20 de Maio de 2024

Guerra em Gaza: Israel pode lutar sozinho, diz Benjamin Netanyahu


A reação de Benjamin Netanyahu às ameaças de seu principal aliado veio por meio de um pronunciamento em vídeo, no qual o primeiro-ministro de Israel mostrou-se desafiador. "Estamos na véspera do Dia da Independência. Na Guerra da Independência, 76 anos atrás, éramos poucos contra muitos. Não tínhamos armamentos, havia um embargo de armas a Israel, mas, com a grandeza da alma, a bravura e a união dentro de nós, venceremos", afirmou. "Hoje, somos muito mais fortes. Nós estamos determinados e unidos para derrotar nossos inimigos e aqueles que buscam nossas almas. Se tivermos que ficar sozinhos, ficaremos sozinhos. Eu já disse que, se for preciso, lutaremos com unhas e dentes."

Na noite de quarta-feira (8/5), o presidente dos EUA, Joe Biden, ameaçou interromper novos envios de armamentos a Netanyahu, caso Israel invada a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde 1,2 milhão de palestinos estão refugiados. 

"Se entrarem em Rafah — ainda não entraram em Rafah —, não fornecerei as armas que têm sido utilizadas (...) contra as cidades", disse o democrata à CNN. "Não vamos fornecer as armas e projéteis de artilharia que têm sido utilizados. (...) Houve civis mortos em Gaza como resultado destas bombas. Isso está errado."

A primeira reação de Israel à declaração de Biden partiu de Gilad Erdan, embaixador do país na ONU. "É uma declaração difícil e muito decepcionante de um presidente ao qual estamos gratos desde o início da guerra", comentou. A ameaça de Biden foi feita no 215º dia de guerra entre Israel e o movimento extremista Hamas, depois da morte de 34.622 palestinos, entre os quais 15.002 crianças e 9.893 mulheres. 

Em entrevista ao Correio, Richard Falk — professor de direito internacional da Universidade de Princeton e relator especial da ONU para a Palestina Ocupada entre 2008 e 2014 — disse que Netanyahu é um jogador de pôquer que blefa, além de ser um estrategista calculista. "Ele espera fazer Biden acreditar que tem mais a perder com um rompimento com Israel. Caso isso não funcione, ele mostrará aos seus parceiros extremistas israelenses que sai em defesa deles, em situações complicadas", observou.

Para Falk, Netanyahu não tinha escolha, pois os sionistas religiosos de seu gabinete ameaçaram retirar o apoio ao governo, se abandonar os planos de invadir Rafah. "Isso faria ruir a coligação de Netanyahu."

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel
Benjamin Netanyahu: "Se tivermos que ficar sozinhos, ficaremos sozinhos. Eu já disse que, se for preciso, lutaremos com unhas e dentes" (foto: Reprodução)

Por sua vez, Gerald Steinberg, cientista político da Universidade Bar Ilan, em Ramat Gan (Israel), acredita que Netanyahu está "parcialmente correto" em sua posição de confrontar os Estados Unidos. "As IDF (Forças de Defesa de Israel) podem continuar a combater o Hamas, em Rafah, e atuar contra a milícia xiita libanesa Hezbollah. Mas será uma tarefa mais difícil e haverá mais baixas de ambos lados. Se os EUA mantiverem a suspensão de carregamento de armas por mais do que poucas semanas, isso forçará as IDF a conservarem o poder de fogo", afirmou à reportagem. 

Professor aposentado de história da Universidade Libanesa Americana, Habib Malik minimiza o impacto da decisão de Washington. Segundo ele, apesar das diferenças entre Biden e Netanyahu, a manobra norte-americana não é tão drástica para Israel, que possui um grande arsenal cedido pelos EUA. "Israel sabe que essa é uma medida que Washington usará para ganhar algum favor dos países árabes, que precisarão pressionar o Hamas por mais concessões. É um jogo intricado e complexo, com muitos atores. No entanto, quando se trata de laços estratégicos israelo-americanos, esses permanecem tão sólidos como sempre", admitiu ao Correio. Ele explicou que as bombas de alto poder retidas pelos EUA também exercem pressão sobre Netanyahu, a fim de não atacar Rafah com força total.

Gaza e Líbano

As IDF mantêm bombardeios contra a Faixa de Gaza. A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) afirmou que 80 mil pessoas fugiram de Rafah desde 6 de maio, quando Israel ordenou a saída dos palestinos que viviam no leste da cidade. "O preço que essas famílias pagam é insuportável", afirmou a UNRWA em uma mensagem na rede social X. "Nenhum lugar é seguro" na Faixa de Gaza, acrescentou a agência. Nesta quinta-feira (8/5), representantes do Hamas e de Israel abandonaram o Cairo, "após uma rodada de negociações de dois dias" para tentarem firmar um cessar-fogo em Gaza. 

Fonte: correiobraziliense

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