O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, insistiu que não haverá cessar-fogo permanente em Gaza até que todas as capacidades do Hamas sejam destruídas e todos os reféns sejam libertados.
A sua declaração foi feita neste sábado (1/6) depois de o presidente dos EUA, Joe Biden, ter anunciado que Israel tinha proposto um plano de três fases ao Hamas com o objetivo de alcançar um cessar-fogo permanente.
Um importante político do Hamas disse à BBC que "aceitará o acordo" se Israel também concordar com ele.
As negociações ocorrem no momento em que os combates continuam em Rafah, com relatos de ataques aéreos israelenses no sábado na cidade que fica na fronteira do Egito com Gaza.
Não há garantia de que a pressão pública de Biden sobre Israel e o Hamas para aceitarem o plano resultará em acordo.
Em comunicado no sábado, o gabinete de Netanyahu disse que as "condições de Israel para acabar com a guerra não mudaram".
As condições são: "a destruição das capacidades militares e de governo do Hamas, a libertação de todos os reféns e a garantia de que Gaza não representa mais uma ameaça para Israel".
A declaração de Netanyahu também afirma que Israel "continuará insistindo que estas condições sejam cumpridas" antes de concordar com um cessar-fogo permanente.
Na sexta-feira (31/5), Biden disse que o plano é uma proposta israelense abrangente que abre caminho para um cessar-fogo permanente.
A primeira fase incluiria um cessar-fogo total e completo, a retirada das forças israelenses das zonas povoadas e a troca de alguns reféns por prisioneiros palestinos.
Em seguida, haveria o retorno de todos os reféns vivos restantes, incluindo soldados do sexo masculino.
A fase final veria a devolução dos restos mortais de reféns israelenses falecidos, bem como um "grande plano de reconstrução" com assistência dos EUA e da comunidade internacional, disse Biden.
O fim do conflito tem sido uma exigência fundamental do Hamas para negociar.
Após Netanyahu ter reafirmado os seus objetivos de guerra, um porta-voz do Hamas disse que apoiaria o plano se Israel o fizesse.
Basem Naim, membro do gabinete político do Hamas com sede no Catar, disse ao Serviço Mundial da BBC que a organização acolheu bem o plano, mas que o próximo passo depende de Israel.
Em resposta à declaração de Netanyahu, ele observou que os objetivos de Israel podem não ter mudado, mas também não foram atingidos.
"Se ele tentar continuar, não encontrará nada, exceto a disposição dos palestinos – todos os palestinos – para resistir à ocupação", disse Naim.
A proposta apresentada por Biden parece dar oportunidade tanto a Israel como ao Hamas.
Para o Hamas, elas abrem caminho para um cessar-fogo permanente, que tem sido uma exigência fundamental do grupo em qualquer acordo. O Hamas quer uma garantia de que os militares israelenses não regressarão a Gaza depois da libertação dos reféns, e a oferta faz exatamente isso.
Mas esse plano, sem dúvida, enfrentará oposição em Israel.
Biden tentou responder a essas preocupações dizendo que o Hamas estava tão debilitado que não tem mais capacidade para realizar outro grande ataque a Israel.
Ele reconheceu, no entanto, que nem todos em Israel aceitariam o acordo, mas pediu que o governo insista nele.
No passado, integrantes de extrema-direita da coligação de Netanyahu ameaçaram abandonar o governo caso haja qualquer acordo para o fim da guerra antes da destruição do Hamas. Isto poderia levar ao fim do governo Netanyahu.
Mas um dos políticos da oposição mais influentes de Israel, Yair Lapid, prometeu apoiar Netanyahu se ele optar pelo acordo de cessar-fogo.
Nas redes sociais, Lapid disse ao primeiro-ministro de Israel que ele "tem a nossa rede de segurança para um acordo de reféns" se aliados de extrema-direita como o ministro da segurança nacional, Itamar Ben-Gvir, e o ministro das finanças, Bezalel Smotrich, deixarem o governo.
A declaração do gabinete de Netanyahu é vaga e não deixa claro se os seus objetivos já tinham sido alcançados. Curiosamente, Netanyahu não usou a expressão "vitória total", como vinha falando.
Esta omissão pode permitir a Netanyahu rejeitar as críticas de que o acordo oferece grandes concessões ao Hamas.
Israel intensificou os ataques na cidade de Rafah nas últimas semanas, reivindicando o controle operacional de toda a fronteira com o Egito.
Autoridades dos EUA, de Israel e do Egito devem se reunir no Cairo no domingo (2/6) para discutir a reabertura da passagem de Rafah, de acordo com relatos da mídia egípcia.
Os fluxos de ajuda para Gaza foram restringidos desde que a fronteira foi fechada no início de maio, depois de as forças de Israel assumiram controle do local.
Mais de 36 mil pessoas foram mortas em Gaza desde o início do conflito, segundo o ministério da Saúde administrado pelo Hamas.
A guerra começou em outubro, quando homens armados do Hamas lançaram um ataque sem precedentes contra Israel, matando cerca de 1,2 mil pessoas e levando 252 para Gaza como reféns.
Fonte: correiobraziliense
Utilizamos cookies próprios e de terceiros para o correto funcionamento e visualização do site pelo utilizador, bem como para a recolha de estatísticas sobre a sua utilização.