Angra dos Reis (RJ) — A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, onde estão as duas únicas usinas nucleares brasileiras, Angra 1 e 2, é um monumento à engenharia, mas também, um retrato da dificuldade de planejamento de longo prazo do Brasil. O domínio dessa tecnologia, perseguida desde o governo de Juscelino Kubitschek, quando o primeiro reator de pesquisas foi inaugurado, representa o ingresso do Brasil em um seleto grupo de nações.
O projeto de Angra começou a ser construído em 1973, ainda durante o governo militar, que tinha, implicitamente, o interesse de desenvolver a capacidade para a fabricação de armas. Com a redemocratização e a Constituição de 1988 proibindo expressamente a construção da bomba, afastar a má fama do uso bélico do urânio é um esforço constante do setor.
Angra 1 foi encomendada à empresa norte-americana Westinghouse e inaugurada comercialmente em 1985. Mesmo antes de pronta, com a ampliação das restrições americanas à proliferação nuclear, uma nova parceria, com a Alemanha, foi feita para a segunda usina, Angra 2. O projeto é da empresa Siemens (hoje comprada pela Framatome, subsidiária da estatal de eletricidade francesa EDF). Angra 2 foi concluída em 2001.