Em 2017, uma hashtag se propagou nas redes sociais de tal forma que traz impactos até hoje: #MeToo ("eu também").
Naquele ano, a atriz americana Alyssa Milano, que acusou o produtor de Hollywood Harvey Weinstein de assédio sexual, sugeriu no antigo Twitter (atualmente X) que todas as mulheres que tivessem sido sexualmente assediadas ou agredidas respondessem para ela na rede social com a hashtag #MeToo.
Pelo menos meio milhão de mulheres enviaram suas respostas nas primeiras 24 horas.
A hashtag, na verdade, havia sido cunhada anos antes. Em 2006, a ativista americana Tarana Burke lançou a ideia, também com o objetivo de denunciar o assédio sexual contra mulheres. A proposta foi impulsionada com a convocação feita por Milano.
As palavras Me Too apareceram novamente nesta quinta-feira (05/09), quando a organização Me Too Brasil confirmou, após relatos na imprensa, ter recebido denúncias de assédio sexual contra o então ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos.
Por conta das acusações, Almeida foi demitido do cargo pelo governo Lula nesta sexta (06).
Almeida nega as acusações e, por meio do ministério, classificou as denúncias como "mentiras" e "difamações".
"[...] Fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso. Isso comprova o caráter baixo e vil de setores sociais comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo brasileiro, independentemente de visões partidárias", afirmou Almeida, um dia antes de sua demissão.
O Me Too Brasil é "inspirado e influenciado pelo movimento #MeToo, fundado por Tarana J. Burke nos Estados Unidos", segundo a organização brasileira, que não tem fins lucrativos e foi fundada em 2020.
Ela tem parceria com as empresas Uber e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), além do apoio de outras companhias e organizações.
A entidade brasileira diz já ter atendido 339 vítimas e oferece apoio psicológico, jurídico, assistencial e orientação a elas, além de tomar medidas junto às autoridades.
Nos EUA, Tarana Burke fundou e é uma das diretoras da organização Me Too, que também oferece assistência a vítimas e cursos de capacitação para lidar com sobreviventes de assédios.
Burke é ativista há 25 anos e foi ela própria vítima de abusos sexuais na infância e na adolescência.
Em 2017, a campanha #MeToo se multiplicou entre as atrizes de Hollywood contra a cultura de assédio sexual no principal cenário do cinema mundial, tomou conta desses eventos e repercutiu em todos os cantos do planeta.
Tudo começou com um caso que veio à tona no jornal The New York Times acusando um dos maiores executivos de Hollywood, Harvey Weinstein, de ter assediado, abusado e até estuprado dezenas de atrizes.
Em 2020, Weinstein foi condenado a 23 anos de prisão pelo estupro e agressão sexual contra uma ex-assistente e uma atriz.
O tribunal de apelações de Nova York anulou a condenação em abril deste ano, considerando que Weinstein não teve um julgamento justo.
Ele ainda está detido na prisão de Rikers Island, na cidade de Nova York, enquanto aguarda um novo julgamento no final do ano.
Weinstein também foi condenado a 16 anos de prisão em um julgamento de estupro na Califórnia, do qual ele está recorrendo.
Mais de cem pessoas fizeram acusações de estupro e má conduta sobre Weinstein, em casos desde o final dos anos 1970.
Ele sempre defendeu sua inocência e argumenta ser vítima de uma "armadilha".
Desde a explosão da campanha Me Too em 2017, uma enxurrada de denúncias surgiu contra outros homens da alta classe do entretenimento, da mídia, da política e da tecnologia — não só dos EUA, mas também da China, França e Coreia do Sul, entre outros países.
Fonte: correiobraziliense
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