23 de Novembro de 2024

3 gráficos que mostram o aumento histórico de refugiados no mundo


120 milhões de pessoas no mundo estão fora de suas casas, tendo sido forçadas a fugir da guerra, da violência e da perseguição, segundo a agência das Nações Unidas para os refugiados, ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).

Esse número representa um aumento de 8% em relação ao ano anterior e um recorde histórico desde que a organização começou a fazer esses registros.

A cada minuto, pelo menos 20 pessoas têm de deixar tudo para trás para escapar de conflitos, diz a ONU.

A organização aponta ainda que cerca de 40% das pessoas deslocadas são menores de idade.

“Por trás desses números alarmantes e crescentes estão inúmeras tragédias humanas. Tal sofrimento deve levar a comunidade internacional a agir urgentemente para resolver as causas profundas do deslocamento forçado”, afirmou Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

O relatório do ACNUR foi divulgado pouco antes da comemoração do Dia Mundial do Refugiado, em 20 de junho, que busca “homenagear a força e a coragem dos refugiados em todo o mundo”, segundo a ONU.

A Síria continua sendo a fonte da maior crise de refugiados do mundo, com 13,8 milhões de pessoas deslocadas à força dentro e fora do país até ao final de 2023, devido à guerra civil que começou há 12 anos.

Um fator-chave por trás do aumento dos números globais foi a guerra civil no Sudão, onde quase 11 milhões de pessoas tinham fugido das suas casas até ao final de 2023.

No ano passado, mais de 6,4 milhões de pessoas fugiram do Afeganistão em busca de uma vida melhor após a tomada do poder pelos talibãs em 2021.

Na Venezuela, mais de 7 milhões de pessoas deixaram o país após o colapso da economia nacional sob o presidente socialista Nicolás Maduro, que está no poder desde 2013.

“É uma situação muito complexa, uma crise econômica, política, de segurança, de direitos humanos e de saúde que afeta aquele país há vários anos”, disse William Spindler, porta-voz do ACNUR em Genebra, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Os números mais recentes que eles divulgam são de 7,7 milhões de venezuelanos que partiram por diferentes motivos, disse o porta-voz.

A grande maioria deles está na Colômbia, nos Estados Unidos, na Espanha, no Equador e em outros países latino-americanos, como o Brasil.

O impacto nesses países, especialmente na Colômbia, tem sido enorme. No entanto, são geralmente bem recebidos, conseguem trabalho, têm acesso a serviços e oportunidades de regularizar a sua situação.

Além disso, garante Spindler, a permanência deles nos países anfitriões foi positiva.

“Isso não se ouve muitas vezes, mas está comprovado por esses estudos que essas pessoas também trazem consigo uma riqueza e uma educação que também lhes permite contribuir... através de impostos, abertura de pequenos negócios etc.”

Do outro lado do mundo, à medida que continua a invasão da Ucrânia pela Rússia, o número de refugiados ucranianos era de 6 milhões no final de 2023, segundo dados do ACNUR.

Além disso, a atual guerra em Gaza deslocou até 1,7 milhão de pessoas (75% da população) na Faixa. Muitas delas, múltiplas vezes, de acordo com a UNRWA (Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina, por sua sigla em inglês).

Dos 120 milhões de pessoas deslocadas à força no mundo, 23 milhões estão no continente americano.

Isso representa 19%, quase um quinto de todas as pessoas refugiadas, destaca William Spindler. Mas, “ao contrário do que muitos acreditam, a grande maioria destas pessoas está na América Latina, não nos Estados Unidos”.

Além da Venezuela, outra situação preocupante está ocorrendo na América Central, particularmente com pessoas deslocadas de Honduras, El Salvador e Guatemala, que fogem de conflitos, guerras e violência.

No entanto, Spindler salienta que muitas dessas pessoas se deslocam dentro do seu próprio país. “É um fenômeno que acontece tanto no nível das Américas quanto no nível global. O deslocamento geralmente é mais interno”, afirma.

