As forças de Defesa de Israel (IDF) iniciaram nesta segunda-feira (30) no final da tarde, horário de Brasília, madrugada no Oriente Médio, uma ofensiva por terra no Líbano, o que o governo do premiê Benjamin Netanyahu considera a "nova fase" da guerra contra o Hezbollah, em meio a pesados bombardeios que duram pelo menos duas semanas. A incursão ocorre dois dias após a confirmação da morte do líder do grupo extremista, Hassan Nasrallah, atingido por um ataque contra a base do grupo terrorista nos subúrbios de Beirute. O porta-voz principal do IDF, Daniel Hagari, pediu à mídia para "ater-se aos relatórios oficiais e não espalhar rumores irresponsáveis". A Al-Jazeera e a MTV Líbano informaram que tanques israelenses entraram em aldeias no sul do país. Em meio à fuga dos moradores, ao menos duas explosões foram ouvidas.
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"Estão perto de interesses e instalações pertencentes ao grupo terrorista Hezbollah e, portanto, (o Exército) agirá com força contra eles. Para sua segurança e a de suas famílias, devem sair imediatamente dos edifícios e se afastar a uma distância de pelo menos 500 metros", declarou o porta-voz do IDF.
Horas antes, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que "não há lugar no Oriente Médio que Israel não possa alcançar". A afirmação ocorreu em meio à ofensiva das Forças de Defesa israelenses, sobretudo a capital Beirute, onde Israel usou os túneis que atravessam a cidade, construídos pelo Hezbollah, como passagens. "O regime iraniano mergulha a região na escuridão e na guerra", afirmou ele, referindo-se ao apoio iraniano ao Hezbollah e à "necessidade" de eliminar líderes do grupo terrorista, como Hassan Nasrallah, e do Hamas, reforçando que Israel está preparado para agir. O Jerusalem Post informa sobre o planejamento do gabinete de segurança é para intensificar os ataques por terra.
A afirmação de Netanyahu vem à tona após o governo do Irã informar que não pretende enviar combatentes ao Líbano ou a Gaza. O presidente Massud Pezeshkian, havia visitado o escritório do Hezbollah em Teerã para prestar homenagem a Nasrallah, que foi morto por Israel na semana passada. Após a investida da IDF por meio dos túneis construídos pelo Hezbollah, o vice-líder do grupo extremista, Naim Qassim, declarou que eles estão preparados para enfrentar qualquer invasão terrestre.
Israel executa "atualmente" operações terrestres "limitadas" contra o Hezbollah no sul do Líbano, perto da fronteira, informou o Departamento de Estado americano ontem. "Fomos informados que atualmente executam o que dizem que são operações limitadas contra infraestruturas do Hezbollah perto da fronteira", disse a jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
O exército israelense declarou várias partes de sua fronteira norte com o Líbano "zona militar fechada", com vistas a eventuais operações terrestres no país vizinho. "As áreas de Metula, Misgav Am e Kfar Giladi, no norte de Israel, foram declaradas zonas militares fechadas. Entrar nessas áreas é proibido", informou em um comunicado.
O Hezbollah anunciou, por sua vez, ter atacado tropas israelenses na fronteira com o Líbano.
O exército libanês ordenou um reposicionamento de suas tropas no sul, declarou à AFP um militar do Líbano. Os bombardeios israelenses causaram, até o último levantamento, a morte de cerca de mil libaneses, forçando 1 milhão a abandonar suas casas. "A batalha pode ser longa. Venceremos como vencemos em 2006", disse Qassim, referindo-se ao conflito anterior entre Israel e Hezbollah. O primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, declarou que seu governo está pronto para implementar uma resolução da ONU visando a desmilitarização do Hezbollah ao sul do rio Litani.
Para Rodrigo Amaral, professor e analista de política internacional relações internacionais da PUC de São Paulo a possibilidade de que algo efetivo vai barrar as ações israelenses é quase utópica. "Vivemos quase um ano de guerra, quase unilateral por parte de Israel, sem que qualquer mobilização tenha sido feita. Falamos de uma guerra israelense que já vitimou mais de 42 mil civis em Gaza e os números de mortos indiretos ultrapassam 200 mil", afirmou. "Isso porque é respaldado pelos Estados Unidos, o maior fornecedor de armas e suprimentos de guerra."
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou que a organização se opõe a qualquer tipo de invasão terrestre no Líbano. Na Síria, o ministro das Relações Exteriores, Bassam Sabbagh, alertou sobre os riscos de escalada na região e criticou o apoio dos Estados Unidos a Israel. Ele pediu que a comunidade internacional trabalhe para acabar com a "agressão israelense".
Berlim anunciou o envio de um avião militar para retirar cidadãos alemães em situação de vulnerabilidade. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse ser contrário ao movimento de Israel e pediu um cessar-fogo. O Pentágono, por sua vez, aumentou a prontidão de tropas. Um navio da Marinha francesa partiu ontem para se posicionar em frente ao Líbano por "precaução", caso ocorra a evacuação de cidadãos franceses.
Para Gabriel Petter, professor e analista político, o Irã evita confronto direto com Israel para sua preservação. "Os iranianos evitam conflito direto com Israel porque isso pode colocar em risco o atual regime e o conhecido programa nuclear iraniano. O envolvimento direto pode arrastar outras potências para o conflito."
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