A retirada dos anúncios de um livro crítico ao movimento trans das ruas de Paris foi a responsável pelo sucesso de vendas da obra, escrita por duas feministas, na Amazon.
O vice-prefeito da capital francesa, Emmanuel Grégoire, denunciou na quarta-feira "a infelicidade de encontrar um anúncio do livro 'Transmania' nas ruas de Paris".
A autoridade municipal mandou uma carta nesses termos ao grupo publicitário JCDecaux, responsável pela publicidade em pontos de ônibus e em outros locais da capital parisiense.
A AFP teve acesso a essa carta, e o grupo publicitário informou que já havia começado a "retirar os cartazes" dessa obra que se apresenta como uma pesquisa em torno do movimento que defende as pessoas que querem mudar de sexo, e que, entre outras medidas, propõe que os menores tenham acesso a terapias para interromper sua puberdade.
O livro foi escrito por Dora Moutot, jornalista, e Marguerite Stern, ex-ativista do Femen, grupo feminista radical que organizou enormes protestos públicos.
- 'Censura', 'transfobia' -
Nesta sexta-feira (19), "Transmania" havia se tornado um sucesso na plataforma Amazon na França, que pelo segundo dia consecutivo o colocou como número 1 de vendas.
"Isso tem todo o aspecto de ser um povo que não se deixa ditar o que se deve ler ou não, e gosto disso", explicou Marguerite Stern no X.
"Estão provando absolutamente tudo o que dizemos neste livro, esse fenômeno de censura e de violência em relação a qualquer pessoa, e por consequência a qualquer mulher, que se opõe à ideologia transgênero", acrescentou em uma entrevista à emissora de rádio RMC.
"A transfobia é um crime (...) Paris não é vitrine para esse ódio sujo", disse o vice-prefeito parisiense em sua carta.
A editora, Magnus, disse que não foi informada pela JCDecaux da retirada dos cartazes, que qualificou de "censura".
A polêmica em torno do tema não coloca em lados opostos apenas grupos conservadores e associações LGBGTQIA+, mas também a comunidade médica e as próprias feministas, que se dividiram entre as ativistas que consideram que o fenômeno está prejudicando as reivindicações históricas das mulheres, enquanto outras consideram essa luta se estende às transgêneros.
A Associação Internacional de Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais Trans e Intersexuais (Ilga) afirma que vinte países permitem a mudança de sexo nos documentos de identidade sem a necessidade de fornecer uma prova dessa mudança, nem consulta médica prévia.
Na França, o solicitante deve justificar seu pedido, embora não seja necessário passar por um médico.
A polêmica em torno do movimento trans se torna especialmente forte quando se foca a partir do ponto de vista dos menores e de seu acesso aos medicamentos que podem causar sérias perturbações a longo prazo.
A Alemanha adotou há uma semana uma lei que simplifica a redesignação de gênero, enquanto na Escócia, uma lei que acabou de ser aprovada contra "o incitamento ao ódio" causou polêmica.
A autora da saga Harry Potter, a escritora britânica JK Rowling, é uma das vozes feministas que se opõe ao movimento trans, e recentemente desafiou publicamente a polícia escocesa a prendê-la.
A polícia se negou.
Fonte: correiobraziliense
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