Donald Trump retorna nesta terça-feira (23) ao tribunal de Nova York, onde enfrenta uma possível condenação por desacato devido aos ataques contra as testemunhas e integrantes do júri no julgamento criminal por supostamente ter ocultado o pagamento para comprar o silêncio de uma ex-atriz pornô.
Se for considerado culpado, o candidato republicano à presidência nas eleições de novembro pode receber uma pena de até quatro anos de prisão ou uma multa. Ele é o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a sentar no banco dos réus da justiça criminal.
O empresário e 45º presidente americano, de 77 anos, é acusado de 34 falsificações de documentos contábeis da empresa familiar, a Trump Organization, para ocultar o pagamento de 130 mil dólares à ex-atriz pornô Stormy Daniels na reta final da campanha presidencial de 2016.
O dinheiro foi usado para comprar o silêncio da atriz, que afirma ter mantido uma relação sexual com o bilionário em 2006, quando ele já era casado com Melania Trump. O republicano nega a acusação.
Após a seleção do júri na semana passada, o julgamento entrou na segunda-feira na fase oral com a apresentação das acusações e das testemunhas.
A Promotoria de Manhattan acusa o empresário republicano de ter "orquestrado um esquema criminoso para influenciar a eleição presidencial de 2016", na qual Trump derrotou a democrata Hillary Clinton, e de ter "mentido em documentos contábeis para ocultar" o plano.
Para a defensa, não havia nada ilegal nos pagamentos e Trump é "totalmente inocente".
- "Mentiroso" -
O juiz do caso, Juan Merchan, decidirá nesta terça-feira se o magnata violou em sua plataforma 'Truth Social' a proibição de atacar ou insultar testemunhas e jurados.
No primeiro dia do julgamento, 15 de abril, a Promotoria pediu ao juiz que punisse o republicano com uma multa de 3.000 dólares pelas palavras virulentas utilizadas contra Stormy Daniels e contra o seu ex-advogado Michael Cohen, que virou seu pior inimigo e será uma testemunha chave da acusação.
A Promotoria voltou a denunciar que Trump reincidiu com outras sete postagens na 'Truth Social' ou no site da campanha eleitoral.
O candidato republicano chamou Cohen de "mentiroso serial". Ele também endossou as declarações de Jesse Watters, comentarista do canal de televisão conservador Fox News, que alegou, sem provas, que estavam selecionando "ativistas progressistas infiltrados que mentem ao juiz" para o júri que definirá a sentença.
No dia seguinte a esta publicação, uma candidata ao júri desistiu por medo de ser reconhecida.
Para evitar intimidações e assédio, o juiz decretou o anonimato dos 12 integrantes do júri e dos seis suplentes, que respondem apenas por um número.
O juiz também proibiu Trump de atacar jurados, testemunhas, funcionários do tribunal e promotores, com exceção do próprio magistrado e do procurador de Manhattan, Alvin Bragg.
Trump considera que as proibições são um ataque contra sua liberdade de campanha e as considera injustas porque Cohen não tem limites para criticá-lo.
Para punir um eventual desacato, o juiz pode determinar multas, além de penas de prisão de até 30 dias.
"Se este lacaio partidário quiser me prender por dizer a VERDADE aberta e óbvia, terei prazer em me tornar um Nelson Mandela dos dias modernos. Será uma GRANDE HONRA", desafiou Trump.
Depois de ouvir as alegações da acusação e da defesa, o juiz tomará uma decisão.
O julgamento será retomado às 11H00 locais (12H00 de Brasília), mas a audiência será curta e terminará três horas depois devido à Páscoa judaica, com o interrogatório da primeira testemunha da acusação, David Pecker, ex-presidente da editora do tabloide National Enquirer, velho amigo de Trump e agora inimigo, que comprou e enterrou histórias que poderiam afetar o empresário durante a campanha eleitoral de 2016.
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