22 de Novembro de 2024

Quem são os principais líderes do Hamas e que papel têm no conflito com Israel


O Hamas anunciou que Ismail Haniyeh, um de seus mais proeminentes líderes, foi morto em Teerã, no Irã, na madrugada desta quarta-feira (31/7).

Haniyeh morreu após um ataque aéreo realizado por volta das 2h, no horário local, segundo o grupo.

O Hamas culpa Israel pelo ataque — as forças israelenses ainda não se manifestaram, mas já haviam prometido anteriormente eliminar os líderes do grupo palestino.

Haniyeh — que era de Gaza, mas viveu no Catar durante vários anos — estava em Teerã para assistir à posse do presidente iraniano.

Mas quem era Ismail Haniyeh? Conheça a seguir o que se sabe sobre ele — e sobre outros cinco líderes políticos e militares do Hamas.

Ismail Haniyeh, também conhecido como “Abu Al-Abd”, nasceu num dos campos de refugiados palestinos.

Ele era chefe do gabinete político do Hamas e foi primeiro-ministro do décimo governo da autoridade palestina, entre 2006 e 2007.

Antes, em 1989, Israel o prendeu por três anos. Depois, ele foi para o exílio com vários líderes do Hamas em Marj al-Zuhur, na fronteira entre o Líbano e a Palestina, onde passou um ano inteiro em 1992.

Depois desse ano no exílio, voltou a Gaza e, em 1997, foi nomeado chefe do gabinete do xeque Ahmed Yassin, o líder espiritual do Hamas, o que reforçou a posição dele no movimento islâmico.

Em 2003, ele sobreviveu a uma tentativa de assassinato realizada por Israel. Na ocasião ele estava junto com o fundador do Hamas.

Um ano depois de sua nomeação como primeiro-ministro, Haniyeh foi destituído do cargo pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

A saída do cargo ocorreu após as brigadas Al-Qassam tomarem controle da Faixa de Gaza, expulsando membros do grupo Fatah durante uma semana de violência que deixou muitos mortos.

À época, Haniyeh classificou a destituição como “inconstitucional” e proclamou que o seu governo continuaria “cumprindo as suas responsabilidades nacionais para com o povo palestino”.

Desde então, Haniyeh defendeu a reconciliação com o movimento Fatah em diversas ocasiões e, em 6 de maio de 2017, foi eleito chefe do escritório político do Hamas.

Considerado um político pragmático, Haniyeh mantinha boas relações com outros grupos palestinos rivais.

Ele foi eleito chefe do gabinete político do Hamas em 2017. Nos últimos anos, viveu no exílio, deslocando-se entre a Turquia e o Catar.

Ele desempenhava um papel fundamental nas negociações sobre um acordo de cessar-fogo em Gaza.

Assim que a fundação do Hamas foi anunciada, Mohammed Deif juntou-se às suas fileiras sem hesitar.

As autoridades israelenses prenderam Deif em 1989 e ele passou 16 meses na prisão.

Durante o tempo na prisão, Al-Deif se juntou a Zakaria Al-Shorbagy e Salah Shehadeh para criar um movimento separado do Hamas com o objetivo de capturar soldados israelenses. Tratava-se das brigadas Izz al-Din al-Qassam.

Após a sua libertação, as brigadas al-Qassam surgiram como uma formação militar, e Deif foi um dos seus fundadores.

Ele também foi o engenheiro responsável por construir os túneis através dos quais os combatentes do Hamas se infiltraram em Israel a partir de Gaza e promoveu a estratégia de lançar um maior número de foguetes contra o território israelense.

As acusações mais graves contra ele incluem o planejamento e a supervisão de uma série de operações de vingança pelo assassinato de Yahya Ayyash — responsável no Hamas por produzir bombas, entre as quais aquelas alocadas em um ônibus e que mataram cerca de 50 israelenses no início de 1996.

Ele também é acusado de participar da captura e morte de três soldados israelenses em meados da década de 1990.

Israel o prendeu em 2000, mas ele conseguiu escapar logo no início do que é conhecido como a “Segunda Intifada” e está foragido desde então.

Há três fotografias dele: uma é bem antiga, na segunda ele aparece mascarado e a terceira é uma imagem de sua sombra.

Em uma das tentativas de matá-lo, em 2002, Deif sobreviveu milagrosamente, mas perdeu um olho. Israel diz que ele também perdeu um pé e uma mão e tem dificuldade para falar por causa dos ataques sofridos.

Em 2014, durante a guerra iniciada por Israel na Faixa de Gaza, que durou mais de 50 dias, o exército israelense também não conseguiu matá-lo, mas matou a esposa dele e dois dos seus filhos.

Sua capacidade de sobreviver lhe rendeu o apelido de “O Gato de 9 vidas”.

