23 de Novembro de 2024

4 formas extremamente raras de engravidar


A menos que tenha faltado às aulas de educação sexual, você provavelmente tem pelo menos um conhecimento básico de como são feitos os bebês.

Um óvulo precisa ser fecundado por um espermatozoide durante uma janela específica dentro do ciclo menstrual para que uma vida seja concebida.

A relação sexual proporciona condições ideais para a reprodução. Mas isso não significa que toda gravidez aconteça desta forma.

Há também exemplos de mulheres que conceberam em circunstâncias extremamente raras, nas quais você esperaria que fosse impossível.

Embora os casos de gravidez resultantes de sexo anal sejam incrivelmente raros, eles acontecem. Mas só ocorreram em pessoas com uma anomalia reprodutiva chamada malformação cloacal.

Esta anomalia afeta uma a cada 50 mil mulheres, e requer cirurgia corretiva.

Mesmo assim, existe uma grande probabilidade de levar a complicações como insuficiência renal, incontinência, dificuldade para engravidar e maior risco de parto prematuro.

A cloaca é um "orifício comum" para urinar, defecar e reproduzir. Normalmente, ela é vista em répteis, aves e até mesmo em ornitorrincos.

Nos seres humanos, o tecido cresce e divide a cloaca em duas ou três aberturas, dependendo do sexo. Porém, em casos raros, esse tecido não consegue separar completamente o reto da cavidade vaginal.

Quando isso acontece, os espermatozoides podem nadar por meio de qualquer abertura na parede do tecido divisor em direção ao óvulo para fecundá-lo. E, como de costume, o óvulo fecundado normalmente vai ser implantado no útero.

Se você está se perguntando por que os espermatozoides não continuam nadando pelo reto, é porque eles funcionam por quimiotaxia. Isso significa que eles são capazes de detectar traços de substâncias químicas que o óvulo libera.

À medida que os espermatozoides nadam em direção ao óvulo, a quantidade de "quimioatraentes" que eles detectam aumenta, um indicador para que continuem viajando na direção certa.

A capacidade obstinada dos espermatozoides de nadar em direção ao óvulo talvez não seja melhor demonstrada do que em um dos estudos de casos mais bizarros já registrados na literatura médica.

Uma jovem que nasceu sem vagina foi ao médico reclamando de dores abdominais intermitentes que, em muitos aspectos, se assemelhavam a contrações.

Exames posteriores feitos pelos médicos revelaram que havia um feto dentro do útero dela — e que ela estava com dor porque estava em trabalho de parto.

O bebê foi retirado imediatamente por cesariana.

Como a jovem nasceu sem vagina, a relação sexual como método de concepção havia sido descartada. Porém, exatamente 278 dias antes, ela havia dado entrada no hospital com ferimentos de facadas no estômago. Os ferimentos eram resultado de uma briga de faca entre ela, seu ex ciumento e seu novo parceiro.

Revelou-se que, pouco antes da briga, ela havia feito sexo oral em seu novo parceiro.

Assim, quando ela foi submetida a uma cirurgia por conta dos ferimentos no estômago, os espermatozoides que ainda resistiam ao redor da cavidade abdominal potencialmente se infiltraram, o que permitiu a eles migrar até o óvulo e fecundá-lo.

A presença de espermatozoides na cavidade peritoneal (o espaço entre os órgãos abdominais e a parede corporal) não é algo inédito. Esta cavidade contém um fluido especial que ajuda os órgãos a se movimentarem quando o alimento passa.

E pesquisas mostram que esse fluido também pode ajudar na sobrevivência dos espermatozoides, permitindo que eles viajem por essa cavidade até o óvulo.

A "gravidez por respingo” é outra maneira pela qual uma mulher pode engravidar sem ter tido relações sexuais.

Como o próprio nome sugere, se o sêmen respingar na genitália externa, os espermatozoides podem entrar na vagina, e nadar até os ovários.

Este tipo de gravidez é altamente improvável, uma vez que os espermatozoides não sobrevivem por mais de meia hora fora do corpo. Embora os espermatozoides saudáveis nadem a uma velocidade de até 5 mm por minuto, eles só sobrevivem por um período limitado de tempo (até cinco dias na genitália interna feminina).

Das centenas de milhões de espermatozoides que são ejaculados na vagina durante a relação sexual, quando as condições são ideais, apenas de 200 a 300 chegam ao óvulo. Dá para entender por que a gravidez por respingo é tão rara.

Não é possível, no entanto, ocorrer uma gravidez por respingo de esperma na água do banho ou em banheiras de hidromassagem, já que a água dispersa o esperma e dilui o líquido seminal que normalmente protege os espermatozoides da acidez vaginal e do mundo exterior.

Produtos químicos presentes na água, como o cloro, também matam rapidamente os espermatozoides.

O corpo tem um mecanismo que impede a ocorrência de gestações subsequentes quando a mulher já está grávida.

Isso é verdade até mesmo no caso de mulheres que nascem com dois úteros, uma vez que esses mecanismos trabalham arduamente para evitar uma segunda gestação.

Os hormônios impedem a ovulação e produzem um tampão mucoso espesso que cobre o colo do útero para impedir que os espermatozoides sigam em direção ao ovário.

Mas um fenômeno, chamado superfetação, joga essas regras pela janela.

Este processo faz com que uma segunda gravidez aconteça enquanto a primeira já está em andamento.

É um fenômeno tão raro que os cientistas não entendem completamente como ele acontece. A maioria dos casos registrados ocorreu em mulheres que recorreram à fertilização in vitro.

As duas gestações costumam acontecer muito próximas uma da outra, normalmente com duas a quatro semanas de diferença. Isso significa que os bebês podem nascer ao mesmo tempo, como gêmeos.

Embora haja uma diferença de idade gestacional, a maioria destas gestações evolui normalmente sem complicações, além do que é observado de forma mais ampla.

É claro que estes exemplos são extremamente raros — então você provavelmente não precisa se preocupar tanto. Mas se não estiver planejando engravidar tão cedo, certifique-se de usar métodos contraceptivos.

*Adam Taylor é professor e diretor do Centro de Aprendizagem de Anatomia Clínica da Universidade de Lancaster, no Reino Unido.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).

Fonte: correiobraziliense

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