05 de Outubro de 2024

França decide futuro de Macron em segundo turno tenso


Neste domingo (7/7), as atenções se voltam para Paris, 4.200km a noroeste de Teerã. Em clima de tensão, os franceses vão às urnas, no segundo turno das eleições legislativas, para decidir se a extrema direita governará o país pela primeira vez na história. O Reagrupamento Nacional (RN), partido de Marine Le Pen, aposta as fichas em Jordan Bardella, 28 anos, que pode se tornar premiê de Emmanuel Macron, caso a legenda ultraconservadora conquiste a maioria absoluta dos assentos da Assembleia Nacional (Parlamento). Para barrar o avanço dos ultraconservadores, um cordão sanitário — ou "frente republicana" — foi criado pela coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e a aliança de Macron.

A julgar pelas mais recentes pesquisas, a estratégia parece ter sido bem-sucedida. Dois institutos preveem que o RN e aliados terão entre 170 e 210 cadeiras, bem abaixo da maioria absoluta de 289. Em vídeo divulgado na sexta-feira, Bardella pediu aos franceses para que não deixem que a vitória lhes seja roubada. "Não se deixem intimidar. Abram espaço para a alternância e a mudança. Convido vocês a se mobilizarem. Deem-nos uma maioria absoluta para governar e restaurar a França", declarou. Se o RN contrariar as sondagens e controlar a Assembleia Nacional, Macron precisará acordar um improvável governo de coabitação com Bardella.

Fragmentação

Em entrevista ao Correio, o cientista político Bruno Cautrès, professor do Instituto Sciences Po (em Paris), explicou que, caso o RN e a centro-direita formem uma coalizão, garantirão a maioria dos assentos. "Atualmente, apenas uma minoria de deputados dos Republicanos (centro-direita) escolheram essa opção. O partido está bem dividido sobre a estratégia a seguir. Até agora, sua posição é por 'nem um, nem outro': nem Macron nem Bardella." A depender do resultado das urnas, a França poderá ser jogada no limbo político.

Jordan Bardella: esperança de levar a extrema direita ao poder pela primeira vez
Jordan Bardella: esperança de levar a extrema direita ao poder pela primeira vez (foto: Bertrand Guay/AFP)
 

De acordo com Cautrès, a frente republicana consiste em candidatos de outros grupos políticos (o partido de Macron e seus aliados, mais à esquerda) se retirando da disputa para apoiar o melhor nome cotado para derrotar o RN. "O partido Republicanos não queria se unir às desistências de candidaturas. As pesquisas mostram que a tática não evitará a vitória do RN, mas impedirá que ele obtenha a maioria absoluta. A esquerda ficaria em segundo lugar, com o partido de Macron em terceiro."

Diretora do Instituto de Estudos Europeus da Universidade Cornell (EUA), Mabel Berezin disse ao Correio que não se pode falar em derrota do RN, à medida que as pesquisas indiquem a liderança da coalizão de esquerda, com a extrema direita um pouco atrás. "Nesse cenário, Bardella não será premiê", observou.

Ela alerta que Le Pen e Bardella não abandonarão a cena política. "Ambos assumirão qualquer poder que puderem ter e pavimentarão o caminho para as eleições presidenciais, em 2027. Como os franceses têm inclinação pela ordem, encontarão uma solução para evitar o caos." 

Bruno Cautrès, especialista do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) e professor no instituto Sciences Po (em Paris)
Bruno Cautrès, especialista do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) e professor no instituto Sciences Po (em Paris) (foto: Arquivo pessoal)

"O mais provável cenário é o de um limbo político. Poderá haver dois resultados, se ninguém obtiver a maioria absoluta dos assentos no Parlamento: uma solução ao 'estilo italiano', com um governo 'técnico' liderado por um alto funcionário apolítico; ou uma solução ao 'estilo alemão', com uma coligação entre o partido de Macron, a centro-direita e a centro-esquerda. A não ser que o Reagrupamento Nacional surpreenda e obtenha maioria absoluta."
Bruno Cautrès, especialista do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) e professor no instituto Sciences Po (em Paris)

Fonte: correiobraziliense

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