Mas, acima de tudo, ele é conhecido como “O Hóspede”, porque não fica no mesmo lugar mais de uma noite e todos os dias pernoita numa nova casa para escapar da perseguição israelense.

Ele também ficou conhecido com o apelido de "Abu Khaled", por seu papel em uma peça chamada O Palhaço, na qual interpretou a figura histórica que viveu no período entre as dinastias Omíada e Abássida. Na Universidade Islâmica de Gaza, onde cursou biologia, ele era apaixonado por atuar e tinha um grupo de teatro.

Marwan Issa, conhecido como “O Homem das Sombras” e braço direito de Mohamed Al-Deif, é o vice-comandante-chefe das brigadas al-Qassam e membro do gabinete político e militar do Hamas.

As forças israelenses o mantiveram preso por cinco anos durante a chamada “Primeira Intifada” devido à sua atividade nas fileiras do Hamas, grupo ao qual se juntou ainda jovem.

Israel o descreve como um homem de “ações, não de palavras” e assegura que ele é tão inteligente que “pode transformar plástico em metal”. O país considera que, enquanto ele estiver vivo, a “ guerra de cérebros” com o Hamas continuará.

Issa se destacou como jogador de basquete e foi apelidado de “O Comando Palestino”. No entanto, ele não progrediu em sua carreira esportiva, pois Israel o prendeu em 1987, após acusá-lo de pertencer ao Hamas.

A Autoridade Palestina posteriormente o deteve em 1997 e só o libertou depois da eclosão do que é conhecido como a "Intifada Al-Aqsa", em 2000.

Após a sua libertação, Issa desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento dos sistemas militares das brigadas Al-Qassam.

Devido ao seu papel de destaque no Hamas, Issa foi perseguido por Israel, que incluiu o nome dele na lista dos mais procurados e tentou assassiná-lo em 2006 durante uma reunião que incluía Deif e os líderes de primeiro escalão das brigadas Al-Qassam, mas ele só ficou ferido.

Os aviões de guerra israelenses também destruíram a casa dele em Gaza duas vezes, em 2014 e 2021, matando o irmão dele.

O rosto dele só foi conhecido em 2011, quando apareceu em uma foto em grupo tirada durante a recepção de prisioneiros libertados no acordo de troca para a libertação do soldado israelense Gilad Shalit.

Yahya Ibrahim Al-Sinwar, líder do Hamas e chefe do seu gabinete político na Faixa de Gaza, nasceu em 1962.

Ele fundou o serviço de segurança do Hamas conhecido como “Majd”, que cuida da segurança interna, incluindo interrogatórios de suspeitos de colaborar com Israel. Esse órgão evoluiu para rastrear também os serviços de inteligência e segurança israelenses.

Sinwar foi preso três vezes. A primeira, em 1982, quando as forças israelenses o mantiveram em detenção administrativa durante quatro meses.

Em sua terceira prisão, em 1988, Sinwar foi condenado a quatro penas de prisão perpétua. Enquanto estava na prisão, o tanque do soldado israelita Gilad Shalit foi alvo de um ataque de mísseis do Hamas, tornando-o refém.

Shalit era, de certa forma, apenas uma pessoa normal, um homem comum. O público considerava que poderia ser seu filho ou irmão e pressionou o governo de Israel a fazer todo o possível para libertá-lo.

Isso aconteceu por meio de uma troca de prisioneiros à qual alguns palestinos se referiram como "Lealdade dos Livres", que incluiu muitos prisioneiros dos movimentos Fatah e Hamas, entre os quais estava Yahya Sinwar, libertado em 2011.

Sinwar regressou então à sua posição de líder sênior do Hamas e membro de seu gabinete político.

Em setembro de 2015, os Estados Unidos incluíram o nome dele na sua lista de “terroristas internacionais”.

Em 13 de fevereiro de 2017, Yahya Sinwar foi eleito chefe do gabinete político do Hamas.

Abdullah Ghaleb Al-Barghouti nasceu no Kuwait em 1972 e mudou-se para a Jordânia após a Guerra do Golfo, em 1990.

Ele obteve a cidadania jordaniana e depois estudou engenharia eletrônica em uma universidade sul-coreana por três anos, quando aprendeu a fabricar explosivos.

Ele não concluiu os estudos porque conseguiu uma permissão de entrada nos territórios palestinos.

As pessoas ao redor dele desconheciam suas habilidades na fabricação de explosivos até que, um dia, ele levou seu primo Bilal Al-Barghouti a uma área remota na Cisjordânia e demonstrou suas habilidades, detonando uma pequena quantidade de material explosivo.

Bilal Al-Barghouti partiu para a cidade de Nablus para relatar os detalhes do que tinha visto ao então comandante das brigadas, que pediu que Abdullah se juntasse às fileiras das brigadas al-Qassam.

