Khndzoresk — A primeira visão impacta e assusta: dezenas de cavernas esculpidas nas montanhas, de ambos os lados do desfiladeiro, misturadas a ruínas de casas e igrejas. Khndzoresk, assim como vários pontos da Armênia, transpira história. Sevada Charnadzarian tornou-se uma espécie de zelador do local, onde nasceu em 1962. Khndzoresk tem nada menos do que 3 mil anos de história. As cavernas foram abertas na garganta ao longo de 3km. No fim do século 19, os moradores construíram casas em frente às grutas — Sevada viveu em uma delas, no ponto mais alto do desfiladeiro, por cinco anos. Na década de 1950, as autoridades soviéticas tinham removido boa parte dos moradores para a parte alta e plana, também à beira do abismo.
"Naquela época, o governo não ajudava a construir casas. Os moradores, então, destruíram suas próprias residências e usaram o material para erguer os imóveis na nova parte da cidade", contou Sevada. A reportagem do Correio entrou em algumas dessas cavernas. As primeiras coisas que chamam a atenção são a temperatura — as moradias na rocha eram frescas — e o espaço bem dividido. No início dos anos 2000, pelo menos 1.800 famílias viviam no novo povoado, ou cerca de 15 mil pessoas.
A igreja mais antiga de Khndzoresk data do século 6 e foi esculpida em uma cova. Outro templo cristão, construído no século 17, pode ser visitado por turistas. "Ele foi usado para cultos até 1920. Sob a União Soviética, como o ateísmo era oficial, a igreja passou a servir de centro cultural, para a apresentação de filmes e para concertos", explicou Sevada. Mesmo depois de terem construído casas, os moradores de Khndzoresk tiravam proveito do próprio relevo e se escondiam de invasores dentro das covas.