12 de Novembro de 2024

Furacão Milton deixa rastro de destruição e mortes na Flórida


Pelo menos 13 mortos, árvores arrancadas, enchentes, prejuízos estimados em US$ 50 bilhões, cerca de 3,2 milhões de pessoas sem energia elétrica e uma série de tornados mortais. Apesar de ter perdido força pouco antes de tocar o solo da Flórida, na noite de quarta-feira (9/10), como uma tempestade de categoria 3 (na escala Saffir-Simpson, que vai até 5), o furacão Milton deixou transtornos e um rastro de destruição. Em uma das imagens mais simbólicas, grande parte do teto do Tropicana Field, estádio onde a equipe de beisebol MLB Tampa Bay Rays sedia suas partidas, foi arrancada pela força da ventania. O secretário de Segurança Interna dos Estados Unidos, Alejandro Mayorkas, atribuiu as 13 mortes aos tornados — seis no condado de St. Lucie, dois em St. Petersburg, quatro no condado de Volusia e uma no condado de Citrus.  Até a noite desta quinta-feira (10/10), 340 pessoas e 49 animais de estimação tinham sido resgatados. 

O presidente Joe Biden acredita ser cedo para avaliar os completos danos causados pelo furacão Milton, mas admitiu que as medidas tomadas para salvar vidas "fizeram a diferença". "Ainda existem condições muito perigosas na Flórida. As pessoas deveriam esperar que seus líderes as autorizem, antes de saírem de casa", acrescentou. Na manhã desta quinta-feira, Milton retornou ao Atlântico, depois de causar enchentes na costa leste da península e no coração da Flórida, como Orlando, onde os parques temáticos da Disney World permaneceram fechados por precaução. 

Imagem de vídeo mostra tornado em Palm Beach: em algumas áreas, casas foram arruinadas
Imagem de vídeo mostra tornado em Palm Beach: em algumas áreas, casas foram arruinadas (foto: X/Reprodução)

Horas antes da chegada do furacão, Biden o definiu como "a tempestade do século". Os piores prognósticos não se confirmaram. "A submersão marinha não foi tão significativa quanto foi durante o furacão Helene, há algumas semanas", disse o governador da Flórida, Ron DeSantis. Uma perda de intensidade e uma mudança de rota fizeram com que Milton não produzisse inundações tão significativas.  

"Estamos sem energia elétrica e tentamos economizar a bateria. Há partes da cidade bloqueadas pela polícia por causa das árvores, que foram arrancadas e tombaram nas ruas. Além disso, algumas áreas estão inundadas", contou ao Correio Bella Pozo, moradora de Tampa e funcionária de um parque de diversões. "Muitas linhas de eletricidade caíram. Por isso, as autoridades avisaram as pessoas para ficarem dentro de casa, até que as ruas estejam limpas e seguras." Ela disse que conseguiu dormir depois das 2h (hora local). "Os ventos uivavam tão alto! Guardamos água e comida em caixas térmicas cheias de gelo. Então, creio que ficaremos bem por alguns dias."

Moradores são resgatados do segundo andar de prédio em complexo residencial de Clearwater
Moradores são resgatados do segundo andar de prédio na região de Clearwater (foto: Bryan R. Smith/AFP)
 

Steve MacLaughlin, meteorologista e repórter sobre mudanças climáticas da NBC6, emissora do sul da Flórida, admitiu à reportagem que, apesar de ter avançado pelo Golfo do México como um furacão de categoria 5, Milton não se firmou como uma "tempestade histórica" para a região de Tampa Bay. "Os danos causados pelo vento e a chuva serão lembrados, principalmente ao redor da área em que ele tocou o solo. Além disso, merecem destaque os tornados provocados pelo furacão."

De acordo com MacLaughlin, Milton não foi tão diferente dos furacões com os quais a população da Flórida precisou se acostumar nos últimos anos. "O sistema se intensificou rapidamente, algo que não ocorria com frequência no passado. O perigo representado pelo Milton é que ele incluiu quatro fenômenos climáticos cortando a parte mais populosa de um estado densamente povoado: tempestade, ventos, chuva e o que acabou sendo a maior sequência de tornados da história da Flórida", acrescentou o meteorologista. 

Steve MacLaughlin, meteorologista e repórter sobre mudaças climáticas da NBC6, emissora do sul da Flórida
Steve MacLaughlin, meteorologista e repórter sobre mudaças climáticas da NBC6, emissora do sul da Flórida (foto: Arquivo pessoal )

"Há oito conexões entre as mudanças climáticas e os furacões: um aumento do nível do mar significa enchentes piores. As tempestades estão mais fortes, mais úmidas e mais lentas. Estamos vendo mais tempestades a cada temporada, ou pelo menos sistemas que se mantêm ativos por mais tempo. Também têm ocorrido tempestades fora da temporada de furacões en lugares nunca antes vistos. O mais importante é a rápida intensificação. Um fenômeno letal, pois não se pode preparar adequadamente a população ou realizar retiradas, porque costuma ser tarde demais."

Steve MacLaughlin, meteorologista e repórter sobre mudaças climáticas da NBC6, emissora do sul da Flórida

Peter Dodge, cientista de radar da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional
Peter Dodge, cientista de radar da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (foto: NOAA)

Peter Dodge era tão apaixonado por furacões e pelo seu trabalho que 20 colegas decidiram inovar, ao escolher um local para o último descanso do cientista norte-americano, morto em março de 2023, aos 72 anos, 44 deles dedicados a serviços ao governo. Na noite de terça-feira, a bordo de um voo científico, a 480km a sudoeste da Flórida, eles lançaram um tubo cilíndrico com as cinzas de Dodge sobre o olho do furação Milton. Antes, learam o poema Paz, meu coração, do bengali Rabindranath Tagore. "Paz, meu coração, que o tempo para a despedida seja doce. Que não seja uma morte, mas completude. Que o amor se derreta em memória e a dor em canções. Que o voo pelo céu termine no dobrar das asas sobre o ninho", diz o poema.  

Fonte: correiobraziliense

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