25 de Novembro de 2024

8 dos melhores filmes de 2024 até agora, segundo críticos da BBC


Os críticos de cinema da BBC Nicholas Barber (NB) e Caryn James (CJ) selecionam seus destaques cinematográficos do ano até aqui.

Eles incluem os Estados Unidos assolados pela guerra, a história maravilhosamente assustadora de uma freira e um filme policial chocante com Kristen Stewart.

Os números da lista abaixo não representam uma ordem de classificação. Eles foram incluídos apenas para separar os filmes com mais clareza.

Saí de A Besta pensando "este é o filme mais estranho que já vi desde Pobres Criaturas". Mas também, que eu tinha amado o longa-metragem.

O diretor e roteirista francês Bertrand Bonello apresenta um filme criativo e audacioso sobre o amor, recordações, dores e inteligência artificial (IA).

Ele se passa em três épocas, todas apresentando diferentes versões dos personagens Gabrielle e Louis, interpretados por Léa Seydoux e George MacKay.

Em um rigoroso e assustador ano de 2044, a IA pode ser usada para apagar sentimentos dolorosos, incluindo um coração partido. Mas isso exige viver novamente aquelas lembranças para poder apagá-las.

Gabrielle inicia o processo, que a leva para a Belle Époque em Paris, na França. Lá, ela tem um casamento infeliz e George exerce uma atração perturbadora sobre ela.

Ela também se desloca para Los Angeles (EUA) em 2014, onde toma conta de uma casa enquanto ele a persegue.

Alternando entre as diferentes épocas, A Besta é o tipo de história mirabolante que pode não parecer coerente à primeira vista, mas é tão cheia de viradas inesperadas e lances ensaiados – como ocorre quando Gabrielle e Louis ficam presos no porão inundado de uma fábrica de bonecas em Paris – que acaba sendo arrebatadora todo o tempo. (CJ)

A atriz americana Sydney Sweeney é a produtora e também a estrela deste filme de terror maravilhosamente assustador sobre uma noviça norte-americana que aprende que nem tudo é o que parece em um convento italiano.

Imaculada poderia facilmente ter sido um filme apelativo de baixa qualidade, mas é (muito) superior em diversos aspectos – desde os comentários ousados sobre como os homens tratam as mulheres até a cinematografia, que relembra a arte religiosa renascentista.

Mas o mais surpreendente é a disposição de levar tudo ao ponto mais extremo possível. Existem inúmeros momentos em que você pensa enquanto está assistindo "não... eles não vão chegar até lá... eles não iriam..." – e eles fazem. (NB)

As reações a este filme foram quase tão polarizadas quanto o país dividido que ele mostra. Este é um sinal de que seu diretor, Alex Garland, tocou em um ponto sensível ao mostrar sua visão fictícia dos Estados Unidos em um futuro próximo, com o país mergulhado em uma guerra civil, governado por um presidente fascista.

Uma personagem central da trama é a fotojornalista interpretada por Kirsten Dunst. Ela e seus colegas (Wagner Moura, Cailee Spaeny e Stephen McKinley Henderson) se colocam em grande risco, testemunhando e relatando as ações à sua volta.

Garland torna essa ação visceral e explosiva, colocando armas e tanques nas ruas de Washington DC e criando violentos encontros cara a cara no supostamente calmo interior do país.

Mas o aspecto mais angustiante do filme é como ele posiciona a ficção, de forma aguda e convincente, a um passo de distância do mundo real.

Alguns espectadores observaram que Garland poderia ter criado um conflito político mais agudo, mas, para mim, o filme já é suficientemente assustador com sua visão de um futuro muito possível, assolado pela guerra. (CJ)

A personagem de Kristen Stewart tem uma vida miserável no início de Love Lies Bleeding: O Amor Sangra, como costuma acontecer com muita frequência com as personagens interpretadas pela atriz.

Enquanto administra uma obscura academia de ginástica em uma cidade pequena, evitando seu pai gângster (Ed Harris), ela tenta em vão convencer sua irmã (Jena Malone) a pôr fim ao seu casamento abusivo.

Mas tudo muda quando chega à cidade uma viajante carismática, interpretada por Katy O'Brian, a caminho de um concurso de fisiculturismo em Las Vegas, nos Estados Unidos. Surgem as faíscas e os fogos de artifício do sexo quente, forte violência e a total loucura explodindo.

