Richard Slayman, de 62 anos, o primeiro ser humano vivo a receber um rim de porco geneticamente modificado durante um transplante, teve alta do hospital, na quarta-feira (3/4). A cirurgia inédita, comandada pelo médico brasileiro Leonardo Riella, foi realizada no dia 16 de março, em um hospital em Boston, nos Estados Unidos.
A fila para receber um transplante de rim é longa. Estima-se que só no Brasil, 30 mil pacientes aguardam por uma doação. Já nos Estados Unidos, onde Richard mora, são 100 mil pessoas aguardando. O procedimento bem-sucedido marca um avanço na medicina, trazendo novas possibilidades para as pessoas que esperam por um órgão.
"A gente trabalhou meses para que o transplante fosse bem-sucedido. Acho que ver ele saindo do hospital, e ele poder ir para casa com o rim funcionando, foi uma emoção muito grande", disse Riella em entrevista ao Jornal da Globo.
Slayman foi diagnosticado com uma doença renal em estágio avançado, possui diabetes tipo 2, hipertensão e fazia diálise havia sete anos. Em 2018, o paciente chegou a receber um transplante de um rim de outra pessoa, mas após cinco anos, o órgão falhou e Richard voltou a depender de diálise.
Nas redes sociais, Richard afirmou que há muitos anos não se sentia tão saudável e que está vivendo um momento que desejou por muitos anos. "Agora, é uma realidade e um dos momentos mais felizes da minha vida", escreveu.
A pesquisa para o xenotransplante, nome dado para o procedimento onde é realizado a implementação do órgão do animal em humanos, vinha sendo desenvolvida há cinco anos pelo hospital em parceria com a empresa eGenesis.
A proposta da pesquisa é, além de oferecer uma maior oferta de órgãos e salvar vidas daqueles que precisam de rim, tinha como objetivo traçar novas maneiras de tratamento que não sejam a hemodiálise.
Essa não é a primeira vez que o transplante de órgãos suínos em pessoas é estudado. Pesquisadores tinham como desafio analisar a resposta do sistema imunológico, que poderia rejeitar o tecido estranho — ponto que foi trabalhado ao longo da pesquisa.
No processo, os cientistas retiraram genes suínos que prejudicavam a resposta do corpo humano e acrescentaram genes humanos. Os pesquisadores também inativaram retrovírus endógenos suínos no doador para eliminar qualquer risco de infecção.
Ao longo da pesquisa, foram feitas diversas versões de modificações genéticas até o momento que encontraram a que poderia ser implantada em humanos. Antes disso, no entanto, os órgãos foram testados em macacos.
Com a resposta positiva, a equipe acionou o FDA — que é o órgão de regulação norte-americano — que aprovou a realização do procedimento.
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