O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou, ontem, os resultados da ofensiva contra a organização política Hezbollah no Líbano, afirmando que as Forças de Defesa de Israel (IDF) conseguiram destruir "grande parte" do arsenal de mísseis do grupo islamista. "Mudamos o curso da guerra", declarou, em uma coletiva televisionada, ressaltando que o ataque das IDF impactou profundamente a capacidade operacional do Hezbollah. Segundo Netanyahu, Israel tem o dever e o direito de se defender e responderá a esses ataques: "E é o que faremos."
De acordo com Issam Menem, doutor em estudos estratégicos internacionais e pesquisador do Núcleo de Pesquisa sobre as Relações Internacionais do Mundo Árabe, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além dos bombardeios nos subúrbios de Beirute, capital libanesa, destacam-se os confrontos terrestres diretos que vêm se intensificando ao longo da fronteira, especialmente nas cidades fronteiriças libanesas de Yaroun e Maroun al-Ras. "Dezenas de baixas e centenas de feridos já foram registrados por ambos os lados, que atingem, em sua maioria, a população civil", lamenta.
"Não existe evidência alguma de que Israel conseguiu destruir grande parte do arsenal do Hezbollah. O grupo continua disparando seus foguetes, chegando a atingir pontos da grande Tel-Aviv”"
Issam Menem, pesquisador do Núcleo de Pesquisa sobre as Relações Internacionais do Mundo Árabe
Conforme a Agence France-Presse, uma fonte do Hezbollah afirmou que, desde os bombardeios israelenses na periferia ao sul de Beirute, na sexta-feira, "perdeu-se" contato com o alto comandante do movimento islamista, Hashem Safieddine, apontado como possível sucessor do falecido líder Hassan Nasrallah. "Não sabemos se ele estava no local atacado ou quem poderia estar com ele", relatou. Uma segunda fonte anônima do movimento confirmou não haver comunicação com Safieddine e que seu paradeiro é desconhecido.
A situação no Líbano continua se deteriorando, com o movimento palestino Hamas também sofrendo perdas. O grupo anunciou a morte de dois de seus membros em bombardeios israelenses no norte e leste do Líbano: Mohammad Hussein al Lawis e Said Attala Ali, identificado como um importante comandante. O Exército israelense confirmou as mortes, justificando que ambos os indivíduos estavam envolvidos em atividades terroristas e na coordenação de investidas contra Israel.
Enquanto as hostilidades se intensificam, o presidente de Israel, Isaac Herzog, enfatizou a ameaça constante que o Irã representa para o país, mencionando que a nação ainda enfrenta as consequências do ataque do Hamas no ano passado. Ele classificou o Irã e seus aliados como "cegos pelo ódio" e comprometidos com a destruição do Estado israelense.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, assegurou, ontem, que Teerã responderá com "mais força" se Israel lançar um ataque de retaliação pelo bombardeio iraniano com mísseis. "Nossa reação a qualquer ataque do regime sionista [Israel] é clara", declarou Araghchi em visita a Damasco, capital da Síria, onde se reuniu com o presidente Bashar al-Assad, um aliado do Irã. Ainda ontem, o país emitiu um aviso aos aviadores para o fechamento de todo o espaço aéreo ocidental para operações militares em horários específicos, todos os dias, até 9 de outubro.
No cenário internacional, o chefe do Comando Central dos Estados Unidos, general Michael Kurilla, chegou a Israel para reuniões com autoridades militares, refletindo a crescente preocupação com a situação no Oriente Médio. O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu um cessar-fogo e o fim do envio de armas a Israel, defendendo uma solução pacífica para o impasse. Netanyahu não gostou da postura adotada por Macron e respondeu, em comunicado: "Enquanto Israel luta contra as forças da barbárie lideradas pelo Irã, todos os países civilizados deveriam apoiar firmemente Israel. Contudo, o presidente Macron e outros dirigentes ocidentais, agora, estão pedindo embargos de armas contra Israel. Deveriam estar envergonhados".
As manifestações por um cessar-fogo também se intensificaram, neste sábado, em várias partes do mundo. Levando cartazes e bandeiras palestinas e libanesas, manifestantes na Inglaterra percorreram o centro da capital britânica para exigir o fim da guerra, que já matou quase 42 mil pessoas em Gaza. Na Espanha, a manifestação reuniu cerca de 5 mil pessoas, com cartazes que pediam "boicote a Israel" e humanidade. Já na capital venezuelana, Caracas, centenas de simpatizantes do governo de Nicolás Maduro e membros da comunidade árabe protestaram em frente à sede da ONU, aos gritos em apoio ao Irã.
Em Paris, centenas de pessoas marcharam para demonstrar "solidariedade a palestinos e libaneses", e na cidade suíça da Basileia, milhares pediram sanções econômicas contra Israel e o fim da cooperação da Suíça ao nível científico. Na África do Sul, muitos habitantes tremularam bandeiras palestinas e entoaram palavras de ordem, como "Israel é um Estado racista".
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), Daniel Hagari, enfatizou que as forças estão em alerta máximo devido à marca de 1 ano do ataque do Hamas a Israel, completado amanhã. Para Issam Menem, doutor em estudos estratégicos internacionais e pesquisador do Núcleo de Pesquisa sobre as Relações Internacionais do Mundo Árabe, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), essas manifestações massivas foram desde o início muito importantes para chamar a atenção da opinião pública e para constranger líderes políticos. "Entretanto, na prática, não tem produzido grandes resultados no campo político."
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