28 de Setembro de 2024

Encarregado de Negócios da Embaixada do Líbano denuncia crimes de guerra


Em entrevista ao Correio, George El Jallad, encarregado de Negócios da Embaixada do Líbano em Brasília, admitiu que o ataque massivo a Beirute e o assassinato do xeque Hassan Nasrallah, na sexta-feira (27), aumentarão a complexidade do cenário no Oriente Médio. Ele advertiu sobre o risco real de uma escalada do conflito e acusou Israel de realizar ações que remontam ao terrorismo e a crimes de guerra no Líbano. Para El Jallad, uma eventual incursão terrestre das forças israelenses em território libanês poderá vir acompanhada de violações do direito humanitário internacional por parte de Israel. Ex-cônsul do Líbano na Argentina, ex-chefe para as Américas do Ministério de Assuntos Exteriores e Emigrantes (em Beirute), El Jallad também falou sobre a grave situação humanitária no sul do Líbano. 

Como o senhor vê o impacto da morte do xeque Hassan Nasrallah?

O ataque massivo a Beirute e a outras partes do Líbano, além do assassinato de Sheikh Hassan Nasrallah, irão definitivamente aumentar a complexidade da situação. As autoridades libanesas ainda não são capazes de sabe ao certo o número de civis mortos nesse bombardeio. Por esse motivo, mais pressão diplomática precisa ser imposta para que cesse o banho de sangue imposto por Israel no Líbano.

Existe a possibilidade de uma invasão terrestre ao Líbano?

Não posso ignorar a possibilidade de uma incursão terrestre israelense no Líbano, especialmente vinda de uma entidade que ataca civis e comete crimes de guerra e contra a humanidade, a fim de atingir objetivos políticos. Se tal plano for posto a cabo, pode escalonar a situação à margem de uma guerra regional. Uma vez que qualquer invasão por terra não seria uma tarefa fácil para as forças israelenses, em vista do que aconteceu em 2006, podemos esperar mais violações do direito humanitário internacional por parte de Israel nesse cenário. Isso complicará ainda mais o conflito atual e criará problemas para possíveis soluções que possam resolvê-lo de forma diplomática.

Na sua opinião, há o risco real de uma escalada no Oriente Médio?

Infelizmente, a continuidade da agressão israelense vai escalar o conflito no Oriente Médio. Nós vimos isso em Gaza. Se as partes tivessem acordado por um cessar-fogo em Gaza, o conflito não teria escalado até atingir o Líbano e a Cisjordânia. E quanto ao definir o que está ocorrendo no Líbano, listo a seguir algumas das coisas que estão acontecendo nos últimos dias (além da morte de Nasrallah): Israel detonou aparelhos de telecomunicação que estavam em locais públicos, matando e ferindo milhares de pessoas em segundos; Israel tem utilizado bombas de fósforo em civis e em infraestruturas civis, uso que é proibido internacionalmente; Israel matou mais de 550 indivíduos em um dia, atacando estruturas civis; Israel vem continuamente atacando todas as áreas no Líbano, sem distinguir alvos militares de civis, matando milhares de civis incluindo mulheres e crianças. Matar milhares de pessoas em locais públicos remonta ao terrorismo, e atacar milhares de civis sem respeitar os princípios da distinção e da proporcionalidade é considerado um crime de guerra, e uma grave violação do direito humanitário internacional.

Qual é a situação humanitária no sul do Líbano?

Desde o início das  ofensas de Israel, o número de mártires subiu para 1.540, além dos 5.410 feridos — isso deve seguir aumentando, com a continuação dos ataques de Israel. O Brasil perdeu um garoto de 15 anos e uma jovem de 16 que, com seus pais, foram atingidos por ataques na semana passada. A ONU também perdeu alguns de seus funcionários durante os ataques israelenses. O número de pessoas deslocadas internamente registradas em abrigos atingiu 77.100. O setor de saúde foi levado ao seu limite como resultado do grande número de mortos, e o governo do Líbano pediu ajuda internacional por suprimentos médicos e remédios. Agradecemos a iniciativa da Fundação Unidos pelo Líbano, que busca fundos para comprar os medicamentos e insumos requisitados pelo governo. Mais informações sobre essa iniciativa podem ser encontradas nas redes sociais da Embaixada.

Fonte: correiobraziliense

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