22 de Novembro de 2024

Confronto entre Israel e Hezbollah deixa o Oriente Médio em alerta máximo


O temor de uma guerra total no Oriente Médio aumentou ontem, com novos bombardeios israelense no sul do Líbano, um dia depois dos ataques que mataram 37 pessoas, incluindo comandantes do Hezbollah, em um subúrbio da capital, Beirute. Segundo Daniel Hagari, porta-voz do Exército de Israel, a medida foi tomada após serem identificados preparativos de disparos por parte do movimento pró-iraniano.

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou uma nota afirmando estar “profundamente preocupada com a situação”, e pediu que “todas as partes reduzam a escalada imediatamente e mostrem o máximo de contenção”. Israel está em guerra contra o grupo armado Hamas, em Gaza, desde outubro do ano passado, quando as animosidades com Beirute também se intensificaram.

Ontem, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, cancelou sua participação na Assembleia Geral da ONU em Nova York por causa, segundo ele, dos “horríveis massacres israelenses” no Líbano. Pela tarde, o Exército israelense anunciou que lançou um “ataque em larga escala”, tendo como alvo “milhares de plataformas de lançamento de foguetes”.

Em Israel, as autoridades fecharam parte do espaço aéreo, por questão de segurança. A medida não afetou voos internacionais. A restrição de voos parte de Hadera, entre Tel Aviv d Haifa, até o extremo norte, onde o conflito com o Hezbollah está intenso. Praias do Mar da Galileia também foram interditadas.

O bombardeio de sexta-feira no sul da capital libanesa, que deixou uma enorme cratera, atingiu uma área densamente povoada. O número de mortos, 37, incluindo três crianças, pode aumentar, pois os destroços continuam sendo retirados do prédio destruído, segundo o Ministério da Saúde.

A operação israelense ocorreu após duas ondas de explosões de pagers e walkie-talkies usados por membros do Hezbollah, que entre terça e quarta-feira feriram quase 3 mil pessoas em redutos da milícia no Líbano, segundo autoridades. Uma fonte da agência France-Presse próxima ao grupo libanês afirmou que o ataque tinha como alvo a unidade Radwan, força de elite que realizava uma reunião em um porão. Os 16 integrantes foram mortos. Entre eles, os líderes Ibrahim Aqil e Ahmed Mahmoud Wahbi.

Habib C. Malik, professor de história aposentado da Universidade Libanesa Americana, em Beirute, disse ao Correio que Aqil tinha sido elevado a número dois do Hezbollah depois que o xeque Hassan Nasrallah substituiu Fuad Shukr, assassinado “Aqil teve sua cabeça a prêmio por US$ 7 milhões por ser, entre outras coisas, o principal terrorista da Embaixada dos Estados Unidos em Beirute em 1983, quando mais de 60 pessoas foram mortas”, conta.

Apesar de Daniel Hagari, porta-voz do Exército de Israel, ter afirmado que o país não pretende provocar “uma ampla escalada (bélica) na região”, Malik aposta em novas ofensivas. “Se acreditarmos no alto comando israelense, esse é apenas mais um de seus ataques crescentes contra o Hezbollah, que custará muito caro ao grupo, então mais parece estar a caminho”, afirma.

A situação coloca o Hezbollah em uma posição extremamente complicada, diz o professor. ”Se eles responderem massivamente (algo que precisa de uma luz verde iraniana, que não existe), Israel os atacará de volta com muita força e rapidez; e se eles não responderem, ou não escalarem como estão fazendo agora com os foguetes Katyusha disparados aqui e ali, parecerão fracos e dissuadidos.”

Pelo menos 21 pessoas, incluindo 13 crianças e seis mulheres, morreram em um bombardeio israelense contra uma escola que acolhia desabrigados na Cidade de Gaza. A ofensiva tinha como alvo integrantes do Hamas, informou o Exército de Israel. Membros do grupo que operavam em um centro de comando próximo ao prédio teriam entrado no colégio, deflagrando o ataque.

O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Basal, afirmou que havia uma gestante entre as vítimas. Outras 30 pessoas ficaram feridas no bombardeio à escola Al Zaytun. Em comunicado, o Exército afirmou que havia tomado “medidas para mitigar o risco de ferir civis”, em particular por meio do uso de armas de precisão. O Hamas condenou o ataque e o denunciou como “crime de guerra sob a cobertura dos Estados Unidos”, em referência ao apoio militar norte-americano a Israel.

Outras escolas na Faixa de Gaza foram bombardeadas nos últimos meses pelo Exército israelense, que acusa o Hamas de esconder combatentes em prédios escolares onde milhares de habitantes de Gaza se refugiaram, algo que o movimento palestino nega. A grande maioria dos 2,4 milhões de habitantes do território foi deslocada internamente desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.

A Arábia Saudita, que se mostrava aberta a uma aproximação com Israel, recuou e endureceu sua posição para tentar promover um cessar-fogo em Gaza e evitar uma guerra regional. O príncipe herdeiro e governante de fato, Mohamed bin Salman, afirmou que o país não estabelecerá relações diplomáticas com o governo israelense sem a prévia “criação de um Estado palestino”. Ele também condenou atos do Exército, que considerou criminosos. No ano passado, a monarquia islâmica negociava um acordo que incluía a normalização diplomática com Israel, mas suspendeu as negociações após a eclosão da guerra em Gaza. As declarações de Bin Salman surgem após os bombardeios ao Líbano, que aumentam o risco de um novo conflito bélico.

Fonte: correiobraziliense

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