09 de Novembro de 2024

Governo quer vender arroz importado a R$ 4 o quilo


O governo vai importar 300 mil toneladas de arroz, que será distribuído a comerciantes de todo o país, com o objetivo de baratear o preço. O produto será vendido com a logomarca do governo, com o preço final tabelado de R$ 4 por quilo. Ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou o leilão de compra para a próxima quinta-feira, 6 de junho.

Para baratear o preço, o Imposto de Importação de três tipos de arroz foi zerado. Foram liberados R$ 6,7 bilhões para a compra pública de arroz beneficiado importado. O produto deve chegar ao consumidor até setembro, já que o prazo de entrega para a Conab é de até 90 dias, sem a cobrança de multa.

A autorização inicial do Executivo foi para a importação de até 1 milhão de toneladas para garantir a oferta do produto a “preços justos”. Em coletiva de imprensa, o presidente da Conab, Edegar Pretto, afirmou que a intenção do governo não é afrontar os produtores nacionais, mas garantir o equilíbrio no mercado. “Não queremos que a compra importada venha a competir com a produção nacional. Vamos avaliar o comportamento do mercado. Se percebermos que a medida já equilibrou os preços, avaliaremos se há necessidade ou não de fazer outro leilão”, disse.

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Sobre o tabelamento, Pretto explicou que o valor foi estabelecido a partir dos preços ao consumidor final apurados em janeiro, quando estava próximo de R$ 5 por quilo. “Se nós pegarmos os parâmetros de preços do varejo, antes do problema climático no Rio Grande do Sul, o que nós podemos dizer é que estava em torno de R$ 25 a saca de 5 quilos. Nós estabelecemos um deságio de 20% a partir desse parâmetro e chegamos a esse valor de R$ 4 por quilo”, explicou.

Em evento promovido pelo Grupo de Lideranças Empresariais de Brasília (Lide/DF), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que o Brasil é autossuficiente na produção para atender o consumo interno e que 80% da colheita da região do Sul já tinha sido feita antes das enchentes. “Mas, diante da especulação, de tanta maldade e fake News de que iria faltar arroz, os preços aumentaram de 30% a 40%. Um absurdo. Então, para acalmar o mercado, estamos abrindo o edital de importação”, disse.

O Brasil produz 10 milhões de toneladas de arroz por ano. Cerca de 70% da safra vem do Rio Grande do Sul e 15% de Santa Catarina. “Precisamos levar essa produção para outras regiões. Diversificar. Vamos continuar a estimular a produção no Sul. Mas é preciso descentralizar não só o cultivo de arroz, mas como de feijão, mandioca, trigo e milho”, afirmou o ministro.

Interferência

Entidades do setor produtivo alegam que a medida trará prejuízos à cadeia nacional, que já sofre com os problemas climáticos. Dos 131 mil hectares plantados de arroz no estado, cerca de 90% já haviam sido colhidos. Segundo a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), a produção do país é suficiente para o consumo interno. “Apesar das grandes dificuldades a serem superadas no Rio Grande do Sul, a expectativa das indústrias e cooperativas é que a cadeia produtiva de arroz consiga ser 100% normalizada em breve, garantindo o abastecimento e segurança alimentar de todo o país, bem como evitando a disparada de preço do produto”, destacou, em nota.

Representantes do setor agrícola gaúcho definiram a medida como a a “maior intervenção” no mercado desde o início do Plano Real, há 30 anos, “que já se mostrou ineficaz no passado”. De acordo com a Farsul, os estímulos à importação podem acabar desestimulando produtores do Rio Grande do Sul a semear a próxima safra (2024/25) e gerar um problema futuro na oferta.

“É uma medida intervencionista, de fato”, destacou o economista Rica Mello, especialista em gestão de negócios. “Quando o governo vem para o jogo e mostra ao mercado internacional que ele vai comprar um volume grande, já traz um certo impacto. Tanto que o produto acabou subindo depois do anúncio do governo”, explicou. Mello recorda que a importação do grão já é comum no país, mas é feita geralmente pela própria indústria.

Fonte: correiobraziliense

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