Israel anunciou nesta quinta-feira (17) que "eliminou" o líder do Hamas, Yahya Sinwar, em uma operação na Faixa de Gaza, em um "duro golpe" contra o movimento islamita palestino, que marca "o começo do fim" da guerra, segundo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
"Yahya Sinwar foi morto em Rafah pelos bravos soldados das Forças de Defesa de Israel", declarou Netanyahu em um vídeo divulgado por seu gabinete, acrescentando que, "embora não seja o fim da guerra na Faixa de Gaza, é o começo do fim”.
O chanceler Israel Katz apontou Sinwar como “responsável pelo massacre e pelas atrocidades de 7 de outubro de 2023”, referindo-se à incursão de comandos islamitas em Israel que gerou o conflito atual na Faixa de Gaza. O Hamas não confirmou a morte do seu líder.
Durante a noite, a polícia informou que o corpo de Sinwar havia chegado a um necrotério de Tel Aviv para "exames complementares".
"Hoje o mal sofreu um duro golpe", mas a guerra em Gaza "ainda não terminou", afirmou Netanyahu, que prometeu que os sequestradores dos reféns mantidos em Gaza há mais de um ano salvarão suas vidas se os liberarem.
Com 61 anos e chefe desde 2017 do movimento islamista palestino em Gaza, foi nomeado chefe político do Hamas no início de agosto, após a morte de Ismail Haniyeh, assassinado em 31 de julho, em Teerã, em um atentado atribuído a Israel.
A questão da libertação dos reféns em poder do Hamas ganhou destaque dentro e fora de Israel após a morte de Sinwar.
Netanyahu e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, consideraram que a eliminação do líder do Hamas oferece "uma oportunidade para promover a libertação dos reféns" e concordaram em "cooperar para alcançar esse objetivo", indicou o gabinete do premiê israelense em um comunicado.
Israel "não vai parar" até capturar todos os autores do ataque de 7 de outubro e conseguir o retorno de "todos os reféns", afirmou o chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi.
O Fórum das Famílias, principal associação de familiares de reféns israelenses, declarou que a morte de Sinwar ajudará a "garantir" o retorno dos sequestrados em poder do movimento islamista.
Na incursão de 7 de outubro, os milicianos islamitas mataram 1.206 pessoas em território israelense, a maioria civis, e capturaram 251 reféns, segundo um levantamento com base em dados oficiais israelenses. Atualmente, 97 reféns permanecem em Gaza, embora o exército israelense considere que 34 deles estejam mortos.
A ofensiva israelense lançada em resposta contra Gaza deixou até o momento 42.438 palestinos mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Além das duras condições humanitárias e da devastação do território, a guerra impactou drasticamente a economia. Quase toda a população de Gaza "vive na pobreza", alertou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em um relatório.
O anúncio da morte de Sinwar ocorre semanas depois de Israel ter assassinado o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio no Líbano, onde o exército israelense lançou, em 23 de setembro, uma ofensiva aérea, que foi reforçada por operações terrestres uma semana depois.
Nos últimos meses, outros comandantes do Hezbollah, uma grupo apoiado pelo Irã, foram assassinados.
Israel afirmou há meses que matou Mohammed Deif, o chefe militar do Hamas, embora o movimento islamista palestino não tenha confirmado a informação. Deif foi acusado de planejar com Sinwar o ataque de 7 de outubro de 2023.
A morte de Sinwar ocorre em um contexto explosivo no Oriente Médio, onde Israel tem várias frentes abertas. A intensificação dos combates com o Hezbollah, aliado do Hamas, somou-se ao conflito na Faixa de Gaza.
O Hezbollah anunciou na noite de hoje que "entra em uma nova etapa, uma fase de escalada do confronto com o inimigo israelense", e que usa pela primeira vez mísseis guiados de precisão.
O Exército israelense bombardeou nesta quinta-feira a cidade libanesa costeira de Tiro, conforme imagens da AFPTV, após Israel ter emitido um chamado para que a área fosse evacuada.
Israel indicou que perdeu cinco soldados em "combates" no Líbano, somando um total de 19 baixas desde o início da ofensiva.
Israel também bombardeou a cidade síria de Latakia, em um ataque que, segundo afirmou, buscava destruir uma instalação do Hezbollah.
Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, realizaram vários ataques com bombardeiros B-2 contra instalações subterrâneas no Iêmen, controladas pelos rebeldes huthis para armazenar armamento.
O chefe da Guarda Revolucionária do Irã, Hosein Salami, advertiu que seu país responderá com um ataque "doloroso" em caso de retaliação israelense pelos mísseis lançados em 1º de outubro por Teerã.
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