de gelo do tamanho de França e Alemanha somadas. 2024 pode ser ainda pior.

A agência da ONU, sediada em Genebra, também observou que a década que terminou em 2023 foi a mais quente desde o início das medições. Além disso, houve vários recordes de níveis de gases de efeito estufa, temperaturas da superfície, temperatura e aumento do nível do mar e derretimento das geleiras.

"Não podemos dizer com certeza", mas "diria que há uma alta probabilidade de 2024 bater o recorde de 2023", declarou Omar Baddour, encarregado de monitoramento do clima da OMM, durante a apresentação do relatório.

O relatório bateu na tecla de que 2023 foi o ano mais quente dos 174 anos já registrados. A temperatura média global perto da superfície foi 1,45°C acima do nível pré-industrial. A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, indicou que o mundo nunca esteve tão perto, ainda que de forma temporária, do limite inferior de 1,5°C do Acordo de Paris de 2015 sobre a mudança climática.

"A mudança climática vai muito além das temperaturas. O que presenciamos em 2023, especialmente em relação ao aquecimento dos oceanos, ao derretimento das geleiras e à perda sem precedentes do gelo marinho da Antártica, é particularmente preocupante", disse Saulo.

Para ela, a crise climática é o desafio essencial que a humanidade enfrenta. O relatório constitui um "alerta vermelho", já que houve recorde em todos os indicadores climáticos.

Um dos marcadores que a OMM considerou especialmente preocupante é que 90% dos oceanos enfrentaram ondas de calor em algum momento do ano. Da mesma forma, o conjunto global de geleiras sofreu a maior perda registrada desde 1950, e a extensão do gelo marinho antártico foi a menor das medições até o momento.

Dominic Hodgson, diretor interino de ciência no British Antarctic Survey sublinha que a publicação mostra que as mudanças climáticas impactam no planeta como um todo e na segurança social inclusive.  "Estamos focados em medir e entender os impactos para que os governos tenham os dados necessários para se adaptar e proteger. O relatório não deixa dúvidas sobre a urgência de reduzir nossa dependência de combustíveis fósseis."

Alexandre Prado, líder em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, afirma que diante desse cenário, eventos climáticos extremos como os de 2023 — recorde de temperatura em oito estados, muita chuva no Sul e seca na Região Norte — parecem ser o novo normal, "já que não há tendência de diminuição de emissões (de gases)."

O aquecimento constante dos oceanos, que dilata o volume de água, combinado ao derretimento das geleiras, levou em 2023 a um aumento do nível do mar recorde desde que os registros de satélite começaram, em 1993. As águas estão mais quentes e ácidas do que nunca.

A OMM destacou que, nos últimos 10 anos, a taxa de aumento do nível médio do mar em todo o mundo foi mais que o dobro da primeira década em que esse indicador começou a ser medido. A organização indicou que essas mudanças geram fenômenos climáticos extremos, como secas e enchentes, com fortes repercussões, como deslocamentos populacionais, perda de biodiversidade e insegurança alimentar.

Conforme o relatório, o número de pessoas que sofrem de insegurança alimentar aguda no mundo aumentou de 149 milhões antes da pandemia de covid-19 para 333 milhões de pessoas em 2023. Em  nota, a agência observou "uma transição energética substancial em curso" e que no ano passado a capacidade de incorporar energias renováveis aumentou 50% em relação a 2022.

Brian O'Callaghan, pesquisador principal na Smith School of Enterprise and the Environment, da Universidade de Oxford, frisa que o aquecimento global sem precedentes trouxe desdobramentos econômicos não vistos, sobretudo para a população mais vulnerável. "As consequências são muito mais amplas do que podemos imaginar, incluindo vidas perdidas, lares perdidos e perda de produtividade econômica, todos os quais sustentam um desenvolvimento mais lento."

Segundo o especialista, as crescentes pressões financeiras para responder a catástrofes climáticas estão colocando os balanços dos países em desenvolvimento sob grandes tensões. "Com investimentos insuficientes em adaptação e resiliência, nossas economias estão se aproximando cada vez mais do próximo choque climático a cada dia. A mudança climática é um risco sistêmico — com consequências que se propagam por sistemas de saúde, sociais, econômicos, políticos e ambientais."

Prado detalha que o relatório mostra um crescimento nas finanças destinadas ao combate da crise climática, mas longe do suficiente. "Devemos ter um grande esforço para a COP, deste ano colocando uma pressão sobre as nossas metas para 2025, tanto na parte de finanças como nas metas de redução de emissão e adaptação."

Para Guterres, ainda existe uma oportunidade de manter o aumento da temperatura do planeta a longo prazo abaixo do limite de 1,5ºC para evitar o pior do caos climático. "Nós sabemos como fazer isso", declarou ele.

Apenas sete dos 127 países analisados em 2023 pela empresa suíça de tecnologia de qualidade do ar, IQAir, atenderam aos novos limites de segurança estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para material particulado suspenso menor que 2,5 micrômetros de diâmetro (PM2,5), associado a mortes prematuras. Isso demonstra o desafio global em garantir que os cidadãos não estejam expostos a ar não seguro.

As novas diretrizes, que reduziram pela metade a exposição anual considerada segura, afetariam 40 países e regiões. O relatório também destaca as capitais mais e menos poluídas, com Nova Delhi liderando as mais afetadas e San Juan, Wellington, Canberra e Reykjavik entre as mais limpas.

O documento aborda as origens do PM2,5, destacando sua relação com mudanças climáticas e ressaltando a necessidade de abordar simultaneamente a poluição do ar e os objetivos climáticos.

Fonte: correiobraziliense

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