Abdullah Barghouti trabalhou na produção de artefatos explosivos, detonadores e substâncias tóxicas. Ele criou uma fábrica especial para produção militar em um armazém em sua cidade. O número total de mortos nas operações coordenadas e dirigidas por Abdullah passa de 66 israelenses, além de 500 feridos.

Ele foi preso por acaso em 2003 pelas forças especiais israelenses e interrogado durante três meses consecutivos.

Dezenas de familiares dos israelenses mortos compareceram ao julgamento dele, que recebeu a sentença mais longa da história do país. Outros consideraram a pena mais longa para um prisioneiro na história, com 67 penas de prisão perpétua e um total de 5.200 anos de reclusão.

Ele realizou uma greve de fome que pôs fim ao seu confinamento solitário.

Barghouti, que continua preso em Israel, foi apelidado de “O príncipe das Sombras” depois de escrever dentro da prisão um livro com esse título, no qual ele fala sobre a vida dele e os detalhes das operações que realizou ao lado de outros prisioneiros.

No livro, ele descreveu como contrabandeou explosivos através dos postos de controle militares israelenses e realizou operações de bombardeio remoto, com detalhes precisos.

Khaled Meshaal ou “Abu Al-Walid” nasceu na aldeia de Silwad, em 1956. Ele recebeu educação primária lá antes da família migrar para o Kuwait, onde completou sua educação na escola primária e secundária.

Meshaal é considerado um dos fundadores do Hamas e é membro do seu gabinete político desde a sua criação.

Ele assumiu a presidência do gabinete político do Hamas, entre 1996 e 2017, e foi nomeado líder após a morte do xeque Ahmed Yassin, em 2004.

Em 1997, o Mossad israelense tentou assassiná-lo sob instruções diretas do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que pediu ao chefe da agência de inteligência que preparasse um plano para levar a operação a cabo.

Dez agentes do Mossad entraram na Jordânia com passaportes canadenses falsos e injetaram uma substância tóxica em Khaled Meshaal enquanto ele caminhava por uma rua da capital, Amã.

As autoridades jordanianas descobriram a tentativa de assassinato e prenderam dois membros do Mossad envolvidos.

O falecido rei jordaniano Hussein bin Talal pediu ao primeiro-ministro israelense o antídoto para a substância tóxica que tinha sido injetada em Khaled Meshaal.

Netanyahu inicialmente rejeitou o pedido, mas a tentativa de assassinato adquiriu uma dimensão política e o então presidente dos EUA, Bill Clinton, convenceu o primeiro-ministro a finalmente enviar o antídoto.

Khaled Meshaal voltou à Faixa de Gaza em 7 de dezembro de 2012. Foi a sua primeira visita aos territórios palestinos desde que os deixou, aos 11 anos. Ele foi recebido por líderes palestinos e multidões a caminho da cidade de Gaza.

Em 6 de maio de 2017, o Conselho Shura do Hamas elegeu Ismail Haniyeh para sucedê-lo como chefe do seu gabinete político.

Filho de pai palestino e mãe egípcia, Mahmoud Al-Zahar nasceu em 1945 na cidade de Gaza e viveu os primeiros anos da infância na cidade de Ismailia, no Egito.

Ele teve sua educação primária, média e secundária em Gaza. Al-Zahar recebeu o diploma de bacharel em medicina geral pela Universidade Ain Shams, no Cairo, em 1971, e o título de mestre em cirurgia geral em 1976.

Após se formar, ele trabalhou como médico em hospitais em Gaza e Khan Younis até que as autoridades israelenses o demitiram devido às suas posições políticas.

Al-Zahar é considerado um dos líderes de maior destaque no Hamas e membro da liderança política do movimento.

Ele ficou preso em Israel durante seis meses, em 1988, um semestre após a fundação do Hamas, e estava entre os deportados por Israel, em 1992, para Marj Al-Zuhur, onde passou um ano inteiro.

Depois que o Hamas venceu as eleições legislativas de 2005, Al-Zahar serviu como ministro das Relações Exteriores no governo do primeiro-ministro Ismail Haniyeh — até que o então presidente Mahmoud Abbas anunciou a dissolução do governo.

Israel tentou assassinar Al-Zahar em 2003 com uma bomba de meia tonelada lançada de um avião F-16 sobre a casa dele, no bairro de Al-Rimal, na cidade de Gaza. Na ocasião, ele teve alguns ferimentos leves, mas o filho mais velho dele, Khaled, morreu.

Em 15 de janeiro de 2008, o segundo filho dele, Hossam, que era membro das brigadas Al-Qassam, foi morto junto com outras 18 pessoas numa ofensiva aérea israelense no leste de Gaza.

Al-Zahar escreveu obras intelectuais, políticas e literárias, incluindo O Problema da Nossa Sociedade Contemporânea... Um Estudo do Alcorão e Sem lugar sob o Sol, em resposta ao livro O discurso político islâmico, de Benjamin Netanyahu.

Fonte: correiobraziliense

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