Esta é a segunda visita do presidente russo, Vladimir Putin, à China em sete meses.
Putin iniciou nesta quinta-feira (16/05) uma viagem de dois dias a Pequim, onde já se reuniu com o seu homólogo chinês, Xi Jinping.
É o quarto encontro dos dois desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.
Neste período, Pequim se tornou um parceiro vital para Moscou, que busca atenuar o impacto das sanções impostas pelos Estados Unidos e outros países.
A China negou repetidamente as acusações de que estaria fornecendo armas à Rússia.
"O que não está acontecendo é o fornecimento de armas concretas à Rússia para uso na Ucrânia", afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em entrevista à BBC News durante sua visita a Pequim no mês passado.
O país asiático foi acusado, no entanto, de fortalecer a máquina de guerra de Moscou, fornecendo componentes essenciais.
"Estes [componentes] estão sendo usados ??para ajudar a Rússia no que é um esforço intensivo e extraordinário para fabricar mais munições, tanques, veículos blindados e mísseis", acrescentou Blinken.
De acordo com ele, aproximadamente 70% das fresadoras e 90% dos componentes microeletrônicos importados pela Rússia são provenientes da China.
As sanções anunciadas por Washington em maio foram voltadas para cerca de 20 empresas com sede na China e em Hong Kong.
Uma delas exportava componentes para drones, enquanto as outras teriam ajudado Moscou a contornar as sanções ocidentais relacionadas a outras tecnologias.
"Há evidências de que a China é o maior exportador de semicondutores para a Rússia, muitas vezes por meio de empresas de fachada em Hong Kong e nos Emirados Árabes Unidos", afirma Maria Shagina, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), com sede no Reino Unido.
"Algumas empresas chinesas também fornecem drones civis, explorando a zona nebulosa entre fins militares e civis", completa.
A China defende suas relações comerciais com Moscou, afirmando que não vende armas letais e "gerencia com prudência a exportação de produtos de dupla utilização, de acordo com as leis e regulamentos".
Pequim exporta para a Rússia mais de US$ 300 milhões em produtos de dupla utilização — aqueles que têm aplicações comerciais e militares — todos os meses, de acordo com uma análise de dados alfandegários chineses realizada pelo think-tank (centro de pesquisa e debates) de política externa Carnegie Endowment.
A organização diz que a lista inclui o que os Estados Unidos designaram como itens de "alta prioridade", que são necessários para fabricar armas, desde drones até tanques.
O think tank Royal United Services Institute (Rusi), com sede no Reino Unido, também alertou sobre o potencial uso da tecnologia de satélite chinesa para fornecer inteligência militar à linha de frente de combate na Ucrânia.
Pequim se tornou o principal fornecedor de automóveis, roupas, matérias-primas e muitos outros produtos para Moscou, depois que os países ocidentais impuseram sanções à Rússia.
O comércio entre a China e a Rússia bateu um recorde de US$ 240 bilhões em 2023, um aumento de mais de 64% em relação a 2021, antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, segundo dados oficiais chineses.
As importações russas da China chegaram a US$ 111 bilhões, enquanto suas exportações para o país asiático somaram US$ 129 bilhões, de acordo com os dados.
A exportação de automóveis e peças sobressalentes chinesas para a Rússia totalizou US$ 23 bilhões em 2023, acima dos US$ 6 bilhões do ano anterior.
"O gás natural russo abastece muitas casas chinesas, e os automóveis fabricados na China circulam nas estradas russas", afirmou o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em março.
No entanto, alguns especialistas consideram que se trata de uma relação "desequilibrada", na qual a Rússia depende mais da China do que o contrário.
Desde 2023, a China se tornou o principal parceiro comercial da Rússia, enquanto a Rússia é o sexto maior parceiro comercial da China.
Quase metade de todas as receitas anuais do governo russo são provenientes do petróleo e do gás.
As suas vendas para os Estados Unidos, Reino Unido e países da União Europeia despencaram desde a invasão à Ucrânia devido a sanções.
Uma parte significativa deste déficit foi compensada pelo aumento das vendas para a Ásia, particularmente para a China e a Índia.
Em 2023, a Rússia ultrapassou a Arábia Saudita, se tornando o principal fornecedor de petróleo bruto da China. Pequim importou 107 milhões de toneladas de petróleo bruto de Moscou, um aumento de 24% em relação a 2022.
O G7, grupo que reúne aquelas que são consideradas as economias mais avançadas do mundo, a União Europeia e a Austrália, também tentaram limitar as receitas da Rússia, impondo um limite global ao preço do seu petróleo transportado por via marítima.
No entanto, a China continuou comprando petróleo bruto russo acima do preço limite.
A Índia, que seguiu mantendo sua relação de décadas com a Rússia, também tem sido um grande comprador do seu petróleo com desconto desde a invasão.
A participação da Rússia nas importações totais de petróleo da Índia bateu um recorde de 44% em junho de 2023, de acordo com o Banco de Baroda, controlado pelo Estado indiano.
Em 2023, a China também importou 8 milhões de toneladas de gás liquefeito de petróleo (GLP) da Rússia, um aumento de 77% em relação a 2021.
Os dois países também planejam ampliar o relacionamento na área energética, incluindo um novo gasoduto, chamado Power of Siberia 2, para exportar gás natural da região ocidental da Sibéria, na Rússia, para o nordeste da China.
A China já recebe gás da Rússia por meio do gasoduto Power of Siberia 1, que está em uso desde 2019.
Fonte: correiobraziliense
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