O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstrou estar preocupado com o avanço de discursos conservadores e, segundo ele, “anticientífico e antidemocrático”. O chefe da pasta disse que “esse discurso está ganhando força”, após partidos de centro e direita terem avançado nas eleições municipais de 2024.
“O mundo está muito mais conservador e muito mais distópico do que a gente imagina. Hoje tem espaço para todo tipo de retórica. Aquilo que parecia improvável 10, 20 anos atrás, improvável do ponto de vista retórico, hoje existe lugar de fala, como se diz no jargão usual, para qualquer um”, disse o ministro em evento promovido pelo banco Itaú BBA, nesta segunda-feira (14/10).
Haddad, que já atuou como professor de ciências políticas na Universidade de São Paulo, relembrou a origem acadêmica para criticar discursos antivacina e que negam as mudanças climáticas.
“Você vê que mesmo gente que come com garfo e faca fala contra a vacina, fala contra mudança climática. É uma situação que a mim, que venho de uma universidade, me preocupa. Isso não vai nos levar para um bom lugar”, acrescentou.
O chefe da Fazenda ainda comentou sobre os vencedores do Prêmio Nobel de Economia — o turco Daron Acemoglu, o britânico Simon Johnson e o norte-americano James A. Robinson —, que fizeram um estudo sobre a prosperidade das nações. Segundo Haddad, o Brasil deve estar cada vez mais pautado pela ciência e pelas evidências empíricas.
“Eu sou muito institucionalista da maneira de ver a economia. Penso que desenhar boas instituições é o segredo para que o desempenho econômico seja mais satisfatório. Penso que o foco nosso tem que ser nisso. E, obviamente, que a ciência tem que fazer parte desse projeto”, comentou.
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