22 de Novembro de 2024

Dieta com restrição calórica tem sucesso na remissão da diabetes


Uma intervenção dietética baseada principalmente em sopas, barras e shakes resultou na remissão de diabetes 2 em um terço dos participantes. A estratégia é promovida gratuitamente pelo Instituto Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) e inclui um regime alimentar com acompanhamento médico e psicológico. Dados preliminares da pesquisa, publicados na revista The Lancet, mostram que 32% dos 7.540 mil voluntários chegaram ao fim do programa de 12 meses sem mais necessidade de usar medicamentos. 

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O programa do NHS consiste na substituição total das refeições por shakes, barras e sopas de baixa caloria elaborados por nutricionistas especificamente para essa dieta. Nas 12 primeiras semanas, o cardápio é restritivo e composto por 800 calorias a 900 calorias por dia. Depois desse período, outros alimentos são reinseridos. Durante todo o tempo, os participantes recebem assistência médica em sessões individuais, presenciais ou on-line. 

No universo estudado, os participantes que concluíram o programa perderam, em média, 16kg. O sobrepeso e a obesidade são os principais fatores de risco de diabetes 2, doença crônica que afeta 422 milhões de pessoas globalmente, segundo a Organização Mundial da Saúde, sendo 20 milhões delas no Brasil. O Programa Caminho para a Remissão do Diabetes Tipo 2 do NHS inclui pessoas de 18 a 65 anos, com índice de massa corporal (IMC) acima de 27kg/m2 (brancos) ou 25kg/m2 (negros, asiáticos e outros grupos étnicos). Desde o início, em 2000, mais de 25 mil pessoas participaram. 

Pesquisador do Departamento de Ciências da Saúde Primária da Universidade de Oxford, no Reino Unido, Dimitrios Koutoukidis ressalta que qualquer intervenção dietética, especialmente as restritivas, têm de ser acompanhadas por profissionais de saúde, e que ninguém deve tentar substituir refeições por shakes e sopas sem prescrição médica. "Existem duas diferenças principais entre o programa do NHS e outras formas de dieta restritiva", diz. "Primeiro, as pessoas não tentaram perder peso por conta própria, mas receberam suporte para ajudá-las a ter sucesso. Segundo, as sopas e shakes usados são regulamentados, para garantir que sejam seguros e nutritivos", destaca. 

Em nota, a diretora clínica nacional de Diabetes e Obesidade do NHS, Clare Hambling, ressaltou a importância de um programa bem estruturado baseado em hábitos saudáveis para combater a epidemia de diabetes. "O programa pode ter um grande impacto na vida dos participantes. Essas descobertas mostram que um grande número daqueles que o concluíram viram benefícios transformadores, incluindo grande perda de peso e remissão do diabetes tipo 2." Segundo Hambling, a obesidade é um dos maiores e mais custosos desafios para os sistemas de saúde globalmente. "Então, ver resultados tão encorajadores do nosso programa mostra que a obesidade pode ser enfrentada."

A médica endocrinologista Deborah Beranger, do Rio de Janeiro, destaca a importância da alimentação saudável para proteger o paciente de diabetes 2, ressaltando que os pacientes devem evitar, especialmente, os ultraprocessados. "São itens prontos para consumo ou de fácil preparo, muitas vezes ricos em açúcar, sódio e gorduras, além de baixos níveis de fibras, proteínas, vitaminas e minerais", explica. "Adultos diabéticos que consomem esses alimentos tiveram um risco duas vezes e meia maior de morte por doenças do coração em comparação com aqueles que seguiam a dieta mediterrânea", diz Beranger, citando um estudo recente. 

A recomendação de Deborah Beranger é o consumo de alimentos nutricionalmente balanceados que sejam fonte de fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis. "Padrões alimentares como a dieta mediterrânea e a dieta DASH, que colocam grande ênfase em grupos de alimentos (por exemplo, grãos integrais, legumes, nozes, frutas e vegetais), independentemente do processamento dos alimentos, são bem-vindas", observa. 

A endocrinologista Thaís Castanheira de Freitas Resende, do centro clínico Órion Complex, em Goiânia, também lembra que pessoas com diabetes devem evitar o consumo frequente de açúcar. A médica destaca a importância de reduzir os carboidratos. "Não se recomenda a eliminação dos carboidratos na dieta, mesmo em pacientes diabéticos. Recomenda-se uma dieta balanceada, obedecendo à proporção de carboidratos 55%, gorduras 35% e proteínas 20% das calorias consumidas no dia", ensina.

 


"A pesquisa representa um passo significativo na nossa luta para reduzir os problemas crônicos de saúde que se desenvolvem em pessoas que vivem com diabetes tipo 2. O programa do NHS reduziu significativamente o peso, melhorou o controle da glicose e eliminou a necessidade de medicamentos em um em cada três daqueles que o concluíram, dentro de 12 meses. Existem benefícios de saúde bem estabelecidos associados a todos esses resultados, incluindo a redução do risco de doença renal e cardíaca crônica, e, portanto, deve melhorar muito a qualidade de vida dos pacientes."

Calum Sutherland, especialista em diabetes 2 na Universidade de Dundee, na Escócia

Mulheres que desenvolvem diabetes gestacional não têm mais probabilidade de serem diagnosticadas com câncer de mama, segundo um estudo com mais de 700 mil mulheres, que será apresentado em setembro na Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (Easd), em Madri. A condição, que pode surgir durante a gestação,  afeta 14% das grávidas no mundo e está se tornando mais comum, sendo os principais fatores de risco a obesidade, o histórico familiar de diabetes e a idade mais avançada. 

Mulheres que tiveram diabetes gestacional têm maior probabilidade de desenvolver a forma crônica da doença. A condição também está associada ao risco elevado de males cardiovasculares, síndrome metabólica, doença renal crônica e condições de saúde mental, incluindo depressão pós-parto. Alguns estudos associaram o problema a uma chance maior de diagnóstico posterior de câncer de mama. Porém, esta pesquisa atual demonstrou que não há ligação entre as doenças. 

Como líder do estudo, Maria Hornstrup Christensen, do Hospital Universitário Odense, na Dinamarca, usou registros de nascimento e de saúde de todas as mulheres que deram à luz no país nórdico ao longo de 22 anos. Após excluir aquelas com diabetes ou câncer de mama pré-existentes, a análise chegou a  708.121 pessoas. Dessas, 3,4% desenvolveram a condição gestacional em uma ou mais gravidezes. 

As mulheres foram acompanhadas por 11,9 anos, durante os quais 7.609 receberam diagnóstico de câncer de mama. Porém, as que sofreram de diabetes gestacional não apresentaram probabilidade maior da doença oncológica. "Será reconfortante para mulheres que tiveram diabetes gestacional saber que não correm maior risco de desenvolver câncer de mama. "No entanto, elas precisam estar alertas para o fato de que correm maior risco de algumas condições, incluindo diabetes tipo 2", disse, em nota, Christensen. 

Fonte: correiobraziliense

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