O presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, entende que a manutenção do percentual reflete a preocupação e cautela das famílias para não acumular dívidas. “A manutenção do índice de endividamento revela certa preocupação com a inadimplência por parte das famílias, que têm aproveitado o momento para amenizar as dívidas, em vez de fazer novos compromissos”, disse.
A pesquisa mostra que os impactos do desastre no Rio Grande do Sul influenciaram no aumento do percentual do endividamento. O estado representa 0,4 pontos percentuais do endividamento das famílias brasileiras. Sem o estado, as contas em atraso teriam aumentado em 0,1 p.p., o que mostra, segundo a CNC, que metade do aumento apresentado nos dados nacionais de inadimplência (0,2 p.p) foi causado pela demanda de crédito para as famílias gaúchas.
Mesmo representando a alta nos pontos percentuais, o economista-chefe da CNC Felipe Tavares aponta o compromisso das famílias gaúchas no pagamento das contas. “Apesar da alta de 0,4 p.p. do endividamento no Rio Grande do Sul, a inadimplência no Estado diminuiu 0,2 p.p. no mês, mostrando que, mesmo com a tragédia, as famílias continuaram com capacidade de honrar os seus compromissos. Esse efeito indica que as medidas de apoio ao Estado começaram a surtir efeito na prática, trazendo algum alívio ao orçamento das famílias gaúchas”, destaca.
O perfil do crédito das famílias brasileiras apresentou melhora no mês de junho: caiu em 0,6 p.p. as famílias que se consideram “muito endividadas” (17,2%), enquanto a faixa de “pouco endividada” aumentou 0,6 p.p. (33,7%). Os atrasos das dívidas, no entanto, apresentaram um aumento de 0,2 p.p. (28,8%) em comparação ao mês passado. Além do aumento de 0,3 p.p. de dívidas com mais de 90 dias, que representam 47,6%, o maior percentual de endividados de 2024.
Tavares avalia que os atrasos revelam dificuldade nos pagamentos das dívidas e medo de novos parcelamentos pelas famílias. “Os atrasos estão perdurando por mais tempo, o que revela certa dificuldade de honrar os compromissos, deixando as famílias mais receosas em fazer novos parcelamentos no momento”, avalia Felipe Tavares.
*Estagiária sob supervisão de Talita de Souza
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