A taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito registrou aumento de 9,4 p.p. (pontos percentuais) no mês de março. Após dois meses seguidos em queda, o indicador apontado pelo Banco Central voltou a subir e atingiu o patamar de 421,3% ao ano. Os dados foram publicados nesta sexta-feira (3/5), no boletim de Estatísticas Monetárias e de Crédito, pelo BC.
Em janeiro, entrou em vigor uma lei que limita os juros do rotativo a 100% do valor da dívida. Apesar disso, a autoridade monetária explicou que a medida não causou impacto na apuração estatística de março, por conta da legislação se aplicar apenas a novos financiamentos.
“A maior parte da dívida é anterior a janeiro de 2024. Então, com isso, a dívida vai se mover muito pouco para reduzir. Então porque, obviamente, temos apenas quatro meses completos de formação de uma dívida, contra 2 ou 3 anos de acúmulo”, explica o CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners, Luciano Bravo.
Além do aumento no rotativo, a taxa média de juros no crédito com recursos livres às pessoas físicas também subiu 0,8 p.p. no mesmo mês e chegou a 53,4% anuais. Nos últimos 12 meses, esse indicador já caiu em 5,2 pontos. O resultado foi motivado, principalmente, pelos aumentos das taxas médias de crédito pessoal não consignado (4,5 p.p.) e do cartão de crédito parcelado (1,7 p.p.).
O relatório do Banco Central também cita o endividamento das famílias brasileiras, que ficou em 47,9% em março, após cair 0,1 p.p. na comparação com o mês anterior. Nos últimos 12 meses, houve estabilidade no percentual de endividados no país, com uma queda de apenas 0,8 pontos no período.
Para o especialista Luciano Bravo, há dois motivos para a estabilidade. Um deles é o esforço maior dos consumidores para evitar atrasos, devido ao nível cada vez maior dos juros no país. “E outra parte também se deve a uma concessão menor, ou seja, houve uma menor concessão de crédito o que, obviamente, não fez com que as famílias se endividaram, levando à inadimplência. Então, por isso que o índice ficou mais ou menos estável”, avalia.
Já o economista e sócio fundador da Alpes Investimentos, Leandro Kalikowski, afirma que o principal motivo para a estabilização é a melhora das condições econômicas, com a redução da Taxa Selic — atualmente em 10,75% — e a melhora dos níveis de emprego e renda da população.
Para não cair nos riscos de ter que pagar juros exorbitantes, o cliente de um banco deve estar atento a algumas dicas importantes. Como explica a planejadora financeira, Gabriela Vale, o ideal é evitar ao máximo os parcelamentos, que ela afirma ser o estágio inicial do endividamento.
“Quando sabemos que vamos parcelar uma compra, muitas vezes, nos permitimos efetuar compras de valores mais altos do que faríamos, se não fossemos parcelar. E se você estiver pagando uma compra com cartão de crédito hoje, sem dinheiro na conta para pagar a próxima fatura, você já está endividado no cartão. O ideal é evitar o máximo utilizá-lo até que consiga se equilibrar”, recomenda a especialista.
Para quem utiliza o cartão de crédito, é importante saber que as compras parceladas podem causar um sentimento de "acomodação". Por conta disso, é necessário estar atento para não contrair dívidas altas, como acrescenta a planejadora financeira.
“Quando você efetua uma compra de R$ 200,00 e parcela em 4 parcelas de R$ 50,00 o seu cérebro computa somente o valor da parcela. Assim, aos poucos, a cada nova parcela feita, ou a cada compra sem planejamento, é fácil acabar gastando mais do que ganha efetivamente em algum mês”, completa.
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