21 de Setembro de 2024

Mossad: 6 megaoperações polêmicas da agência de inteligência de Israel


Em uma ação ousada, os pagers e outros aparelhos de comunicação usados pelos membros do Hezbollah foram transformados em dispositivos explosivos móveis.

Usados com a intenção de ser um meio seguro de burlar a vigilância avançada de Israel, eles detonaram nas mãos de seus usuários, matando dezenas de pessoas e ferindo outras milhares no Líbano.

O governo libanês acusou Israel dos ataques, classificando-os como uma "agressão criminosa israelense", enquanto o Hezbollah prometeu uma "retribuição justa".

Israel ainda não respondeu às alegações, mas alguns veículos de imprensa do país informaram que o gabinete de governo havia instruído os ministros a não fazerem declarações públicas sobre o evento.

Israel normalmente monitora de perto as atividades do Hezbollah, sugerindo que a operação pode fazer parte do conflito em curso entre os dois lados.

Se Israel for o responsável, esta será uma de suas operações mais surpreendentes e impactantes, reavivando memórias de missões passadas atribuídas ao país, e à sua agência nacional de inteligência, o Mossad, em particular.

O Mossad é responsável por uma série de operações bem-sucedidas. A seguir, estão algumas das mais notáveis.

O sequestro do nazista Adolf Eichmann na Argentina, em 1960, é um dos mais famosos feitos de inteligência do Mossad.

Eichmann, um dos principais arquitetos do Holocausto, foi responsável pela perseguição de judeus nos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, nos quais cerca de seis milhões de judeus foram assassinados pela Alemanha nazista.

Depois de escapar da captura se deslocando entre vários países, Eichmann acabou se estabelecendo na Argentina.

Uma equipe de 14 agentes do Mossad o localizou, raptou e levou para Israel, onde foi julgado e, por fim, executado.

A operação Entebbe, em Uganda, é considerada uma das missões militares mais bem-sucedidas de Israel.

O Mossad forneceu inteligência, enquanto os militares israelenses realizavam a operação.

As forças de comando israelenses resgataram com sucesso 100 reféns de um avião que viajava de Tel Aviv para Paris via Atenas. A aeronave transportava cerca de 250 passageiros, incluindo 103 israelenses.

Os sequestradores — dois membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina e dois cúmplices alemães — desviaram o voo para Entebbe, em Uganda.

A operação resultou na morte de três reféns, dos sequestradores, de vários soldados ugandenses e do soldado israelense Yonatan Netanyahu, irmão do atual primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu,

Em uma extraordinária operação de fachada no início da década de 1980, o Mossad — seguindo instruções do então primeiro-ministro, Menachem Begin — contrabandeou mais de 7 mil judeus etíopes para Israel via Sudão, usando um resort de mergulho falso como fachada.

O Sudão era um país inimigo da Liga Árabe. Por isso, operando clandestinamente, uma equipe de agentes do Mossad montou um resort na costa sudanesa do Mar Vermelho, que foi usado como base.

Durante o dia, eles se passavam por funcionários do resort e, à noite, contrabandeavam judeus, que haviam viajado secretamente da vizinha Etiópia, para fora do país por via aérea e marítima.

A operação durou pelo menos cinco anos e, quando foi descoberta, os agentes do Mossad já haviam escapado.

Em 1972, o grupo militante palestino Setembro Negro matou dois membros da delegação israelense nos Jogos Olímpicos de Munique — e capturou outros nove.

Os reféns foram mortos posteriormente em uma tentativa fracassada de resgate pela polícia da Alemanha Ocidental.

Depois disso, o Mossad atacou vários membros da Organização para a Libertação da Palestina, incluindo Mahmoud Hamshari.

Ele foi morto por um dispositivo explosivo colocado no telefone do seu apartamento em Paris.

Hamshari perdeu uma perna na explosão e acabou não resistindo aos ferimentos.

Em uma operação semelhante em 1996, Yahya Ayyash, um dos principais fabricantes de bombas do Hamas, foi assassinado depois que um celular Motorola Alpha foi recheado com 50 gramas de explosivos.

Ayyash, um proeminente líder da ala militar do Hamas, era conhecido por sua atuação na construção de bombas e na orquestração de ataques complexos contra alvos israelenses.

Isto fez dele o foco principal das agências de segurança israelenses, um dos homens mais procurados por Israel.

