As famílias brasileiras irão desembolsar R$ 7,3 trilhões em bens de consumo em 2024, o que representa um aumento de 2,5% comparado ao ano anterior. O percentual, no entanto, fica abaixo da tendência crescente vista nos últimos anos, com alta de 3,1%, em 2023, e de 4,3%, em 2022. Os dados fazem parte da pesquisa IPC Maps, que revela também que, apesar da queda, o bem de consumo mais desejado pela população continua sendo o carro próprio, que chega a comprometer 12,5% do orçamento familiar.
De acordo com o responsável pelo estudo, Marcos Pazzini, a queda representa a tendência da população brasileira de migrar para o interior em busca de preços mais acessíveis, movimento que se intensificou depois da pandemia. “As capitais e as regiões metropolitanas têm perdido participação no cenário de consumo ao longo dos anos. A gente observa que está havendo uma interiorização do consumo. Isso se acentuou mais depois da pandemia. Com o aumento do home office, as pessoas mudam para um cidade menor, com condições de vida mais baratas, mas continuam trabalhando de casa”, explica.
A participação no mercado consumidor de 27 capitais teve uma queda no último ano, de 27,95% para 27,80%. As regiões metropolitanas também perderam espaço para o interior do país, enquanto as cidades grandes correspondem a 45,06% do consumo nacional, o interior aumenta sua presença para 54,94%.
Apesar da tendência do trabalho home office desde a pandemia, a pesquisa revela o hábito de consumo elevado da população brasileira com veículo próprio, consumo que também se acentuou com o início da pandemia. As despesas para os veículos devem representar R$ 797,8 bilhões em 2024.
Pazzini explica que o desejo do carro próprio advém da necessidade de complementar a renda familiar com o uso de aplicativos de serviço de carona ou delivery de comida. “No pós-pandemia, houve um aumento da demanda da população por serviços de entrega e, para quem perdeu o emprego naquele momento, os aplicativos se tornaram um recurso importante. Até hoje, mesmo que o trabalhador esteja empregado, ele pode usar esse recurso para melhorar a renda familiar”, diz.
Outro ponto relevante da pesquisa é o aumento da quantidade de novas empresas no território nacional. O levantamento aponta que, entre abril de 2023 e abril de 2024, houve o crescimento de 8,1% das unidades empresariais, o que corresponde a quase 2 milhões de novos CNPJ no período de um ano.
No total, existem quase 24 milhões de unidades empresariais no Brasil, em que mais de 60% correspondem a Microempreendedores Individuais (MEIs). Pazzini justifica o aumento pela necessidade da população de fazer mais dinheiro de forma autônoma com aplicativos de entregas, por exemplo.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro
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