22 de Novembro de 2024

Bloqueio do X pode alimentar ato bolsonarista no 7 de setembro, diz consultoria


O bloqueio do X no Brasil após decisão do Supremo Tribunal Federal pode ajudar o ex-presidente Jair Bolsonaro a aumentar a participação no ato de 7 de setembro que ele está convocando contra o governo, segundo a consultoria Eurasia Group.

Em relatório, a empresa diz que o bloqueio do X no Brasil tem impacto limitado no panorama das redes sociais, já que a plataforma possui cerca de 22 milhões de usuários, contra mais de 100 milhões de YouTube, Instagram e Facebook.

No entanto, a Eurasia prevê que haverá repercussões políticas da decisão do ministro Alexandre de Moraes contra o X, empresa que pertence ao bilionário Elon Musk.

"Os conservadores brasileiros (assim como em outras partes do mundo) aplaudem Musk como alguém que não tem medo de enfrentar as autoridades para defender a liberdade de expressão e impedir a censura. Nesse contexto, a proibição ajudaria a reforçar a narrativa de que os tribunais estão exagerando e que uma mobilização do campo da direita seria necessária para impedir esse movimento", escreve o relatório.

"O potencial de mobilizar os conservadores seria particularmente benéfico para Bolsonaro. O ex-presidente teve algumas semanas difíceis depois que o prefeito Ricardo Nunes, o candidato que ele apoia na corrida para a prefeitura de São Paulo, perdeu terreno nas pesquisas para um outsider da direita radical [Pablo Marçal]."

"A principal preocupação de Bolsonaro no curto prazo são os tradicionais comícios de 7 de setembro, que ele usa para mobilizar apoiadores e mostrar sua influência política. Um possível fiasco nas manifestações deste ano pode sugerir que ele está perdendo a capacidade de liderar seus eleitores. O caso X pode ajudar a reduzir esse risco."

Antes da decisão do STF, Bolsonaro já vinha fazendo convocações nas redes sociais para atos de protesto em 7 de setembro. Bolsonaro disse que os atos são um recado "para o Brasil e para o mundo do que estamos sofrendo aqui". Ele diz que o objetivo é pedir anistia para "presos políticos" — em referência às pessoas que foram presas por depredação de Brasília nos atos de 8 de janeiro de 2023.

A consultoria alerta que forças progressistas também são afetadas pela decisão de Elon Musk de descumprir a ordem do STF, e o consequente bloqueio da plataforma no país.

Segundo a Eurasia, "os progressistas veem sua decisão de desafiar ordens da Suprema Corte como interferência estrangeira e um ataque à democracia e às instituições brasileiras. Lula e seus apoiadores provavelmente usarão o episódio para reacender os pedidos de regulamentação das redes sociais no Brasil".

A Eurasia considera pouco provável que o Congresso brasileiro aprove alguma legislação de regulamentação das redes sociais nos próximos meses. Mas acredita que o episódio pode ter influência em processos envolvendo redes sociais no STF.

E pode influenciar mais amplamente no debate político brasileiro atual.

"Esse cenário, em que ambos os lados do espectro político veem o outro lado como uma ameaça à democracia, é uma tendência em muitos países. Este será um contexto importante para as eleições dos EUA deste ano e para a disputa presidencial do Brasil em 2026."

A rede social X, o antigo Twitter, saiu do ar no Brasil após decisão tomada por Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira (30/08).

Na quarta-feira (28/8), Moraes havia intimado Elon Musk a indicar um representante legal no Brasil no prazo de 24 horas. No caso de descumprimento, a rede social seria suspensa no país.

Na decisão desta sexta, Moraes argumentou que Musk e sua rede social estariam incentivando, com sua postura, discursos extremistas e antidemocráticos. Além disso, estariam obstruindo a Justiça ao não seguir determinações judiciais como bloqueio de contas e ao deixar de apontar um representante legal no país.

O ministro do STF determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tomasse providências para o bloqueio da rede. O texto fixa ainda um prazo de até cinco dias para que todos os envolvidos na operação, incluindo empresas de telefonia e servidores, cumpram com o bloqueio da plataforma.

Logo após a decisão, Elon Musk reagiu em sua conta no X. Disse que “a liberdade de expressão é a base da democracia e um pseudo-juiz não eleito no Brasil está destruindo-a para fins políticos”.

Fonte: correiobraziliense

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