22 de Novembro de 2024

EUA: Após pedir união, Biden volta ao ataque contra Trump


Em uma tentativa de acenar aos eleitores afroamericanos, o presidente dos EUA, Joe Biden, fez a primeira aparição pública desde o atentado contra o republicano Donald Trump, no último sábado. O democrata subiu ao palco da 115ª Convenção da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), em Las Vegas, às 14h10 (18h10 em Brasília) desta terça-feira (16/7), e abandonou o tom amistoso, menos de 72 horas depois da tentativa de assassinato do rival. "Somente porque devemos baixar a temperatura, e a nossa política está relacionada à violência, não significa que deveríamos deixar de falar a verdade. (...) A presidência de Trump foi um inferno para os americanos negros", afirmou Biden, em um discurso enfático e enérgico.

A 2,8 mil quilômetros dali, em Milwaukee (Wisconsin), a Convenção Nacional Republicana uniu ex-adversários políticos de Trump em solidariedade ao magnata, como Ron DeSantis, governador da Flórida, e Nikki Haley, ex-embaixadora dos EUA nas Nações apelidada pelo ex-presidente, no passado, de "cérebro de passarinho". Haley chamou o agora aliado de "inelegível" e "inadequado para o cargo".

Trump e o candidato a vice, o senador J.D. Vance, também marcaram presença no Fiserv Forum. Na noite de segunda-feira (15/7), o ex-republicano fez uma entrada triunfal na convenção do partido e foi ovacionado pela multidão, enquanto usava uma bandana na orelha direita. 

Bonés e a foto de Trump ferido após o atentado de sábado são vendidos do lado de fora do Firserv Forum, onde ocorre a Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee
A foto icônica de Trump ferido e com o punho cerrado é vendida em Milwaukee, ao lado de bonês (foto: Brendan Smialowski/AFP)

No seu pronunciamento, Biden acusou Trump de "mentir como o inferno" sobre a economia dos Estados Unidos. "O desemprego entre americanos negros atingiu uma baixa recorde no meu governo. (...) Ele explodiu a economia", acusou. Biden prometeu que seu governo "se parecerá com os EUA". "Tenho orgulho do governo mais diverso da história", disse. Ele tornou a reconhecer que a política norte-americana "ficou aquecida demais e fez um apelo à paz. "Todos nós temos a responsabilidade de baixar a temperatura de de condenar violência em quaisquer formas. Vamos dizer, a uma só voz: 'As balas não são a resposta'", pediu. 

O presidente lembrou que "mais crianças morrem, nos EUA, por disparos de armas de fogo do que por qualquer outro motivo". "Isso é espantoso e doentio! Quem repudiar a violência na América una-se a mim e vamos tirar as armas de todas as ruas do país. É hora de torná-las ilegais", defendeu Biden. Ele prometeu proibir a venda de fuzis semiautomáticos semelhantes ao usado pelo atirador Thomas Matthew Crooks, 20 anos, para tentar assassinar Donald Trump, no último sábado, na cidade de Butler (Pensilvânia). O atentado matou um simpatizante do republicano e feriu gravemente outros dois. Trump foi ferido de raspão na orelha, e o criminoso, abatido pelo Serviço Secreto. 

Novos detalhes da investigação revelam que um agente do Serviço Secreto conseguiu subir no telhado do silo usado por Crooks para tentar matar o ex-presidente, mas desequilibrou-se e caiu, quando se viu na mira do fuzil. Três franco-atiradores estavam posicionados no mesmo prédio onde o criminoso se encontrava. Um deles fotografou Crooks e alertou a cadeia de comando responsável pela segurança do evento, mas nenhuma providência foi tomada. O atirador somente foi neutralizado depois de disparar contra Trump. 

Suposto complô do Irã

A imprensa dos EUA divulgou que as autoridades do país obtiveram dados sobre um suposto complô do Irã para assassinar Trump. As informações repassadas por "uma fonte humana", segundo a emissora CNN, levaram o Serviço Secreto a reforçar a segurança do ex-presidente republicano. No entanto, não há indicações de que a suposta conspiração estaria associada ao atentado do último sábado (13/7). Trump teria tomado conhecimento do caso antes do comício em Butler, na Pensilvânia. 

