22 de Novembro de 2024

Veja como pessoas 50+ podem se recolocar no mercado de trabalho


A diversidade nos processos de contratação tem sido um tema frequente em fóruns empresariais, com um destaque especial para a inclusão etária, que teve uma expansão significativa nos últimos anos no Brasil. Em pouco mais de uma década, o país viu um aumento de mais de 110% no número de trabalhadores com mais de 50 anos, passando de 4 milhões para 9 milhões, segundo o Ministério do Trabalho.

Atualmente, o país possui 55 milhões de pessoas com mais de 50 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este grupo demográfico se caracteriza por um alto nível de experiência e especialização. Dados da Agência Brasil mostram que 38% dessa faixa etária têm o ensino médio completo e 24% concluíram o ensino superior, indicando uma força de trabalho não apenas maior, mas também altamente qualificada.

O mercado de trabalho está mostrando uma maior abertura para a contratação de pessoas 50+, valorizando a senioridade e a experiência profissional consolidada desses profissionais, observa Renata Fonseca, psicóloga, especialista em Pessoas e Cultura e sócia da Refuturiza, ecossistema pioneiro a unir educação e empregabilidade.

“Essas contratações são impulsionadas por uma agenda de diversidade e inclusão que está ganhando muita força nas empresas”, afirma. Este movimento é uma resposta à necessidade de trazer perspectivas variadas e aproveitar a rica bagagem de conhecimento desses profissionais.

Apesar da abertura do mercado, Renata Fonseca destaca que ainda existe um preconceito de que pessoas 50+ são desatualizadas, principalmente em termos de novas tecnologias. “É fundamental que esses profissionais mostrem, por meio de exemplos práticos, que estão atualizados e têm muito a contribuir”, explica.

Outro ponto que precisa ser desconstruído é o clichê de que pessoas mais velhas são menos abertas a mudanças. “Embora possa haver um estereótipo de que profissionais mais velhos são resistentes a mudanças, o fato de já terem passado por diversas experiências e desafios ajuda na construção da competência de se adaptar às mudanças e na construção de uma resiliência para lidar com novos desafios”, atesta Renata Fonseca.

A profissional ressalta que profissionais 50+ trazem talentos e habilidades únicas que só a experiência é capaz de desenvolver, tais como:

“O público 50+ precisa ocupar um lugar diferente e complementar ao público mais jovem, e não ‘competir’ pelo mesmo espaço”, ressalta Renata Fonseca.

Como exemplo do que a profissional indica, ganha destaque o filme “O senhor estagiário” (2015), no qual o personagem interpretado por Robert De Niro, Ben Whittaker, um homem de 70 anos, decide se candidatar a um programa de estágio na startup de moda que ocupa o prédio da empresa na qual ele trabalhou durante décadas.

Na construção da sua relação com a CEO e fundadora da startup, Jules (Anne Hathaway), o senhor estagiário mostra como a experiência é fundamental na resolução de problemas, tornando-se um mentor não só para Jules, mas para vários outros funcionários de diferentes gerações.

Vemos a resiliência do profissional, a dedicação diária ao aprendizado contínuo, a disponibilidade para ensinar e a proatividade, afinal foi dele a iniciativa de organizar a mesa da bagunça que tanto irritava a liderança. Com paciência, troca de experiências e sem perder o seu estilo, o senhor estagiário torna-se indispensável à equipe.

Para aqueles que estão se preparando para voltar ao mercado de trabalho, Renata Fonseca aconselha:

Para se sair bem em entrevistas, especialmente para aqueles que estão fora do mercado há algum tempo, Renata Fonseca sugere:

Saber quais as tendências do mercado e como elas estão de acordo com as habilidades e competências do profissional é um passo importante. Para isso, há testes disponíveis no mercado, como o DISC, que ajudam a traçar o perfil comportamental e, assim, identificar os pontos positivos e aqueles que precisam ser desenvolvidos para exercer a nova função a fim de ingressar em uma nova carreira.

Neste ponto, de acordo com Renata Fonseca, é preciso também comprometimento das empresas, sobretudo da área de Pessoas e Cultura, por meio de processos seletivos que promovam o preenchimento de vagas por pessoas diversas, assim como o cultivo de um ambiente de trabalho que permita que todos os membros da equipe prosperem.

Por Denise Freire

Fonte: correiobraziliense

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