Quem sai para o exterior vai para o México, tanto para se estabelecer por lá quanto para chegar aos Estados Unidos.

Isso gerou uma situação especial no México, como país de origem, trânsito e, particularmente, destino de comunidades refugiadas.

“É um dos países que mais recebem pedidos de asilo, não só das Américas, mas de todo o mundo”, diz o porta-voz da agência para os refugiados.

Ele acrescenta que o México tem tido uma política de acolhimento muito generosa, que também tem feito pressão por parte dos Estados Unidos para restringir os movimentos e tentativas de entrada no seu território de pessoas deslocadas através da fronteira que compartilham.

É uma situação bastante difícil para o México, por isso a ACNUR tem um projeto em coordenação com as autoridades locais e empresas privadas. A intenção é aliviar a concentração de refugiados migrantes em regiões com menor desenvolvimento econômico e transferi-los para áreas mais prósperas onde existem melhores possibilidades de emprego e integração.

Outra crise que se ocorre é a do Haiti, devido à perene instabilidade política, à pobreza e à violência das gangues, que tomaram conta de grandes partes do país.

Em termos de deslocamento forçado, o caso do Haiti é especial, explica William Spindler.

Cerca de 690 mil haitianos fugiram, mas muitos fizeram isso há anos ou décadas, após o devastador terremoto de 2010 e outras catástrofes naturais. Eles estabeleceram-se na América do Sul, especialmente no Chile e no Brasil.

Com o impacto da pandemia, muitas dessas pessoas perderam os seus meios de subsistência e decidiram se mudar para os Estados Unidos, ora atravessando a selva de Darién, ora com crianças que nasceram no Brasil, Chile e outros países sul-americanos.

Agora, com os atuais conflitos internos, a maioria dos haitianos atravessa para a vizinha República Dominicana, alguns com a intenção de chegar aos Estados Unidos pelo mar.

“No entanto, a maioria dos haitianos deslocados pela violência está dentro do seu próprio país”, diz Spindler.

Um refugiado é uma pessoa que foi forçada a sair do seu país de origem devido à guerra, perseguição ou desastre natural.

A BBC utiliza o termo migrante para se referir a todas as pessoas em movimento que ainda não completaram o processo legal de pedido de asilo.

Esse grupo inclui pessoas que fogem de países devastados pela guerra, a quem é provável que seja concedido o estatuto de refugiado, e pessoas que procuram trabalho e uma vida melhor, e que os governos provavelmente considerarão migrantes econômicos.

2 milhõesde crianças nasceram como refugiadas entre 2018 e 2023, segundo estimativa

69% dos refugiados foram acolhidos por países vizinhos

5países acolhem 40% dos refugiados: Irã, Turquia, Colômbia, Alemanha e Paquistão

A quantidade de pessoas que chegam às fronteiras dos EUA ou da União Europeia é uma questão que tem sido utilizada por muitos partidos políticos para ganhar votos, agravando o medo da população contra a migração.

Embora Spindler reconheça que esses países não têm obrigação de os receber, “quando falamos de refugiados, ou seja, de pessoas que são perseguidas no seu país, a situação jurídica é muito diferente”, afirma o porta-voz do ACNUR.

“Essas pessoas têm o direito de pedir asilo e os países que as recebem têm a obrigação de lhes dar proteção”, explica.

Segundo ele, se a entrada dessas pessoas for barrada e forem obrigadas a voltar, elas poderão correr sérios riscos de violação dos seus direitos humanos, sofrer tortura, serem presas e, em alguns casos, mortas.

Ele reitera também que “a grande maioria das pessoas deslocadas no mundo está dentro do seu próprio país ou em países vizinhos”.

Ele assegura que 75% de todos os refugiados e pessoas deslocadas no mundo estão em países de baixo ou médio rendimento. E nem tanto nos Estados Unidos, Canadá e Europa Ocidental.

Fonte: correiobraziliense

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