O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou ligeira queda de 0,02% em agosto. A queda no indicador que mede a inflação oficial do país foi provocada, principalmente, pela redução de 2,77% nos preços da energia elétrica residencial, que influenciou a variação negativa do grupamento chamado Habitação e pelo grupo de Alimentação e bebidas, que observou redução de 0,44%.
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa é a primeira taxa negativa do IPCA desde junho de 2023. Ao divulgar os números, o gerente da pesquisa, André Almeida, destacou a mudança de bandeira tarifária da energia como fator preponderante para o resultado de agosto. "A principal influência veio de energia elétrica residencial, com o retorno à bandeira tarifária verde em agosto, onde não há cobrança adicional nas contas de luz, após a mudança para a bandeira amarela em julho", pontuou.
No grupo de Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio (-0,73%) apresentou o segundo recuo consecutivo, após queda de 1,51% em julho. Foram observadas quedas nos preços da batata inglesa (-19,04%), do tomate (-16,89%) e da cebola (-16,85%). Segundo Almeida, "o principal fator que contribuiu para a queda nos preços foi uma maior oferta desses produtos no mercado por conta de um clima mais ameno no meio do ano, que favorece a produção desses alimentos, com maior ritmo de colheita e intensificação de safra".
Especialistas do Banco Daycoval, analisaram que, embora tenha havido uma queda menor do que o mês anterior em alimentação, a deflação dos preços administrados compensou. "Este grupo surpreendeu pelo lado baixista em função de variação menor em gasolina. Além disso, o mês de agosto marca o alívio na energia elétrica devido à bandeira tarifária no patamar verde. Contudo, já foi divulgado que em setembro a bandeira tarifária voltará a pressionar a energia elétrica no IPCA", disse em nota.
Segundo o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz, o IPCA veio praticamente estável. "Essa taxa sugere mais estabilidade do que queda, mas, foi uma deflação", afirmou. Segundo o especialista, os destaques foram dentro de alimentação, principalmente, dando um destaque especial para alimentos in natura, como batata inglesa, tomate e cebola. Já os combustíveis também subiram um pouco menos do que no mês passado, tanto é que o grupo transportes ficou com zero, ou seja, estabilidade nos preços. "Os combustíveis subiram 0,61%, mas a gasolina, que é mais importante, avançou menos que no mês passado, só 0,67%. E, então, todas as fontes de pressão do índice vieram de acordo com a expectativa", disse.
Cautela
Os especialistas alertaram, no entanto, que em setembro será diferente. "A passagem da eletricidade também caiu pela prática da bandeira verde em agosto e isso também ajudou a conter o avanço do índice. As grandes âncoras aqui foram os grupos alimentação e habitação. Exatamente os dois grupos que registraram queda, taxas negativas nesta edição de agosto. Agora, daqui para frente, muda um pouco, porque a alimentação deve acelerar mais e não deve apresentar queda tão intensa", observou Braz.
O grupo Transportes (0,00%) registrou estabilidade, em grande parte, por movimentos de preços em sentidos opostos em seus principais subitens. Em relação aos combustíveis (0,61%), gás veicular (4,10%), gasolina (0,67%) e óleo diesel (0,37%) apresentaram altas, enquanto o etanol recuou 0,18%. Além disso, as passagens aéreas registraram queda nos preços (-4,93%).
"A queda no preço das passagens aéreas em agosto pode ser explicada por um movimento contrário ao observado em julho, mês de férias escolares, quando as passagens aéreas são mais demandadas por conta de viagens que as famílias realizam", explica o gerente da pesquisa.
Perspectivas
Para o economista da PicPay, Igor Cadilhac, olhando à frente, a perspectiva para a indústria permanece relativamente positiva neste ano. "Entre os fatores que sustentam um viés otimista, destacam-se o aquecimento da demanda interna; a recuperação do setor manufatureiro, com o fim do ajuste de estoques; uma balança comercial robusta, com bom desempenho das exportações e aumento das importações; e políticas de estímulo à atividade econômica por parte do governo, como o Novo Plano Industrial", apontou, indicando, por outro lado, fatores de risco, como "a desaceleração da economia global; a perspectiva de um ciclo de juros altos por mais tempo e a piora nos preços ao produtor."
A PicPay projeta crescimento de 2,5% para a produção industrial em 2024.
Utilizamos cookies próprios e de terceiros para o correto funcionamento e visualização do site pelo utilizador, bem como para a recolha de estatísticas sobre a sua utilização.