O secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã, Nguyen Phu Trong, considerado o líder mais poderoso do país e que estava no poder desde 2011, morreu nesta sexta-feira (19), aos 80 anos, devido a uma doença.
Trong foi o primeiro secretário-geral do Partido Comunista a morrer no cargo desde Le Duan, companheiro de armas do líder da independência, Ho Chi Minh, em 1986.
"Devido à sua idade avançada e a uma doença, ele morreu às 13h38", em um hospital militar de Hanói, anunciou o partido, que havia informado na véspera que Trong havia cedido temporariamente o poder por motivo de saúde e que ele seria substituído interinamente pelo presidente To Lam, 67, que desempenha um papel simbólico.
Na estrutura política do Vietnã, o poder recai sobre o secretário-geral do Partido Comunista, que está acima do presidente, do primeiro ministro e do presidente da Assembleia Nacional.
No cargo desde 2011, Trong alcançou uma longevidade notável no poder, mas seu estado de saúde alimentou dúvidas sobre sua permanência à frente do país até à eleição de um sucessor no congresso do partido, previsto para 2026.
Durante seus anos no cargo, o Vietnã seguiu uma tendência autoritária, segundo grupos de defesa dos direitos humanos. Suas políticas contribuíram para ampliar o controle da máquina comunista sobre o país, em um momento de auge do comércio, mas às custas das liberdades fundamentais.
O país possui uma economia dinâmica, com empresas como a fabricante de carros elétricos VinFast, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um crescimento de 5,8% em 2024, embora o PIB per capita seja de 4.620 dólares (R$ 25.658).
O presidente americano, Joe Biden, elogiou Trong como "um defensor dos laços profundos" entre dois povos, e lhe agradeceu por sua contribuição para "promover a amizade e parceria" das quais os dois países "desfrutam atualmente", deixando para trás a guerra sangrenta que terminou em 1975.
Considerado um tecnocrata com boas relações com a China, Trong foi o primeiro líder a cumprir três mandatos consecutivos à frente do Partido Comunista vietnamita, após a abertura da economia, em 1986.
O Partido Comunista chinês e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, enviaram mensagens de condolências a Hanói, segundo informaram os veículos estatais.
O presidente russo, Vladimir Putin, chamou Trong de "amigo verdadeiro" da Rússia, com quem se reuniu pela última vez em junho, durante uma viagem a Hanói.
Na América Latina, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, descreveu Trong como um "fiel amigo" da ilha, enquanto o venezuelano Nicolás Maduro o recordou como um "lutador incansável por seu povo e um guia intelectual das grandes transformações" no Vietnã.
Durante seu mandato, Trong estruturou o partido à sua volta e foi beneficiado por uma década de crescimento econômico que reforçou sua legitimidade. Ele foi o idealizador de uma campanha que levou à Justiça mais de 4.400 pessoas por mais de 1.700 casos de corrupção e fraude desde 2021.
To Lam, ex-ministro da Segurança Pública, posiciona-se como principal candidato para suceder Trong.
A morte de Nguyen Phu Trong ocorre dois dias antes do 70º aniversário dos acordos de Genebra, que encerraram a Guerra da Indochina e selaram a divisão do Vietnã entre o norte, comunista, e o sul, pró-Estados Unidos.
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