Pelo menos 13 mortos, árvores arrancadas, enchentes, prejuízos estimados em US$ 50 bilhões, cerca de 3,2 milhões de pessoas sem energia elétrica e uma série de tornados mortais. Apesar de ter perdido força pouco antes de tocar o solo da Flórida, na noite de quarta-feira (9/10), como uma tempestade de categoria 3 (na escala Saffir-Simpson, que vai até 5), o furacão Milton deixou transtornos e um rastro de destruição. Em uma das imagens mais simbólicas, grande parte do teto do Tropicana Field, estádio onde a equipe de beisebol MLB Tampa Bay Rays sedia suas partidas, foi arrancada pela força da ventania. O secretário de Segurança Interna dos Estados Unidos, Alejandro Mayorkas, atribuiu as 13 mortes aos tornados — seis no condado de St. Lucie, dois em St. Petersburg, quatro no condado de Volusia e uma no condado de Citrus. Até a noite desta quinta-feira (10/10), 340 pessoas e 49 animais de estimação tinham sido resgatados.
O presidente Joe Biden acredita ser cedo para avaliar os completos danos causados pelo furacão Milton, mas admitiu que as medidas tomadas para salvar vidas "fizeram a diferença". "Ainda existem condições muito perigosas na Flórida. As pessoas deveriam esperar que seus líderes as autorizem, antes de saírem de casa", acrescentou. Na manhã desta quinta-feira, Milton retornou ao Atlântico, depois de causar enchentes na costa leste da península e no coração da Flórida, como Orlando, onde os parques temáticos da Disney World permaneceram fechados por precaução.
Horas antes da chegada do furacão, Biden o definiu como "a tempestade do século". Os piores prognósticos não se confirmaram. "A submersão marinha não foi tão significativa quanto foi durante o furacão Helene, há algumas semanas", disse o governador da Flórida, Ron DeSantis. Uma perda de intensidade e uma mudança de rota fizeram com que Milton não produzisse inundações tão significativas.
"Estamos sem energia elétrica e tentamos economizar a bateria. Há partes da cidade bloqueadas pela polícia por causa das árvores, que foram arrancadas e tombaram nas ruas. Além disso, algumas áreas estão inundadas", contou ao Correio Bella Pozo, moradora de Tampa e funcionária de um parque de diversões. "Muitas linhas de eletricidade caíram. Por isso, as autoridades avisaram as pessoas para ficarem dentro de casa, até que as ruas estejam limpas e seguras." Ela disse que conseguiu dormir depois das 2h (hora local). "Os ventos uivavam tão alto! Guardamos água e comida em caixas térmicas cheias de gelo. Então, creio que ficaremos bem por alguns dias."
Steve MacLaughlin, meteorologista e repórter sobre mudanças climáticas da NBC6, emissora do sul da Flórida, admitiu à reportagem que, apesar de ter avançado pelo Golfo do México como um furacão de categoria 5, Milton não se firmou como uma "tempestade histórica" para a região de Tampa Bay. "Os danos causados pelo vento e a chuva serão lembrados, principalmente ao redor da área em que ele tocou o solo. Além disso, merecem destaque os tornados provocados pelo furacão."
De acordo com MacLaughlin, Milton não foi tão diferente dos furacões com os quais a população da Flórida precisou se acostumar nos últimos anos. "O sistema se intensificou rapidamente, algo que não ocorria com frequência no passado. O perigo representado pelo Milton é que ele incluiu quatro fenômenos climáticos cortando a parte mais populosa de um estado densamente povoado: tempestade, ventos, chuva e o que acabou sendo a maior sequência de tornados da história da Flórida", acrescentou o meteorologista.
"Há oito conexões entre as mudanças climáticas e os furacões: um aumento do nível do mar significa enchentes piores. As tempestades estão mais fortes, mais úmidas e mais lentas. Estamos vendo mais tempestades a cada temporada, ou pelo menos sistemas que se mantêm ativos por mais tempo. Também têm ocorrido tempestades fora da temporada de furacões en lugares nunca antes vistos. O mais importante é a rápida intensificação. Um fenômeno letal, pois não se pode preparar adequadamente a população ou realizar retiradas, porque costuma ser tarde demais."
Steve MacLaughlin, meteorologista e repórter sobre mudaças climáticas da NBC6, emissora do sul da Flórida
Peter Dodge era tão apaixonado por furacões e pelo seu trabalho que 20 colegas decidiram inovar, ao escolher um local para o último descanso do cientista norte-americano, morto em março de 2023, aos 72 anos, 44 deles dedicados a serviços ao governo. Na noite de terça-feira, a bordo de um voo científico, a 480km a sudoeste da Flórida, eles lançaram um tubo cilíndrico com as cinzas de Dodge sobre o olho do furação Milton. Antes, learam o poema Paz, meu coração, do bengali Rabindranath Tagore. "Paz, meu coração, que o tempo para a despedida seja doce. Que não seja uma morte, mas completude. Que o amor se derreta em memória e a dor em canções. Que o voo pelo céu termine no dobrar das asas sobre o ninho", diz o poema.
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