Filme noir LGBT estiloso e com humor negro da diretora britânica Rose Glass (que estreou no cinema com o aclamado filme de terror Saint Maud (2019), Love Lies Bleeding: O Amor Sangra é o filme de suspense policial mais engraçado e criativo desde Bom Comportamento (2017) – que, por acaso, era estrelado pelo parceiro de Stewart na série Crepúsculo, Robert Pattinson. (NB)

Os filmes da cineasta italiana Alice Rohrwacher – como a ótima fábula Lazzaro Felice (2018) – têm um toque de realismo mágico.

Ambientado na Toscana (Itália) dos anos 1980, La Chimera é uma das suas melhores obras. Ela percorre a linha entre os sonhos e o realismo em rica textura.

Josh O'Connor interpreta o inglês Arthur, que trabalha com uma gangue de ladrões de túmulos locais, para encontrar artefatos antigos em tumbas etruscas e vender no mercado negro.

Triste e com aparência maltrapilha, Arthur está se recuperando da perda do seu amor, Beniamina. Nas palavras de outro personagem, ele procura no submundo "uma porta para o além" e, às vezes, parece encontrá-la.

Rohrwacher tem um olhar para encontrar beleza nas ruínas, seja na grande casa aos pedaços onde mora a mãe de Beniamina (Isabella Rossellini) ou no próprio Arthur.

O roteiro apresenta movimento contínuo, com perigos, crimes e fugas da polícia.

Mas o filme é marcado pela interpretação de O'Connor – comovente e moderada, mas carismática – e pela visão elegante de Rohrwacher, exuberantemente filmada pela grande cineasta Helene Louvart. (CJ)

Meu Amigo Robô é um desenho animado único. A produção é franco-espanhola, mas presta uma adorável homenagem à vibrante Nova York dos anos 1980.

A animação segue o estilo de um livro de figuras 2D, mas repleta de minúsculos detalhes. Embora não haja diálogos, a obra é salpicada de perspicácia e sabedoria.

O desenho gira em torno de um cachorro e um robô e é um rico estudo da solidão e do companheirismo humano.

Adaptada do romance em quadrinhos de Sara Varon e dirigida por Pablo Berger, esta joia que foi indicada ao Oscar conta a encantadora história de dois amigos que encontram alegria e reconforto na companhia um do outro – e precisam descobrir se conseguem viver afastados. (NB)

Poucos dramas sobre migrantes são tão comoventes, humanos e cheios de suspense quanto este. Eu, Capitão descreve a traiçoeira jornada de um menino de 16 anos que deixa o Senegal em busca de uma vida melhor.

O filme rendeu a Matteo Garrone (da série Gomorra, 2014-2021) o prêmio de melhor diretor do Festival de Cinema de Veneza, na Itália, de 2023 – e, ao astro amador Seydou Sarr, o prêmio de melhor jovem ator.

Sarr interpreta o personagem fictício Seydou, um menino gentil determinado a chegar à Itália junto com seu primo, Moussa. E cada etapa da viagem apresenta um perigo diferente.

Eles atravessam o Saara com um grupo de outros migrantes. Quando uma mulher morre, Seydou a vê deslizando no ar, como se a realidade fosse grande demais para ser internalizada.

Na Líbia, Seydou é preso e torturado. E, na última etapa da viagem, ele precisa pilotar um barco cheio de migrantes em direção à Itália – daí o nome Eu, Capitão.

Com relativamente poucas palavras, Garrone e Sarr criam um filme real, penetrante e eloquente sobre um personagem, cuja história retrata a situação de milhões de pessoas em todo o mundo. (CJ)

Eu, Capitão está disponível no Brasil no Google Play e na Apple TV.

Talvez você não imaginasse que alguém que limpava banheiros públicos para viver pudesse ter encontrado o segredo da felicidade. Mas Dias Perfeitos, do cineasta Wim Wenders, defende firmemente esta ideia.

O filme falado em japonês, do diretor e roteirista alemão, é um hipnótico estudo do seu personagem. Ele acompanha Hirayama (K?ji Yakusho) na capital japonesa, Tóquio, enquanto ele cumpre com suas tarefas de limpeza, rega as plantas, lê romances, ouve rock americano e tira fotos de árvores – tudo silenciosamente, com o mesmo orgulho e a mesma diligência.

Aqui e ali, surgem indicações de como a vida de Hirayama mudou e como ela pode vir a mudar ainda mais no futuro. Mas o foco do filme é a meditação em forma de documentário sobre a serenidade de uma existência restrita aos seus pontos essenciais.

E os banheiros públicos do filme são tão bem projetados que Dias Perfeitos poderia muito bem transformá-los em atrações turísticas. (NB)

Dias Perfeitos está disponível no Brasil na Amazon Prime Vídeo e na Apple TV.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.

Fonte: correiobraziliense

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