Uma operação de resgate está em andamento na costa da Sicília, na Itália, depois que o superiate Bayesian, de bandeira britânica, afundou em decorrência do mau tempo na manhã de segunda-feira (19/8).
O cozinheiro do navio morreu no naufrágio — e seu corpo foi recuperado, segundo o departamento de Defesa Civil da Sicília.
Cerca de 15 pessoas foram resgatadas do mar, enquanto seis continuam desaparecidas.
Mergulhadores especializados do Corpo de Bombeiros italiano retomaram as buscas na manhã desta terça-feira (20/8).
Cinco das seis pessoas que estão desaparecidas foram identificadas.
Os seis desaparecidos incluem quatro cidadãos britânicos e dois americanos, de acordo com o jornal italiano La Repubblica.
Havia principalmente passageiros britânicos a bordo do iate, além de pessoas da Nova Zelândia, do Sri Lanka, da Irlanda e cidadãos franco-britânicos, conforme publicou o jornal italiano Il Giornale di Sicilia.
Várias pessoas que estavam a bordo da embarcação trabalharam no julgamento do empresário britânico Mike Lynch, que foi absolvido recentemente de fraude nos EUA.
Há relatos de que o passeio de iate era uma celebração da absolvição de Lynch.
Lynch, de 59 anos, é um empresário da área de tecnologia que já foi considerado por alguns como o "Bill Gates do Reino Unido".
Criado em Essex, na Inglaterra, ele estudou na Universidade de Cambridge, antes de cofundar a empresa de software Autonomy, em 1996.
Ele fez fortuna ao vender a companhia à gigante americana Hewlett-Packard, em 2011, por US$ 11 bilhões (cerca de R$ 59 bilhões).
Lynch se envolveu em uma batalha judicial que durou uma década após a transação. Em junho, ele foi absolvido na Justiça americana de uma série de acusações de fraude, pelas quais poderia pegar duas décadas de prisão.
Em agosto, ele disse à Radio 4, da BBC, que acreditava que só havia conseguido provar sua inocência perante o tribunal nos EUA porque era rico o suficiente para arcar com os altos honorários advocatícios envolvidos.
"Você não deveria precisar de fundos para se proteger como cidadão britânico", ele disse.
Lynch estava viajando com uma das filhas, Hannah, que também está desaparecida.
A jovem de 18 anos é supostamente a mais nova das duas filhas do empresário.
Ela havia acabado de fazer os exames nacionais (a versão britânica do Enem), conhecidos como A-levels, e conseguido uma vaga na Universidade de Oxford, de acordo com o jornal britânico The Times.
O advogado Chris Morvillo representou Lynch no julgamento nos EUA. Desde 2011, ele é sócio do escritório de advocacia Clifford Chance, em Nova York.
Sua biografia no site da empresa diz que ele foi procurador adjunto do distrito sul de Nova York de 1999 a 2005.
Durante seu mandato, ele atuou na investigação criminal relacionada aos ataques de 2001 ao World Trade Center.
Jonathan Bloomer é o presidente do banco Morgan Stanley International e da companhia de seguros Hiscox.
O britânico, de 70 anos, estudou na Universidade Imperial College London — e já fez parte de vários conselhos de administração de empresas.
Bloomer compareceu ao julgamento como testemunha de defesa de Lynch, de acordo com o jornal britânico Financial Times. Notícias publicadas na imprensa sugerem que os dois são amigos próximos.
Aki Hussain, CEO do grupo Hiscox, que Bloomer preside desde 2023, afirmou:
"Estamos profundamente chocados e tristes com este trágico acontecimento."
"Nossos pensamentos estão com todas as pessoas afetadas, em particular nosso presidente, Jonathan Bloomer, e sua esposa, Judy, que se encontram entre os desaparecidos."
Judy, mulher de Jonathan Bloomer, também está entre as seis pessoas desaparecidas.
Ela consta como ex-diretora da empresa de desenvolvimento imobiliário Change Real Estate ao lado do marido.
Foi chamada de "brilhante defensora da saúde da mulher" por uma instituição de caridade com a qual trabalhou de perto.
Judy Bloomer é membro do conselho e apoiadora da instituição beneficente para pesquisa do câncer ginecológico, Eve Appeal, há mais de 20 anos.
A CEO da instituição, Athena Lamnisos, disse que ficou "profundamente chocada ao ouvir a notícia de que nossa grande amiga e seu marido, Jonathan, estão entre os desaparecidos".
"Nossos pensamentos estão com a família de Judy e Jonathan, assim como com todos aqueles que ainda aguardam notícias após este trágico acontecimento", acrescentou ela, em comunicado.
Entre as 15 pessoas resgatadas, estão nove tripulantes do iate.
Isso significa que todos os membros da tripulação foram contabilizados — menos o chef de cozinha, que as autoridades locais afirmam ter morrido.
Oito dos 15 que foram resgatados foram levados ao hospital.
Uma britânica, identificada como Charlotte Golunski, estava a bordo do iate com o companheiro e a filha bebê. Todos os três foram resgatados.
Em uma entrevista, ela contou como conseguiu manter a filha acima da superfície do mar para salvá-la.
Golunski é sócia da empresa de Lynch, Invoke Capital, onde trabalha desde 2012, de acordo com seu perfil no LinkedIn.
O jornal The Times informou que ela trabalhou anteriormente para a Autonomy, a empresa que estava no centro do recente processo judicial contra Lynch.
Outra advogada, Ayla Ronald, também teria sido resgatada.
Cidadã da Nova Zelândia, ela trabalha para o escritório de advocacia Clifford Chance, do qual Morvillo é sócio, e fez parte da equipe jurídica de Lynch durante o julgamento.
O pai dela contou ao jornal britânico The Telegraph que ela foi "convidada a velejar em consequência do sucesso do recente julgamento nos Estados Unidos".
Segundo ele, ela havia enviado uma mensagem de texto para ele dizendo que ela e o companheiro estavam vivos, sem dar mais detalhes.
Angela Bacares, esposa de Lynch e mãe de Hannah, também está entre os que foram resgatados.
Na segunda-feira, Bacares estava usando uma cadeira de rodas após ter sofrido escoriações nos pés, de acordo com o jornal italiano La Repubblica.
Fonte: correiobraziliense
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