No fim de 2019, Israel suspendeu a censura sobre certos detalhes do assassinato, e o Canal 13 de televisão israelense exibiu uma gravação da última ligação telefônica entre Ayyash e o pai.

Os assassinatos de Hamshari e Ayyash destacam um longo e intrincado histórico de uso de tecnologia avançada para execuções direcionadas.

Em 2010, Mahmoud al-Mabhouh, um alto líder militar do Hamas, foi assassinado em um hotel em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Inicialmente, parecia uma morte natural, mas a polícia de Dubai conseguiu identificar a equipe de assassinos depois de analisar as imagens das câmeras de segurança.

A polícia revelou mais tarde que al-Mabhouh havia sido morto por um choque elétrico e, na sequência, estrangulado.

Suspeita-se que a operação tenha sido orquestrada pelo Mossad, o que gerou indignação diplomática nos Emirados Árabes Unidos.

Os diplomatas israelenses alegaram, no entanto, que não havia evidências que ligassem o Mossad ao ataque.

Mas não negaram envolvimento, o que está alinhado com a política de Israel de manter a "ambiguidade" em assuntos deste tipo.

Apesar de inúmeras operações bem-sucedidas, o Mossad também conta com fracassos bem conhecidos.

Uma das operações que levou a uma grande crise diplomática foi a tentativa de Israel, em 1997, de assassinar Khaled Meshaal, o chefe do gabinete político do Hamas, na Jordânia, usando veneno.

A missão falhou quando os agentes israelenses foram capturados, forçando Israel a fornecer o antídoto para salvar a vida de Meshaal.

O então chefe do Mossad, Danny Yatom, embarcou para a Jordânia para oferecer o tratamento a Meshaal.

Esta tentativa de assassinato prejudicou significativamente as relações entre a Jordânia e Israel.

Em 2003, Israel realizou um ataque aéreo contra a casa do líder do Hamas, Mahmoud al-Zahar, na Cidade de Gaza.

Embora al-Zahar tenha sobrevivido ao ataque, a operação resultou na morte da sua esposa e filho, Khaled, além de várias outras pessoas.

O bombardeio destruiu completamente sua residência, evidenciando as graves consequências de operações militares em áreas densamente povoadas.

Em 1954, as autoridades egípcias desmantelaram uma operação de espionagem israelense conhecida como Operação Susannah.

O plano frustrado era colocar bombas em instalações americanas e britânicas no Egito para pressionar o Reino Unido a manter suas forças posicionadas no Canal de Suez.

O incidente ficou conhecido como caso Lavon, nome que remete ao então ministro da Defesa de Israel, Pinhas Lavon.

Acredita-se que ele estava envolvido no planejamento da operação.

O Mossad, por sua vez, foi visto à época como responsável por falhas catastróficas de inteligência.

Em 6 de outubro de 1973, o Egito e a Síria lançaram um ataque-surpresa contra Israel para reconquistar a Península do Sinai e as Colinas de Golã.

O momento do ataque, realizado durante o Yom Kippur, o Dia da Expiação judaico, pegou Israel desprevenido no início da guerra.

O Egito e a Síria atacaram Israel em duas frentes.

As forças egípcias cruzaram o Canal de Suez, sofrendo apenas uma fração das baixas previstas, enquanto as forças sírias atacaram as posições israelenses e invadiram as Colinas de Golã.

A União Soviética forneceu suprimentos à Síria e ao Egito, e os EUA forneceram uma remessa de suprimentos de emergência a Israel.

Israel conseguiu repelir as forças militares, e a guerra terminou em 25 de outubro — quatro dias depois de uma resolução das Nações Unidas que pedia o fim dos combates.

Quase 50 anos depois, Israel foi novamente surpreendido por um ataque-surpresa, desta vez lançado pelo Hamas contra cidades perto da fronteira de Gaza, em 7 de outubro de 2023.

O fracasso do Mossad em prever o ataque é considerado um grande fiasco, refletindo a projeção, segundo analistas, de uma fraqueza na política de dissuasão de Israel em relação ao Hamas.

O ataque de 7 de outubro resultou na morte de aproximadamente 1,2 mil pessoas, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses. Cerca de outras 251 pessoas foram levadas para Gaza como reféns.

Em resposta ao ataque do Hamas, Israel iniciou uma guerra na Faixa de Gaza, que resultou até agora em mais de 40 mil mortes, a maioria de civis, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

* Reportagem adicional de Raffi Berg, da BBC News.

Fonte: correiobraziliense

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