Um relatório recente sobre mulheres que contraíram HIV depois de um "vampire facial", ou "tratamento facial de vampiro", em tradução livre, levantou questões sobre a segurança de alguns procedimentos estéticos.
Pelo menos três mulheres foram infectadas em um spa no Novo México, nos Estados Unidos, em 2018, de acordo com um relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).
O órgão informou que os casos lançam luz sobre novas maneiras pelas quais a infecção pode se espalhar.
Acredita-se que essas sejam as primeiras transmissões de HIV relacionadas a um procedimento estético documentadas nos Estados Unidos.
Mas o que é exatamente um "vampire facial" e como as mulheres contraíram o HIV depois de fazê-lo? E o que as pessoas podem fazer para se manterem protegidas de infecções durante tratamentos estéticos?
Fizemos um resumo do que sabemos e o que os especialistas recomendam.
O termo é uma maneira popular para falar sobre tratamentos faciais feitos com plasma rico em plaquetas — ou PRP.
Trata-se de extrair o sangue de um paciente e, em seguida, separar o plasma rico em plaquetas usando uma centrífuga. O plasma é, então, injetado de volta no rosto por meio de pequenas perfurações feitas com uma agulha.
A promessa é que o procedimento ajude a reparar a barreira da pele, estimulando a produção de novo colágeno e elastina, o que pode reduzir o aparecimento de rugas e cicatrizes de acne.
Ele já existe há certo tempo — a estrela de reality show Kim Kardashian compartilhou uma selfie após fazer o procedimento em 2013, na qual o rosto dela parecia ensanguentado.
Alguns anos depois, Kardashian disse que não faria o tratamento novamente, escrevendo em seu site que foi "muito difícil e doloroso para mim".
O tratamento pode custar entre US$ 1.000 (R$ 5.120) e US$ 2.000 (R$ 10.240) em um spa médico licenciado, de acordo com estimativas feitas online.
No verão de 2018, o CDC tomou conhecimento de uma mulher americana, com idade entre 40 e 50 anos, que testou positivo para o HIV enquanto estava no exterior.
A mulher não relatou histórico de uso de drogas injetáveis ou transfusões de sangue recentes. Ela também não teve contato sexual recente com ninguém que não fosse seu parceiro atual.
Ela, no entanto, relatou ter feito um tratamento "vampire facial" no início daquele ano em um spa no Novo México.
Uma investigação do CDC sobre o spa — que também fornecia outros serviços de injeção, incluindo botox — revelou mais tarde que o local não era licenciado e que tinha "múltiplas falhas nos controles de infecção".
Isso incluía "tubos de sangue não rotulados" que eram armazenados na geladeira da cozinha ao lado de alimentos, além de seringas fora das embalagens espalhadas em gavetas e balcões.
Alguns frascos de sangue também apresentavam sinais de reutilização e o CDC identificou pelo menos um cliente que tinha testado positivo para o HIV antes de visitar o spa.
Desde então, a agência de saúde associou o spa a cinco casos de HIV, incluindo as mulheres que receberam tratamento "vampire facial", entre maio e setembro de 2018, e um homem que tinha uma ligação amorosa com uma das mulheres.
O estágio avançado das infecções por HIV entre o homem e a mulher em um relacionamento indicava que eles haviam contraído a doença antes do tratamento, disse o CDC.
O spa foi forçado a fechar no final de 2018 e a sua antiga proprietária, Maria de Lourdes Ramos De Ruiz, de 62 anos, cumpre uma pena de três anos e meio de prisão. Ela se declarou culpada em 2022 por praticar medicina sem licença.
Centenas de artigos de pesquisa médica publicados e ensaios sugerem que os tratamentos são eficazes para algumas lesões esportivas, acne, eczema e outras doenças de pele.
A Associação Americana de Dermatologia afirma que o procedimento em si, quando feito corretamente, parece ser seguro.
"Você pode sentir um pouco de dor, hematomas e inchaço depois", diz a associação. "Eles tendem a desaparecer dentro de alguns dias."
O maior risco vem da forma como o sangue é manuseado pela unidade que realiza o tratamento.
"É essencial que o sangue retirado do seu corpo seja mantido estéril. Caso contrário, você poderá desenvolver uma infecção", afirma a associação.
Também é importante garantir que o sangue injetado de volta pertença ao cliente e não a outra pessoa, caso contrário o receptor poderá ficar muito doente.
Especialistas dizem que aqueles que desejam fazer tratamentos estéticos devem pesquisar o fornecedor com antecedência para ter certeza de que o local está licenciado.
Eles também devem ficar atentos aos equipamentos médicos usados no procedimento — como as agulhas — que estão sendo manuseados pela equipe.
O "vampire facial" não é o único tratamento estético a ganhar manchetes recentemente após serem associados a doenças graves.
Autoridades de saúde americanas alertaram na semana passada sobre um surto de botulismo ligado a botox falsificado, que deixou 22 pessoas doentes em 11 Estados — algumas das quais estão hospitalizadas.
O botulismo é uma doença grave com sintomas que incluem visão turva, dificuldade em engolir e respirar, fala arrastada e fadiga.
A injeção de botox é um tratamento popular usado para suavizar rugas e fazer a pele parecer mais jovem. As injeções normalmente custam cerca de US$ 530 (R$ 2.700) por tratamento.
Assim como acontece com os tratamentos "vampire facial", as autoridades aconselham aqueles que desejam receber injeções de botox a pesquisar o fornecedor do tratamento com antecedência para garantir que o botox usado seja aprovado pela FDA, no caso americano, e pela Anvisa no Brasil, e adquirido de uma fonte confiável.
Fonte: correiobraziliense
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