22 de Novembro de 2024

Marcado o Dia D para definição do horário de verão


Roma* e Brasília — O horário de verão poderá voltar depois de quase seis anos de interrupção. Após várias especulações e estudos sobre o assunto, o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, contou, ontem, que suspendeu as férias para, finalmente, bater o martelo sobre o tema na próxima terça-feira. A declaração foi feita por ele no último painel do II Fórum Internacional Esfera, em Roma.

De acordo com o ministro, o fim do horário de verão, em 2019, pode ter sido um dos causadores do quase colapso energético em 2021 no Brasil. "O que os números demonstram é que podem ter sido um dos motivos da beira do colapso energético em 2021, que custou muito caro para o brasileiro", disse. Silveira informou que os principais pontos a serem avaliados serão o impacto econômico para o consumidor e a segurança energética do país. "Só usaremos se for imprescindível para assegurar energia e diminuir custos e que não impactem mais negativamente e façam economia para o consumidor. Se houver risco energético, não resta outro recurso, que não o horário de verão", garantiu.

Na avaliação do titular do MME, o horário de verão tem uma transversalidade em todas as políticas e há setores que são extremamente afetados com a mudança. "Não se pode abrir mão da previsibilidade. Quando esse horário tem maior importância é entre 15 de outubro e 30 de novembro. E vai diminuindo a curva da importância dele", disse ele, referindo-se sobre maximizar os resultados da medida e os setores mais afetados terem tempo de se programar, como é o caso do setor aéreo.

Impacto econômico

A especialista em finanças e CEO da Double Check Consultoria, Daniela Pederneiras, disse ao Correio que a volta do horário de verão terá alguns impactos econômicos. "Pode ter impactos positivos em alguns setores como o Turismo, lazer e comércio, porque aumenta a movimentação em bares, restaurantes e shoppings. As pessoas tendem a ficar mais na rua e aproveitar mais o lazer à luz natural, esticando o dia", explicou.

Entretanto, Pederneiras também ressaltou que a medida pode afetar negativamente o setor industrial. "Em alguns setores podem gerar custos em termos de produtividades, como o setor industrial onde a mudança de horário pode gerar desajustes nos turnos de trabalho e afetar a produtividade", afirmou.

De acordo com a especialista, a expectativa para a adoção do horário de verão é da redução de "2,9% da demanda máxima de energia elétrica, e em uma economia próxima de R$ 400 milhões para a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) apenas entre os meses de outubro e fevereiro". E sobre baratear a conta de luz, Daniela disse que, devido a mudança de perfil de consumo do brasileiro, o horário de verão afeta muito pouco o valor final do custo da energia elétrica. "Podemos dizer que, alguns anos atrás, o horário de verão contribuiu muito para reduzir o consumo de energia elétrica. Contudo, com o passar dos anos e com a mudança do perfil de consumo (como eletrônicos), esse impacto diminuiu consideravelmente. Muitos acreditam que o horário de verão, atualmente, tem pouquíssimo efeito direto na redução das contas de luz dos consumidores", informou.

O horário de verão é a ação de adiantar o relógio em uma hora durante a primavera e o verão a fim de economizar energia elétrica. Como são os meses com maior tempo de luz solar, ao adiantar o horário, a população aproveita todo o potencial de luminosidade durante o dia e gasta menos energia com luzes artificiais, por exemplo. Os inventores do horário de verão foram o construtor inglês William Willett e o entomologista e astrônomo neozelandês, George Vernon Hudson.

No Brasil, o horário de verão foi adotado pela primeira vez em 1º de outubro de 1931, determinado pelo Decreto 20.466 de 1931 e era a Presidência da República que determinava o tempo e abrangência da medida no território nacional. A prática durou até 2007 e, de 2008 a 2017, com o decreto n° 6.558/2008, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, funcionava no terceiro domingo de outubro até o terceiro domingo de fevereiro. Em 2018, houve uma alteração para o início em novembro. E, em abril de 2019, o presidente Jair Bolsonaro decretou o fim do horário de verão no país.

*A jornalista viajou a convite da Esfera

 

Fonte: correiobraziliense

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