Teresina – O estado do Piauí tem o ousado objetivo de se tornar um polo na produção do hidrogênio verde no país, garante o governador Rafael Fonteles (PT). “Hoje, o Piauí produz mais de cinco vezes a energia que consome com a matriz elétrica 100% limpa e exporta a energia. O nosso próximo passo é transformar essa eletricidade limpa em uma molécula que possa ser usada pela indústria, que será o hidrogênio verde”, disse o governador.
A posição foi anunciada ontem, durante a abertura da 1ª Conferência Internacional das Tecnologias das Energias Renováveis (Citer), que ocorre na capital do estado nordestino. Segundo o chefe do Executivo estadual, o Piauí já se posicionou como um protagonista no setor e já atraiu dezenas de memorandos e já conta com dois projetos de instalação de plantas de produção de hidrogênio verde de empresas europeias que deverão começar a ser construídos no próximo ano.
Para a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, presente à abertura do evento, o Nordeste, pelo potencial de geração eólica e solar, tem um papel central nos planos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de impulsionar a transição energética.
“Essa é a agenda mais importante para a nova indústria no Brasil: a transição energética. E, nisso, o Brasil já é liderança mundial. Nossa matriz energética já é 80% limpa, mas nós não queremos perder essa liderança. Vamos atuar nas novas tecnologias, como a biomassa, o combustível para aviação, a descarbonização da nossa indústria, a rota tecnológica do setor automotivo. Toda essa agenda ampla e complexa que inclui toda a cadeia produtiva brasileira”, disse a ministra.
Segundo o governo do estado, os projetos que começam a ser construídos no Piauí devem ser voltados inicialmente à exportação dos derivados como amônia e metanol. Mas, segundo o governador, o objetivo principal do estado com esses projetos é criar um polo industrial de produtos verdes, atraindo a indústria de fertilizantes verdes, produto que o Brasil é o maior consumidor global e importa boa parte do que consome.
Os objetivos do estado nordestino não são modestos. Após a construção do polo industrial verde do Piauí, o estado espera trazer a indústria de produtos para a geração do hidrogênio como os eletrolisadores, mas, para isso, o governador Fonteles destaca que é necessária a definição do marco legal do hidrogênio verde.
“Estamos dependentes da legislação federal, tanto em incentivos fiscais como na obrigação de utilização, como acontece no etanol, em que o estado brasileiro exige ter na gasolina 25% de etanol. Isso precisa de uma legislação federal, por isso o marco legal do hidrogênio é tão importante”, disse o governador.
Para o representante no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Claudio Providas, a tecnologia deve evoluir muito e reduzir o custo de produção do hidrogênio verde. “Hoje, a tecnologia é cara e é complexo para que fique verde, mas possivelmente no futuro teremos um barateamento dessas tecnologias, tendo no futuro uma matriz híbrida”, aponta Providas.
O governador do Piauí também aposta no desenvolvimento tecnológico para ampliar a produção do estado. “O hidrogênio verde é caro para produzir, mas veja o que aconteceu com a produção da energia solar: o Capex diminuiu 95% em 12 anos. Ou seja, para eu produzir a mesma energia solar eu gasto só 5% do que eu gastava 12 anos atrás. A velocidade tecnológica vai conduzir rapidamente a uma condução de hidrogênio barata capaz de fazer o combustível um substituto do gás, do carvão, do petróleo." A conferência de energias renováveis que ocorre em Teresina é promovida pelo governo federal, pelo estado do Piauí e pelo Pnud/ONU.
*O repórter viajou a convite da organização da Citer
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