23 de Novembro de 2024

Os caças americanos que podem mudar os rumos da guerra na Ucrânia


A Ucrânia está colocando em operação a primeira leva de caças de combate F-16 fornecida países aliados. E espera receber 65 destas aeronaves ao longo deste ano e do próximo.

Há mais de dois anos, as autoridades ucranianas vinham pedindo que outros países enviassem o avião fabricado nos EUA.

Uma questão levantada por analistas é se a quantidade de caças F-16 que está sendo fornecida fará uma grande diferença na guerra da Ucrânia contra a Rússia.

A seguir, algumas perguntas e respostas sobre a entrada em combate dos aviões de fabricação americana:

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu pela primeira vez que países aliados enviassem caças F-16 — aeronaves de combate supersônicas —, logo após a invasão da Rússia em fevereiro de 2022.

Ele queria que os caças mantivessem os jatos de combate russos fora dos céus da Ucrânia, e conferissem às suas forças supremacia aérea.

Quatro nações europeias — Bélgica, Dinamarca, Holanda e Noruega — se ofereceram para doar alguns dos F-16s que haviam comprado dos EUA.

Mas o presidente americano, Joe Biden, estava receoso de que fornecer à Ucrânia aeronaves tão avançadas e potentes poderia representar uma afronta à Rússia, e só em agosto de 2023 ele deu permissão aos países europeus para reexportá-las.

Os quatro países estão enviando os F-16 à medida que substituem as aeronaves em suas forças aéreas pelo caça F-35, que é mais avançado.

A primeira remessa, que acredita-se ter sido de 10 aeronaves, foi entregue à Ucrânia no fim de julho deste ano.

As nações aliadas se comprometeram a enviar à Ucrânia cerca de 65 caças F-16 no total. A expectativa é de que mais alguns destes jatos sejam entregues até o fim deste ano, e o restante até o fim de 2025.

A demora para entregar os aviões à Ucrânia não foi causada pela escassez de caças F-16, mas pela falta de pilotos treinados, explica o professor Justin Bronk, do think-tank militar Royal United Services Institute, com sede em Londres.

"Leva de quatro a cinco meses para treinar um piloto para pilotar um F-16, e anos para aprender todas as técnicas necessárias para pilotá-los em combate", afirma.

"A Ucrânia esperava que os países ocidentais treinassem centenas dos seus pilotos de uma vez só, mas eles simplesmente não têm essa capacidade."

O F-16, lançado em 1978, foi projetado para disparar mísseis e interceptar aeronaves inimigas. Também é capaz de fornecer apoio para as forças terrestres, atacando linhas de combate inimigas.

No entanto, "a Ucrânia vai usar os F-16 principalmente para defesa", avalia Phillips O’Brien, professor de estudos estratégicos da Universidade St Andrews, na Escócia.

Os F-16 são equipados com mísseis ar-ar, que ele diz que podem ser usados ??para se defender contra ataques aéreos russos às forças ucranianas e alvos civis.

Eles funcionariam em paralelo aos sistemas de defesa aérea existentes na Ucrânia, como suas baterias de mísseis terra-ar.

"Os mísseis que os EUA estão fornecendo à Ucrânia para seus caças F-16 são relativamente modernos", afirma Bronk.

"Não são os mais avançados que o país tem, mas devem ser capazes de abater mísseis de cruzeiro e drones russos."

"Os cidadãos ucranianos vão agradecer os F-16 se eles forem capazes de impedir que mísseis russos danifiquem usinas de energia e outras instalações de aquecimento, para que possam se manter aquecidos no próximo inverno", observa O'Brien.

De acordo com Bronk, os caças F-16 também são equipados com mísseis ar-terra de longo alcance, que podem ser usados ??para atacar centros de comando do Exército russo e depósitos de suprimentos.

"Mas os caças F-16 provavelmente não vão ser usados ??para fornecer apoio às tropas ucranianas no campo de batalha. As defesas aéreas russas são fortes demais para que eles consigam chegar tão perto das linhas de frente de combate", diz ele.

Além disso, os armamentos dos caças F-16 podem ter dificuldade de derrubar bombas planadoras, que a Rússia está usando cada vez mais para atacar tropas e cidades ucranianas, adverte O’Brien.

O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), um think tank dos EUA, publicou um relatório dizendo que a Ucrânia precisa de muito mais do que os cerca de 65 caças F-16 que espera receber para que as aeronaves façam uma diferença significativa na guerra.

O documento afirma que os caças F-16 devem ser usados ??não só para se defender contra ataques aéreos russos, mas também para atacar as defesas aéreas russas na Ucrânia e para derrubar aeronaves russas, como helicópteros.

"A Ucrânia precisa de aproximadamente 12 frotas de combate para obter o apoio aéreo necessário para a guerra em solo", destaca o relatório do CSIS.

"Este objetivo exigiria 216 caças F-16, com 18 aeronaves em cada frota."

Mas, segundo Bronk, outros países só podem entregar os caças F-16 à Ucrânia após substituí-los e retirá-los de operação.

"Este é apenas o começo", afirma.

"Construir a frota de caças F-16 da Ucrânia será um projeto de longo prazo."

Fonte: correiobraziliense

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