A Trilha da Coruja Dourada é uma caça ao tesouro.
Mas não trata-se de uma busca qualquer: ela começou em 1993 com a publicação de um livro com 11 enigmas praticamente indecifráveis.
O objetivo de encontrar o tesouro chegou a um fim somente nesta semana, mais de três décadas depois, quando alguém finalmente conseguiu desenterrar, na França, uma réplica em bronze de uma pequena coruja.
"Uma solução potencialmente vencedora [do enigma] está sendo verificada", informou uma mensagem publicada no site oficial do jogo às 6h11 de quinta-feira (3/10).
Uma segunda mensagem, publicada horas depois, orientou: "Parem de cavar. Confirmamos que a réplica da coruja dourada foi desenterrada durante a noite de ontem e que simultaneamente foi apresentada uma solução."
As mensagens — que chocaram as dezenas de milhares de pessoas que participaram do jogo — foram publicadas por Michel Becker, o artista que ilustrou o livro original Sur la Trace de la Chouette d'Or ("Na Trilha da Coruja Dourada", em tradução livre) e esculpiu a pequena estatueta que foi reencontrada essa semana, 31 anos depois de ser enterrada.
Encontrar a coruja dourada não foi uma tarefa fácil.
Quem participou do jogo teve que resolver 11 enigmas complicados. Um deles era: "Não há pior cego do que aquele que não quer ver 1 = 530, 3 = 470..."
"Abertura. Minha primeira, primeira metade da metade da primeira idade, precede a segunda e a terceira, buscando o seu caminho...", dizia outro.
As respostas das charadas levariam a algum lugar da França onde a estatueta seria finalmente encontrada.
Os quebra-cabeças são detalhados num livro escrito pelo criador do jogo, Max Valentin (pseudônimo de Régis Hauser), que faleceu em 2009 e deixou Becker no comando da brincadeira.
Pelas regras do jogo, quem encontrasse a réplica seria recompensado com a coruja original, feita de ouro, prata e pedras preciosas— cujo valor hoje, segundo um documentário do Canal+, gira em torno de US$ 165 mil (R$ 900 mil na cotação atual).
O vencedor também deveria provar que descobriu o tesouro após resolver todas as charadas, e não por outros meios.
"Não pensei que viveria para ver este dia", comemora um dos comentários feitos por um participante do fórum oficial do jogo, após saber da novidade.
"Estranhamente, sinto-me aliviado. Agora estou desesperado para saber as soluções e ver se estava no caminho certo", escreveu outro usuário.
No entanto, alguns dos participantes do fórum online ainda estavam céticos e sugeriram que o tesouro poderia ter sido encontrado com o auxílio de um detector de metais.
Após a morte de Valentin, a busca ficou atolada em uma série de disputas legais por vários anos — e nem todos os participantes aceitaram prontamente que Becker herdasse o papel central no jogo.
A princípio, o próprio Becker não sabia a localização da estatueta enterrada, pois essa informação estava em um envelope lacrado em poder da família de Valentin.
Mas, resolvidas as dificuldades jurídicas, Becker leu a solução e viajou até o local, para verificar se a coruja ainda estava lá.
Nos últimos anos, o artista divulgou mais pistas, o que despertou o interesse de uma nova geração de chouetteurs, como são carinhosamente conhecidos os participantes do jogo.
Até o momento não foi revelado quem descobriu a réplica, nem onde ela estava enterrada esse tempo todo.
Fonte: correiobraziliense
Utilizamos cookies próprios e de terceiros para o correto funcionamento e visualização do site pelo utilizador, bem como para a recolha de estatísticas sobre a sua utilização.