Em janeiro de 2020, sob o governo Trump, os Estados Unidos bombardearam o carro que conduzia Qasem Soleimani, comandante da Guarda Revolucionária Iraniana. A execução de Soleimani seria um dos pretextos para um atentado contra a vida do magnata republicano. Ainda de acordo com a CNN, advertências sobre o planejamento operacional de um ataque a Trump coincidiram com o aumento nas menções a Trump em perfis iranianos nas redes sociais, inclusive da mídia estatal. A mídia dos EUA anunciou que Biden considera "seriamente" endossar grandes reformas na Suprema Corte, como limitar a instituição a nove juízes e apoiar mudanças éticas e na imunidade dos magistrados. 

O perfil do atirador

Thomas Matthew Crooks, 20 anos, morava em Bethel Park, a 70km da cidade de Butler (Pensilvânia), local do atentado. Descrito por colegas de escola como um jovem tranquilo e solitário, Crooks registrou-se como eleitor do Partido Republicano, mas doou US$15 para o ActBlue, um site de arrecadação de fundos do Partido Democrata. 

Thomas Matthew Crooks
Thomas Matthew Crooks (foto: AFP/Reprodução)

O alerta das testemunhas

Por várias vezes, simpatizantes do Partido Republicano que estavam no comício de Trump alertaram sobre a presença do atirador no telhado do silo. Um vídeo divulgado pelas redes sociais mostra um homem apontado para o atirador: "Sim, ele está no topo do telhado, olhem! Ele está deitado". Ao fundo, escuta-se a voz de Trump. "Policial, olhe aqui. Bem ali no telhado", grita uma mulher. 

O atirador Thomas Matthew Crooks posicionado sobre o telhado de silo, pouco antes de disparar contra Trump
O atirador Thomas Matthew Crooks posicionado sobre o telhado de silo, pouco antes de disparar contra Trump (foto: X/Reprodução)

Policial cai do telhado

Com a ajuda de um colega, um agente subiu no telhado e ficou cara a cara com o atirador Thomas Matthew Crooks, 20 anos, que apontou o fuzil em sua direção. O policial caiu de uma altura de mais de 2 metros e machucou gravemente o tornozelo. Crooks começou a disparar em direção a Trump. 

Franco-atiradores no prédio

Pelo menos três snipers (franco-atiradores) estavam dentro do prédio de onde o atirador disparou contra Trump. Um deles viu Crooks examinando o telhado e carregando um telêmetro (dispositivo de precisão para medir distâncias em tempo real), antes de sumir por algum tempo e retornar ao local com uma mochila. O sniper tirou uma foto do atirador e informou o centro de comando. Crooks conseguiu subir no telhado escalando um aparelho de ar condicionado. 

Arma e explosivos

O fuzil AR-15 semiautomático calibre .556 pertencia ao pai de Crooks e foi comprado, legalmente, 11 anos atrás. Na manhã de sábado, horas antes do atentado, o atirador comprou 50 munições. Policias encontraram explosivos dentro do carro de Crooks.

Robert Kennedy, sobrinho de John F. Kennedy, fala com Trump ao telefone sobre atentado
Robert Kennedy, sobrinho de John F. Kennedy, fala com Trump ao telefone sobre atentado (foto: Reprodução)

Um vídeo vazado de uma conversa entre Robert F. Kennedy Jr., sobrinho do presidente assassinado John F. Kennedy, e Donald Trump causou mal-estar. "Bobby" Kennedy, candidato independente, se desculpou pela divulgação do telefonema. "Quando o presidente Trump me ligou, eu estava gravando com um cinegrafista, em casa. Eu deveria tê-lo ordenado a parar de gravar. Fiquei mortificado por isso ter sido publicado (nas redes sociais). Peço desculpas ao presidente (Trump)", escreveu na rede social X. Durante a conversa, Trump convidou Kennedy a apoiá-lo. "Tenho algo enorme para você. Nós ganharemos! (...) Joe (Biden)... Foi bem legal, ele me telefonou e me perguntou: 'Como você desviou a cabeça para a direita?' (...) Virei a cabeça e algo como o maior mosquito do mundo me atingiu. Era uma bala."

 

Fonte: correiobraziliense

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