23 de Junho de 2024

O câncer que é a maior causa de morte por doença entre crianças e adolescentes


No início do ano passado, Miguel de Mello Bueno, de apenas 7 anos, se queixou de dores na perna após um dia intenso brincando na praia.

Estranhando a situação, a mãe Halana Karine de Mello, 29, levou o filho à Unidade de Pronto Atendimento, onde o menino foi medicado e liberado.

Algumas semanas depois, uma nova queixa. Ao procurar um pediatra em Ponta Grossa (PR), cidade em que moram, Halana foi tranquilizada e informada que as dores seriam devido à fase de crescimento da criança.

“As dores não eram frequentes. Elas aconteciam a cada 15 ou 20 dias, duravam um dia e passava. Os exames de sangue estavam normais, então acreditei que era devido ao crescimento mesmo”, recorda a mãe.

No entanto, em maio, um episódio de dor intensa, que impossibilitou Miguel de andar fez a família buscar atendimento hospitalar. O menino, além da dor nas pernas, também sentia dor nas costas e estava pálido.

“Ele chorava de dor. Os médicos decidiram interná-lo para fazer diversos exames. Logo no primeiro exame de sangue, já deu alteração nas plaquetas”, lembra Halana.

Miguel foi diagnosticado com leucemia linfóide aguda. Esse tipo de câncer no sangue atinge os glóbulos brancos, que são células de defesa do nosso organismo.

Levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 11.540 casos de leucemia sejam registrados no país no triênio de 2023 a 2025.

O câncer em crianças e adolescentes é raro e soma apenas 3% do total de casos novos esperados para cada ano no Brasil. Entretanto, a leucemia é o que mais acomete esse público, representando de 25% a 35% de todos os tumores infantis.

“Nesse público, devido à fase de crescimento, as células se reproduzem de maneira muito rápida e durante essa reprodução pode haver uma mutação celular da medula óssea”, explica Ana Paula Kuczynski, oncologista pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe.

Existem mais de 12 tipos de leucemia, sendo as mais comuns a leucemia mieloide aguda (LMA) e leucemia linfóides aguda (LLA).

As chances de cura são diferentes para crianças e adultos. As leucemias linfóides agudas são as mais comuns no público infanto-juvenil e têm chances de 85% a 90% de cura.

Já as crianças que possuem a mieloide as chances ficam entre 60% a 65%, já que esse tipo é considerado mais agressivo para esse público.

Outro fator relevante é que a leucemia representa a primeira causa de morte por doenças entre crianças e adolescentes de um a 19 anos no país, cerca de 8% do total.

“Como as células do corpo das crianças se reproduzem com maior velocidade, isso acontece também com as células doentes, que também se reproduzem em velocidade maior do que no adulto fazendo com que a doença se espalhe rapidamente”, explica Viviane Sonaglio, pediatra líder do Centro de Referência em Tumores Pediátricos do hospital A.C.Camargo Câncer Center.

Em relação aos fatores de risco, o câncer na infância não tem relação com fatores externos como condições ambientais, alimentares ou estilo de vida, como acontece com os adultos.

No entanto, algumas crianças têm predisposição genética à doença, como aquelas com síndrome de down, que possuem até 25 vezes mais chances de serem acometidas pela leucemia, segundo os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.

“Essa síndrome é conhecida como trissomia do cromossomo 21, que é uma alteração genética que ocorre durante a divisão celular do feto. O fato de uma criança já ter tido essa alteração celular amplia as chances de haver uma nova alteração de células aumentando as chances da doença”, acrescenta Kuczynski.

A leucemia é uma doença que atinge a medula óssea, onde o sangue é produzido, por isso os sintomas mais comuns são palidez, anemia, fraqueza e cansaço. Na sequência é comum surgir ínguas no pescoço, nas axilas e na barriga. Além de manchas roxas pelo corpo.

Porém, nem sempre é assim. Luísa Alves Spíndola, de 9 anos, foi diagnosticada com leucemia linfóide aguda em 2019. Segundo a mãe da menina, Vanessa Alves Spíndola, o primeiro sinal de que alguma coisa não estava bem com a filha foi a falta de apetite.

“Ela começou a perder o apetite e transpirar muito durante a noite. Achamos estranho e a levamos ao pediatra, que pediu um exame de sangue. Os exames deram uma pequena alteração e o pediatra até cogitou que poderia ser uma falha do laboratório. Repetimos o exame uma semana depois e a alteração já era bem maior. Foi quando começamos a investigar a causa”, detalha a mãe.

Poucos dias depois do diagnóstico a criança foi encaminhada para tratamento com quimioterapia. Os resultados foram positivos já no primeiro mês e a doença começou a regredir.

Em 2021, Luísa terminou as sessões de quimioterapia e atualmente faz apenas acompanhamento de rotina a cada seis meses.

“Ela tem uma vida normal, frequenta a escola e pratica esportes. Atribuímos essa recuperação rápida dela ao diagnóstico precoce, que impediu que o câncer tomasse maior proporção e já regredisse após as primeiras sessões de quimioterapia”, acrescenta Vanessa.

Para o diagnóstico precoce é preciso que os pais e pediatras fiquem atentos a qualquer sinal diferente no comportamento da criança. E não menosprezem as queixas dos pequenos.

“Uma criança que tem uma febre injustificada ou que passa a acordar à noite com dor, por exemplo, precisa ser investigada a causa. Quando os sinais ficam mais evidentes, como a palidez ou sangramento, é porque a doença está evoluindo”, explica a oncologista pediátrica Melissa Ferreira de Macedo, membro da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale).

Para o diagnóstico, inicialmente é solicitado um hemograma onde pode ser analisada a diminuição das plaquetas e alterações nos glóbulos brancos. Na maioria dos casos, no exame também já é possível ver célula leucêmica no sangue do paciente.

Caso alterações sejam encontradas, outros exames devem ser solicitados antes de se fechar um diagnóstico. Um desses exames é o mielograma, que analisa a medula óssea.

Segundo o Inca, os principais sintomas da leucemia são:

Fonte: correiobraziliense

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