Um ataque aéreo israelense a um prédio escolar que abrigava refugiados palestinos na Cidade de Gaza matou mais de 70 pessoas, segundo informou o diretor de um hospital da região à BBC.
Fadl Naeem, chefe do Hospital al-Ahli, para onde muitas das vítimas foram levadas, disse que esse é o número de vítimas identificadas até o momento. Segundo ele, os restos mortais de muitas outras estão tão desfigurados que a identificação é difícil.
Ele disse que a situação é "catastrófica" e os médicos não estão conseguindo tratar todos os feridos gravemente.
Um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF) disse que a escola Al-Taba'een "servia como uma instalação militar ativa do Hamas e da Jihad Islâmica" com aproximadamente 20 "militantes" operando lá. O Hamas nega essa afirmação.
Outras estimativas do número de mortos também estão na casa das dezenas.
O serviço de emergência do Ministério da Saúde administrado pelo Hamas diz que mais de 60 foram mortos, de acordo com a agência de notícias AP. Já a defesa civil palestina estimou o número em mais de 90 mortos.
A BBC não pôde verificar os números de forma independente.
Israel atacou vários abrigos de refugiados palestinos deslocados internamente em Gaza nas últimas semanas.
De acordo com as Nações Unidas, 477 dos 564 prédios escolares em Gaza foram atingidos diretamente ou danificados até 6 de julho. Pelo menos outros 14 foram alvos de ataques desde então.
A escola Al-Taba'een abrigava mais de 1.000 pessoas - tendo recebido recentemente dezenas de pessoas deslocadas da cidade de Beit Hanoun, depois que o exército israelense ordenou que deixassem suas casas.
O prédio também servia como mesquita. O ataque israelense ocorreu durante as orações do amanhecer, segundo testemunhas.
Jaafar Taha, um aluno que mora perto da escola, disse à BBC que o som do bombardeio foi seguido por gritos e barulho.
"'Salvem-nos, salvem-nos', eles gritavam", ele disse.
"A cena era horrível. Havia partes de corpos por todo lugar e sangue cobrindo as paredes."
Salim Oweis, porta-voz da agência da ONU para crianças, Unicef, disse à BBC que o ataque foi "realmente ultrajante".
"Todas essas escolas estão realmente lotadas de civis, crianças, mães e famílias, que estão se refugiando em qualquer espaço vazio, seja uma escola ou uma mesquita, seja o que for, até mesmo em pátios de hospitais."
O Exército israelense disse que "atingiu precisamente terroristas do Hamas operando dentro de um centro de comando e controle do Hamas incorporado à escola Al-Taba'een".
Uma declaração do porta-voz da IDF, tenente-coronel Nadav Shoshani, disse que "com base na inteligência israelense, aproximadamente 20 militantes do Hamas e da Jihad Islâmica, incluindo comandantes seniores, estavam operando do complexo atingido na escola Al-Tabaeen, usando-o para realizar ataques terroristas".
O porta-voz israelense disse que os números de vítimas divulgados por oficiais do Hamas "não se alinham com as informações mantidas pela IDF, as munições precisas usadas e a precisão do ataque".
O Hamas descreveu o ataque como um "crime horrível e uma escalada perigosa" na "guerra de extermínio contra o povo palestino" de Israel.
O Fatah, rival político palestino do Hamas na Cisjordânia, disse que o objetivo de Israel era "exterminar os palestinos por meio de uma política de matança cumulativa".
O número de vítimas estimado para o ataque deste sábado é maior do que o contabilizado na maioria dos ataques desse tipo.
Mas alvejar prédios escolares se tornou uma característica regular das operações da IDF nas últimas semanas, o que aparentemente faz parte do que o Exército diz ser um esforço contínuo para destruir a infraestrutura militar do Hamas.
Desde o início de julho, mais de uma dúzia de escolas foram atingidas, de acordo com contagens não oficiais. Quatro escolas chegaram a ser alvo de ataques em ujm período de quatro dias.
Todas às vezes, em declarações quase idênticas, a IDF diz que o Hamas está se escondendo nas escolas e as usando como centros de comando para planejar e executar ataques, algo que o Hamas nega.
Muitas das escolas eram administradas pela ONU antes da guerra. As Nações Unidas condenaram veementemente todos os ataques.
Não está claro se este incidente impactará os esforços para chegar a um acordo de cessar-fogo, que já foram prejudicados pelo assassinato do líder político do Hamas Ismail Haniyeh no Irã.
Mas o Egito, um dos mediadores envolvidos nos esforços para a trégua, disse que a "matança deliberada" de palestinos desarmados por Israel mostrou que o país não tinha vontade política para acabar com a guerra.
A Jordânia disse que era "uma indicação dos esforços do governo israelense para obstruir e frustrar esses esforços".
Homens armados liderados pelo Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas em um ataque a Israel em 7 de outubro, levando outras 251 pessoas de volta para Gaza como reféns.
Esse ataque desencadeou uma ofensiva militar israelense massiva em Gaza e a guerra em andamento.
Mais de 39.790 palestinos foram mortos na campanha israelense, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas.
Fonte: correiobraziliense
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