22 de Novembro de 2024

O que se sabe sobre o ataque aos agentes das forças de paz da ONU no Líbano


As Forças de Defesa Israelenses (IDF, na sigla em inglês) afirmaram que dois agentes da missão de paz da ONU foram "acidentalmente feridos durante combate do IDF contra o Hezbollah" no Líbano.

A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil, na sigla em inglês) informou que sua sede em Naqoura, cidade no sul do país, foi afetada nesta sexta-feira (11/10) por duas explosões em menos de 48 horas.

Os EUA pediram que Israel garanta a segurança dos capacetes azuis, como são conhecidos os funcionários da missão de paz, após os ataques.

As IDF confirmaram que dispararam contra a base da ONU em Naqoura após ordenarem que funcionários do local permanecessem “locais protegidos”. O exército israelense diz que apura rigorosamente os fatos.

Além dos dois agentes de paz feridos, dois soldados indonésios se feriram na quinta-feira (10/10) ao cair de uma torre de observação depois que um tanque israelense disparou em direção a ela, informou a missão de paz.

O Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, condenou o ataque e afirmou que ele era “intolerável e não pode se repetir”.

O porta-voz do exército israelense, o tenente-coronel Nadav Shoshani, afirmou que as forças de seu país estão operando no sul do Líbano como parte de um “conflito em andamento com o Hezbollah, cujos terroristas e infraestrutura estão em estreita proximidade com as posições da Unifil, representando um risco significativo para a segurança dos capacetes azuis”.

As forças israelenses lançaram uma invasão terrestre no sul do Líbano no mês passado, enquanto intensificavam sua resposta ao fogo de foguetes do grupo armado libanês Hezbollah.

Hezbollah e Israel têm trocado fogo quase diariamente desde 8 outubro de 2023, no dia seguinte ao ataque do Hamas ao sul de Israel. O grupo xiita apoiado pelo Irã afirma que está agindo em solidariedade aos palestinos.

Nas últimas três semanas, Israel intensificou sua campanha contra o Hezbollah e aumentou os bombardeios aéreos no sul do Líbano e em partes do sul de Beirute. Os ataques culminaram no assassinato o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e em uma invasão terrestre.

O porta-voz do exército israelense disse que o IDF toma “todas as precauções” para minimizar danos a civis e aos agentes da missão de paz.

A missão de paz da ONU no Líbano informou ainda que uma escavadeira militar israelense “atingiu o perímetro” de uma sede da ONU, próxima à “Linha Azul” — a fronteira reconhecida pela ONU entre o Líbano e Israel — no vilarejo de Labbouneh, no sudoeste do Líbano.

A Unifil afirma que “tanques das IDF se moveram nas proximidades da posição da ONU”. Os capacetes azuis permaneceram no local e uma força de reação rápida da Unifil foi enviada para ajudar e reforçar a posição, acrescentou.

“Um capacete azul ferido foi levado a um hospital em Tiro, enquanto o segundo está sendo tratado em Naqoura”, disse nota da Unifil, que disse que incidentes representaram um "desenvolvimento sério".

O porta-voz da Unifil, Andrea Tenenti, disse à BBC que o incidente foi "muito preocupante", pois, embora já tenha havido trocas de fogo na região, "desta vez parece mais um ataque deliberado contra nossas tropas".

"Estamos tentando pedir às autoridades israelenses alguma explicação sobre o que aconteceu", afirmou.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, ligou para o ministro da Defesa de Israel, instando-o a garantir “a segurança das forças da Unifil” no Líbano, em referência à missão de paz da ONU.

Austin afirmou que conversou com Yoav Gallant para discutir as operações de Israel no Líbano.

Ele acrescentou que reafirmou o apoio dos EUA ao “direito de Israel de se defender” e o compromisso americano com um “acordo diplomático que permita o retorno seguro de civis libaneses e israelenses para suas casas em ambos os lados da fronteira”.

Austin também enfatizou a necessidade de um “caminho diplomático o mais rápido possível”.

O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, disse que o ataque desta sexta-feira foi "um crime dirigido à comunidade internacional".

Já o governo do Reino Unido disse estar "chocado" com os relatos de ataques às posições da ONU. "É vital que os pacificadores e os civis sejam protegidos", disse um porta-voz disse a repórteres nesta sexta.

Israel argumenta que a Unifil falhou em estabilizar a região e pediu que os pacificadores se retirassem para o norte, para que o país pudesse confrontar o Hezbollah.

O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, reiterou o apelo de sua nação para que o pessoal da Unifil se retire 5 km ao norte para "evitar o perigo" - mas o chefe da paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, disse que eles permaneceriam em posição de acordo com seu mandato da ONU.

Danon afirmou que Israel está "cumprindo nossa obrigação" a uma resolução da ONU de 2004 que pede a desmobilização de grupos militantes libaneses e não libaneses.

Ele também pediu para que as forças armadas do Líbano sejam enviadas para o sul para "fazer o trabalho".

Cerca de 10 mil agentes de paz de 50 países atuam no Líbano, juntamente com cerca de 800 funcionários civis.

As Missões de Paz da Organização da ONU são forças multinacionais que atuam em regiões afetadas por conflitos armados. Desde a criação da primeira missão em 1948, essas operações são implementadas em diferentes contextos, com a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Capacetes azuis” é o nome pelo qual são conhecidas as tropas multinacionais que servem nas Forças de Paz da ONU, já que os agentes usam bonés e capacetes na cor da bandeira da ONU.

As equipes são responsáveis por monitorar e verificar o cumprimento de acordos de paz, como cessar-fogos e supervisão de retirada de tropas, além de fornecer assistência humanitária.

As equipes são responsáveis por monitorar e verificar o cumprimento de acordos de paz, como cessar-fogos ou supervisão de retirada de tropas, além de fornecer assistência humanitária.

Desde a implementação da primeira missão na Palestina (UNTSO), a ONU já estabeleceu mais de 70 operações de paz em várias partes do mundo.

No Líbano, eles patrulham a área entre o rio Litani e a fronteira reconhecida pela ONU entre o Líbano e Israel — conhecida como a “Linha Azul” — desde 1978.

Fonte: correiobraziliense

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