22 de Novembro de 2024

Israel não 'vai durar muito', avisa aiatolá Ali Khamenei


O rifle, posicionado à sua esquerda, carregava uma mensagem a Israel. Diante de milhares de fiéis muçulmanos reunidos para as orações sagradas de sexta-feira, na Grande Mesquita de Teerã, o aiatolá Ali Khamenei — o líder supremo do Irã — escolheu fazer o raro discurso no idioma árabe. Uma forma de fazer com que suas palavras chegassem, principalmente, aos libaneses e aos palestinos. No primeiro sermão em cinco anos, Khamenei defendeu o ataque com 200 mísseis lançado por Teerã contra Israel, em 1º de outubro, e elogiou o massacre cometido pelo grupo terrorista no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, quando 1,2 mil pessoas foram assassinadas.

Ele descreveu o bombardeio iraniano como uma "punição mínima para os crimes sionistas", além de classificar a ação militar como "correta, lógica e legal". "Se precisarmos fazer aquilo novamente, nós o faremos", avisou. De acordo com Khamenei, o ataque do Hamas foi "um ato internacional lógico e legítimo, e os palestinos tinham razão". A autoridade máxima iraniana chamou Israel de "regime malicioso" e avisou: "Não vai durar muito". 

Também nesta sexta-feira (4/10), os Estados Unidos atacaram 15 alvos controlados pelos rebeldes separatistas huthis em quatro províncias do Iêmen. Os huthis têm utilizado foguetes e drones para atingir alvos no Mar Vermelho e no território israelense. No norte de Israel, dois soldados judeus foram mortos e 24 ficaram feridos durante a explosão de um drone lançado pela milícia pró-Irã Resistência Islâmica no Iraque. O alvo foi uma base militar situada no norte das Colinas do Golã, uma área ocupada por Israel. "Dois drones carregados com explosivos foram lançados do Iraque, um foi derrubado pelo sistema de defesa aérea e o segundo atingiu a base militar", informou a rádio pública israelense Kan.

Hezbollah

O líder supremo iraniano afirmou que os aliados do regime teocrático islâmico — o Hamas e o movimento xiita  Hezbollah — não capitularão ante os ataques israelenses. "A resistência na região não retrocederá diante desses martírios e vencerá", declarou, em alusão aos assassinatos do xeque Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, morto em 27 de setembro em um bombardeio israelense perto de Beirute, e de Ismail Haniyeh, chefe do Hamas, em um ataque atribuído a Israel em 31 de julho em Teerã. Ele declarou que, tanto o Hamas, quanto o Hezbollah, fornecem "serviços vitais para toda a região e para o mundo islâmico inteiro". 

A última vez em que o aiatolá liderou as orações de sexta-feira foi em janeiro de 2020, depois que o Irã disparou mísseis contra uma base dos EUA no Iraque, em retaliação ao ataque que matou o general Qassem Soleimani, comandante da Guarda Revolucionária. 

Enquanto Khamenei proferia o incomum sermão, os governos israelense e norte-americano mantinham discussões sobre a retaliação ao bombardeio iraniano da última terça-feira. Um dia depois de declarar apoio a um ataque às instalações de petróleo do Irã, o presidente dos EUA, Joe Biden, recuou e disse que Israel deveria considerar "alternativas" a esses alvos. "Se eu estivesse no lugar deles (israelenses), estaria pensando em outras alternativas além de atacar campos de petróleo", comentou. "A coisa mais importante que podemos fazer é tentar mobilizar o resto do mundo e nossos aliados (para um cessar-fogo). Mas quando há grupos (pró-iranianos) tão irracionais como o Hezbollah e os huthis (do Iêmen) é difícil", acrescentou.

Visita a Beirute

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, desembarcou em Beirute e afirmou que Teerã "apoia os esforços" destinados a alcançar um cessar-fogo simultâneo com Israel no Líbano e na Faixa de Gaza. "Apoiamos os esforços para um cessar-fogo, na condição de que, em primeiro lugar, os direitos do povo libanês sejam respeitados e que seja aceito pela resistência", disse Abbas Araqchi em coletiva de imprensa, referindo-se ao movimento Hezbollah. Desde 23 de setembro, quando começaram os bombardeios ao Líbano, pelo menos 2 mil pessoas morreram. Com uma média de 181 mortos por dia, a campanha aérea de Israel é a mais intensa, fora da Faixa de Gaza, em décadas. 

O ministro da Informação do Líbano, Ziad Makary, fez um alerta durante cúpula de países francófonos, em Villers-Cotterêts (França): "Tememos que o Líbano seja uma nova Faixa de Gaza". "Acreditamos que ainda haja um pouco de esperança do lado diplomático, porque o Líbano é bombardeado a cada dia, a cada noite, durante 24 horas." 

Fonte: correiobraziliense

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