O número de árvores desmatadas nas florestas tropicais do Brasil e da Colômbia caiu drasticamente no ano passado devido à ação política dos governos, revela uma nova análise.
Os pesquisadores dizem que os novos líderes priorizaram o meio ambiente, com a redução no número de árvores na Amazônia brasileira desabando em 39%.
No entanto, o aumento do desmatamento de árvores e dos incêndios na Bolívia, no Laos e na Nicarágua anularam muitos destes ganhos globalmente.
A perda global de árvores aumentou em 25%, principalmente devido aos incêndios florestais no Canadá.
Os incêndios florestais longos e intensos que atingiram todo o Canadá provocaram cinco vezes mais perdas de árvores em 2023 do que no ano anterior.
Os incêndios nas áreas florestais do Hemisfério Norte têm um enorme impacto no quadro global da perda de árvores, de acordo com analistas do laboratório GLAD da Universidade de Maryland e do World Resources Institute (WRI), que publicam dados anuais sobre o abate florestal.
Mas para estes pesquisadores, o desmatamento intencional de florestas tropicais maduras nas regiões tropicais é a medida mais importante quando se trata de alterações climáticas.
Em locais como a Amazônia, estas florestas primárias armazenam grandes quantidades de carbono, essenciais para os esforços mundiais para limitar o aumento das temperaturas globais.
Estas regiões tropicais também têm sido o foco principal do desmatamento provocado pelo homem nas últimas cinco décadas.
Em 2023, os trópicos registaram perda de 3,7 milhões de hectares de floresta – o equivalente a 10 campos de futebol por minuto, um leve declínio em relação ao ano passado.
Estas perdas teriam sido muito maiores se não fosse o Brasil e a Colômbia.
De acordo com a pesquisa, a ação política em ambos os países teve um impacto significativo no desmatamento de árvores.
No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder prometendo combater a perda de árvores e acabar com o desmatamento até 2030.
Como resultado, houve uma queda de 36% nas perdas de florestas primárias no Brasil em 2023, em comparação com 2022.
"Acho que o que estamos vendo no Brasil, por exemplo, é realmente um caso de volta da aplicação da lei que foi desmantelada durante o governo anterior", disse Rod Taylor do WRI.
Dado que o Brasil foi responsável por 43% de toda a perda de florestas tropicais em 2022, esta redução é significativa.
Embora a queda tenha sido bem recebida, os observadores dizem que as perdas de árvores continuam a ser mais elevadas do que no início da década de 2010.
Nem todas as regiões florestadas do Brasil sofreram reduções. No Cerrado, centro da produção agrícola, houve um aumento de 6% no desmatamento de árvores.
A Colômbia também registou uma queda significativa no desmatamento — com a perda de floresta primária caindo quase pela metade em comparação com 2022.
Observadores dizem que as ações do presidente Gustavo Petro tiveram um papel importante na queda.
"A história do desmatamento na Colômbia é complexa e profundamente interligada com a política do país, o que torna a diminuição histórica de 2023 particularmente poderosa", diz Alejandra Laina, do WRI na Colômbia.
"Não há dúvida de que a recente ação governamental e o compromisso das comunidades tiveram um impacto profundo nas florestas da Colômbia, e encorajamos todos os envolvidos nas atuais conversas de paz a usarem estes dados como um trampolim para acelerar novos progressos."
Mas em outros países o combate à perda de árvores continua abaixo do satisfatório.
A Bolívia registou uma perda recorde pelo terceiro ano consecutivo, com aumento de 27% em relação a 2022. Cerca de metade desta perda foi provocada por incêndios, já que o tempo quente fez com que os incêndios iniciados por seres humanos se espalhassem pelas florestas.
Houve também aumentos notáveis no Laos e na Nicarágua, principalmente devido à expansão agrícola.
A Indonésia também registrou um aumento no desmatamento, mas a taxa permanece historicamente baixa em comparação com o passado.
Os investigadores dizem que o quadro geral é misto — e lembram que o mundo tem apenas seis anos para cumprir a promessa de travar o desmatamento feita em 2021 na COP26 em Glasgow.
"Este relatório nos desafia a equilibrar o desespero e a esperança", diz Andrew Steer, presidente e CEO da fundação Bezos Earth Fund.
"As taxas alarmantemente elevadas de desmatamento global nos lembram o quão longe estamos de resolver as crises climáticas e naturais."
Fonte: correiobraziliense
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