22 de Novembro de 2024

Novas técnicas aumentam chance de gravidez na fertilização in vitro


Inovações e descobertas têm transformado a reprodução assistida e aproximado mulheres que desejam ter filhos do sonho da maternidade. Novas pesquisas revelam medicamentos que prometem melhorar substancialmente as taxas de sucesso dos tratamentos de fertilidade. Outros estudos indicam o sucesso de abordagens como o transplante de útero, e avanços tecnológicos que evitam procedimentos invasivos na busca por uma gestação.

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Uma novidade que se revelou eficaz no tratamento da infertilidade foi a introdução de um medicamento oral não hormonal na rotina de mulheres que desejavam engravidar. O remédio experimental, chamado OXO-001, aumentou as taxas de implantação de embriões e nascimentos vivos em pacientes que passaram por fertilização in vitro (FIV) ou injeção intracitoplasmática de espermatozoides.

Apresentado na 40ª Reunião Anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, o medicamento atua diretamente no endométrio, o revestimento interno do útero, para melhorar a chance de implantação embrionária e as taxas de gravidez. O estudo OXOART2, realizado em 28 centros na Europa, revelou que o OXO-001 aumentou significativamente as taxas de gravidez e de nascimentos vivos em comparação com o placebo. Para os cientistas, essa alternativa renova a esperança de pacientes.

A médica Melissa Cavagnoli, membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), reforça que uma das fases determinantes do processo de fertilização in vitro é a implantação embrionária. "Então, qualquer droga que possa aumentar as taxas de implantação embrionária são bem-vindas. O OXO-001 é uma medicação relativamente fácil de usar porque é administrada via oral por um tempo relativamente curto. Essa droga é bastante promissora, se ela funcionar realmente em mais estudos, com um número maior de pacientes."

O transplante de útero também tem emergido de forma significativa na medicina reprodutiva. Desde o primeiro procedimento bem-sucedido, em 2011, a técnica tem permitido que mulheres com infertilidade absoluta devido à ausência ou anomalias uterinas engravidem.

Até maio de 2024, mais de 70 nascimentos vivos foram registrados no mundo, é o que aponta o Dallas Uterus Transplant Study (DUETS), o estudo mais abrangente na área, que avaliou a segurança e a eficácia do procedimento. De acordo com a publicação, as participantes, com infertilidade absoluta, passaram por fertilização in vitro (FIV) antes do transplante. O protocolo incluiu rigoroso monitoramento da rejeição do novo órgão e cuidados obstétricos especializados durante a gestação.

O Duets, que acompanhou 20 mulheres transplantadas, revelou que o procedimento foi bem-sucedido em 70% das receptoras e associado a pelo menos um nascimento vivo para cada uma delas. As participantes receberam imunossupressão até que o órgão fosse removido após um ou dois partos, ou quando o enxerto falhasse.

Liza Johannesson, autora correspondente do trabalho e diretora de transplante uterino no Centro Médico da Universidade Baylor, nos Estados Unidos, afirmou ao Correio que o maior desafio é não conseguir atender à demanda por transplante de útero. "Há muitas mulheres interessadas nesse procedimento. O transplante de útero mostra uma taxa de sucesso igual ou maior em comparação a outros tratamentos de infertilidade, como a fertilização in vitro. De grande importância é que as crianças nascidas após o transplante de útero são saudáveis e se desenvolvem normalmente."

Pedro Peregrino, especialista em Reprodução Assistida pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e diretor da Clínica Venvitre, em São Paulo, detalhou que, nos últimos anos, a experiência clínica com transplantes de útero no Brasil tem avançado de maneira significativa. "Especialmente com o aumento no número de casos bem-sucedidos e o aprimoramento das técnicas cirúrgicas e de acompanhamento pós-operatório."

Peregrino, que também é associado à Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) e à Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, pondera que o transplante de útero é uma inovação importante, mas que envolve riscos consideráveis, tanto para a receptora quanto para a doadora. "O sucesso do procedimento depende de uma combinação de fatores, como a saúde geral da paciente, qualidade do órgão e o acompanhamento pós-cirúrgico. Para muitas mulheres, engravidar supera os riscos, mas essa decisão deve ser tomada após uma avaliação cuidadosa. O acompanhamento deve ser multidisciplinar e contínuo."

Ainda em fase pré-clínica, um trabalho recente da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, revelou uma célula-tronco surpreendentemente versátil para a reprodução. A pesquisa feita com camundongos mostrou que essa estrutura, conhecida como endoderme primitivo ou hipoblasto, é capaz de gerar um embrião completo de forma independente.

O estudo, liderado pela doutoranda Madeleine Linneberg-Agerholm, mostrou que, embora essas células geralmente forneçam nutrição e suporte para o desenvolvimento embrionário, elas têm o potencial de criar um embrião por conta própria quando isoladas. Segundo a equipe, a descoberta pode ter grande impacto, porque a endoderme primitiva tem sido associado a uma alta taxa de sucesso na implantação do embrião, em estudos clínicos.

O professor Joshua Brickman, autor sênior do estudo, detalhou que essas células têm grande plasticidade e são capazes de gerar modelos embrionários conhecidos como blastoides, com alta eficiência. Esses organoides podem se tornar ferramentas cruciais para o desenvolvimento de novos medicamentos com potencial para melhorar os resultados da fertilização in vitro (FIV). Segundo o artigo, a capacidade de regeneração das estruturas promete ser uma chave para superar desafios enfrentados pelos embriões em condições laboratoriais adversas e durante a transferência para o útero.

 

Fonte: correiobraziliense

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