Os bispos católicos americanos pediram perdão nesta sexta-feira (14) pelo papel da Igreja nos "traumas" infligidos aos indígenas norte-americanos, sobretudo por ter separado crianças de suas famílias para colocá-las em internatos.
"A Igreja reconhece ter desempenhado um papel nos traumas sofridos pelas crianças indígenas", assinalou a Conferência Episcopal dos Estados Unidos em comunicado.
Uma reportagem do jornal Washington Post publicada em maio concluiu que pelo menos 122 sacerdotes, freiras e frades designados em 22 internatos católicos desde a década de 1890 foram acusados de abuso sexual de crianças indígenas norte-americanas.
A maioria dos abusos documentados ocorreram nas décadas de 1950 e 1960, e envolveram mais de mil crianças, principalmente no Meio Oeste e no Noroeste do Pacífico, incluindo o Alasca, segundo a publicação.
"Pedimos desculpas pela falha em nutrir, fortalecer, honrar, reconhecer e valorizar aqueles que foram confiados ao nosso cuidado pastoral", disse a conferência em um documento aprovado por um voto.
"Todos devemos cumprir nossa parte para aumentar a consciência e romper a cultura do silêncio que cerca todos os tipos de aflições, maus-tratos e negligências do passado", acrescentou.
Durante décadas, as autoridades americanas separaram as crianças indígenas norte-americanas de seus pais biológicos e as colocaram em centenas de internatos ou em famílias não ameríndias de todo o país.
Essas políticas de assimilação forçada acabaram em 1978 com a adoção pelo Congresso de uma lei.
"A cura e a reconciliação só podem acontecer quando a Igreja reconhece as feridas perpetradas em suas crianças indígenas e ouve humildemente enquanto elas manifestam suas experiências", consideraram os bispos.
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