Diante dos frequentes recordes de temperatura, chuvas intensas em algumas regiões e seca em outras, cientistas destacam a importância da biodiversidade na mitigação das mudanças climáticas. Um trabalho feito por pesquisadores brasileiros e estrangeiros, e publicado, ontem, na revista BioScience, enfatiza que a conservação de áreas existentes de agricultura, pastagens e silvicultura é essencial para evitar a fragmentação, perda de biodiversidade e de habitat, degradação do solo e impactos nos serviços ecossistêmicos não climáticos. Além disso, a gestão aprimorada das áreas já utilizadas para atividades de agropecuária e florestais poderia sequestrar uma quantidade significativa de carbono adicional anualmente.
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Os pesquisadores, de diversas instituições, destacaram seis questões-chave para amenizar as mudanças climáticas: conservação de estoques e sumidouros de carbono; restauração adequada de áreas degradadas; manutenção integrada de fauna e flora locais; investimento em mais produtividade agrícola em vez da devastação de novas áreas; incorporação de medidas práticas para sustentabilidade por empresas e instituições financeiras e a colaboração entre especialistas para alinhar políticas e ações necessárias.
O trabalho frisa que a troca de ecossistemas naturais por florestas plantadas pode aumentar as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa. Isso ocorre porque o solo libera mais carbono ao ficar exposto quando a vegetação natural é retirada.
Como consequência, eventos climáticos extremos, como secas e enchentes, podem se fortalecer ou ficar mais frequentes. “Ao introduzirmos um número limitado de espécies não nativas em uma determinada região, podemos, inadvertidamente, destruir a funcionalidade ecológica do ambiente, o que pode refletir na capacidade de fornecer nascentes de água, manter polinizadores para agricultura, controlar a umidade e o clima e influenciar o regime de chuvas”, alertaram os cientistas, em comunicado.
Marco Moraes, geólogo, pesquisador de mudanças climáticas e autor do livro Planeta Hostil (Matrix Editora), ressalta que a introdução de espécies não-nativas pode ter um impacto significativo na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos. “Isso pode envolver desde microrganismos, como fungos e outros micróbios até peixes e animais maiores e espécies vegetais.”
Para o especialista, o maior problema para o meio ambiente e para a própria sustentabilidade do agronegócio é a grande expansão das monoculturas. “Esse tipo de cultivo é totalmente artificial, dependendo do uso excessivo de agrotóxicos e fertilizantes, que contaminam os solos e os aquíferos naturais.”
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